O Papel da Virgem Maria

Maria e a Igreja Católica
Na Igreja Católica, Maria, a mãe de Jesus, é talvez mais reverenciada que todos os cristãos primitivos. No lar onde cresci, minhas irmãs e eu tínhamos uma bela e grande estátua de Maria num pedestal especial, em nosso quarto de dormir. Ela estava vestida com um vestido branco simples e um manto azul, e estava de pé sobre uma base que tinha estrelas em cima. Um dos seus pés estava esmagando a cabeça de uma serpente. Era uma prática muito comum em minha família ajoelhar diante da estátua e fazer nossas preces.
   
Uma das preces que eu dizia mais freqüentemente era a Ave Maria:
   

Ave Maria, cheia de graça!
o Senhor seja convosco;
bendita sois vós entre as mulheres
e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus,
Rogai por nós, todos os pecadores,
agora e na hora de nossa morte.
Amém.


Eu aprendi a Ave Maria ainda quando criança muito nova. É a primeira reza que me lembro de conhecer. Em cada refeição, minha família junta recitava a bênção, seguida pela Ave Maria. Eu era ensinada que era um privilégio especial para as meninas e as mulheres rezarem a Maria, porque, como mulher, ela podia entender e relacionar-se completamente com nossos problemas.
   
Maria desempenhava um papel muito significativo em minha vida de católica. Eu freqüentei a Escola Primária Santa Maria durante oito anos e, desde o nascimento até os sete anos, eu era um membro dessa paróquia. Maria tinha um lugar especial nessa paróquia, mas quando minha família começou a freqüentar a missa em outra paróquia, chamada Cristo, o Divino Mestre, eu percebi que ainda era dada especial atenção a Maria. Na missa, cantávamos cânticos a Maria, como Maria Imaculada, Ave Santa Rainha Entronizada no Alto, e Ave Maria. Rezávamos o rosário a Maria. Durante o mês de Maio coroávamos uma Rainha de Maio, em honra de Maria. Nos casamentos católicos, é costume comum a noiva dedicar tempo durante a cerimônia para colocar flores aos pés da estátua de Maria e ajoelhar-se diante dela em prece, enquanto é cantada a Ave Maria. Maria até tem Dias Santos de Obrigação devotados a ela. Nesses dias é exigido que os católicos assistam a Missa para reconhecer acontecimentos significativos.
   
Quando eu era criança, as freiras e padres me ensinaram muitas coisas notáveis sobre Maria, a primeira das quais foi a Imaculada Conceição. A Igreja Católica ensina que desde antes do mundo começar, Deus sabia que Maria seria a mãe de seu Filho. Uma vez que ela teria de ser a mãe de Jesus, que é Deus, em vista da salvação que Jesus realizaria como o Cristo, Deus honrou Maria desde o momento de sua existência enchendo-a de graça. Ela era o único ser meramente humano que nasceu livre de todo pecado, original e atual. Eu aprendi que Jesus foi concebido milagrosamente e que Maria ainda era virgem quando ele nasceu. Ensinaram-me também que Maria permaneceu virgem a vida inteira. Uma outra realização significativa que me ensinaram é que Maria viveu uma vida sem pecado. Eu também aprendi que, tendo sido preservada livre de pecado até a morte, não era próprio seu corpo sofrer corrupção, portanto, na sua morte, ela foi alçada ao céu, de corpo e alma. Este privilégio é chamado a Assunção.

Maria também é reconhecida por diversas aparições a indivíduos na terra, depois de sua morte. Algumas das mais conhecidas aparições que a Igreja Católica sanciona são:
   
Nossa Senhora de Guadalupe, em 12 de dezembro de 1531, a João Diego, um índio, no morro Tepeyac, perto da Cidade do México.
   
Nossa Senhora da Medalha Milagrosa, três vezes em 1830, a Catarina Labouré, em Paris, França.
   
Nossa Senhora de Lourdes, em 1858, a Bernadette Soubirous, próximo a Lourdes, no sul da França.
   
Nossa Senhora de Fátima, três vezes em 1917, a três crianças em Fátima, Portugal.
   
Estes locais, por todo o mundo, agora são santuários onde milhões de católicos fazem peregrinação para receber bênçãos especiais de Maria.

Maria, a mãe de Jesus, mantém um lugar de honra significativo na Igreja Católica e é reverenciada por católicos em todo o mundo.
   
Maria e a Bíblia
Maria, a mãe de Jesus, aparece várias vezes nas Escrituras. Segue uma lista de ocasiões quando Maria é mencionada:
   
Ela é alistada na genealogia de Jesus (Mateus 1:16).
   
É visitada pelo anjo Gabriel, que anuncia que ela conceberá pelo Espírito Santo e dará à luz um filho (Lucas 1:26-28).
   
Visita sua parenta, Isabel, que está grávida de João Batista (Lucas 1:39-56).
   
José descobre que ela está grávida e decide divorciar-se em segredo até que Deus fala-lhe em sonho e o convence a se casar com ela (Mateus 1:18-25).
   
Ela permanece virgem até que Jesus nasce (Mateus 1:25).
   
Dá à luz a Jesus (Lucas 2:1-20).
   
Ela e José apresentam Jesus no templo (Lucas 2:21-38).
   
Ela está presente quando os Magos visitam Jesus (Mateus 2:11).
   
É mencionada no sonho que José teve, instruindo-o a levar o menino e sua mãe para o Egito, para escapar de Herodes (Mateus 2:13).
   
É mencionada no sonho de José, instruindo-o a levar o menino e sua mãe de volta para Israel (Mateus 2:20).
   
Ela se estabelece com a família em Nazaré, onde Jesus cresce (Lucas 2:39-40).
   
Viaja para Jerusalém, para a Páscoa, onde o menino Jesus separa-se dos seus pais e é encontrado ensinando no templo (Lucas 2:41-50).
   
A família retorna a Nazaré depois da Páscoa e Jesus continua a amadurecer (Lucas 2:41-50).
   
Ela e Jesus assistem a uma boda em Caná e, quando Maria pede a Jesus para fazer alguma coisa quando o vinho se acaba, ele realiza seu primeiro milagre registrado na Bíblia (João 2:3-5).
   
Ela sai de Caná com Jesus e seus irmãos e todos passam uns poucos dias em Cafarnaum (João 2:12).
   
Enquanto Jesus está pregando, Maria e seus filhos estão preocupados com ele, e vêm falar com ele. Neste ponto, Jesus diz aos seus ouvintes que sua mãe e seus irmãos são aqueles que obedecem a Palavra de seu Pai (Mateus 12:46-50; Marcos 3:21, 31-35; Lucas 8:19-21).
   
Ela é mencionada quando os judeus se recusam a crer que Jesus seja o Messias porque eles conhecem sua mãe e seu pai (Mateus 13:54-57; Marcos 6:3; João 6:42).
   
É referida quando uma mulher da multidão diz a Jesus: "'Feliz o ventre que te carregou, e os seios que te amamentaram', Jesus respondeu: 'Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática' (Lucas 11:27-28).
   
Está ao pé da cruz, quando Jesus diz ao apóstolo João que se responsabilize pelo cuidado dela (João 19:25-27).
 
Depois que Jesus ascendeu ao céu, ela e outros irmãos de Jesus estão com os apóstolos e outros discípulos, na sala superior, devotando-se a oração (Atos 1:14).
   
Estas ocasiões são as únicas vezes que Maria é especialmente mencionada ou referida nas Escrituras. Alguns estudiosos, contudo, acreditam que Maria seja a mulher referida no Apocalipse, capítulo 12, mas por causa da linguagem figurativa isto é difícil de se discernir com certeza.
   
Depois de ler todos os lugares onde Maria é mencionada nas Escrituras, podemos ver que a Bíblia confirma a doutrina católica segundo a qual Jesus foi concebido milagrosamente através do Espírito Santo e que Maria ainda era virgem quando ele nasceu. Ao mesmo tempo vemos que a Igreja Católica conserva um bom número de crenças sobre a mãe de Jesus que não estão contidas na Bíblia. As Escrituras não fazem menção à Imaculada Conceição, a vida sem pecado de Maria, nem sua ascensão ao céu. Também não há recomendações dadas aos cristãos para orarem a ela ou cantarem cânticos de louvor a ela. Como foi afirmado acima, quando uma mulher da multidão tentou honrar Maria porque ela era a mãe de Jesus, ele disse: "Mais felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática" (Lucas 11:27-28). Esta ocasião foi uma oportunidade para Jesus confirmar que Maria deveria ter um lugar de honra nos corações dos cristãos porque ela era sua mãe, mas ele não quis fazer isso.
   
O ensinamento da Igreja Católica que afirma que Maria foi virgem até morrer está diretamente contradito pelas Escrituras. A Bíblia afirma somente que Maria permaneceu virgem até que Jesus nasceu (Mateus 1:25), não até que ela morreu. Conforme a relação acima, três evangelhos mencionam que Jesus tinha irmãos e irmãs. Dois dos evangelhos dizem que os nomes dos irmãos eram Tiago, José, Simão e Judas. No evangelho de João 7:1-10 aprendemos que no começo de seu ministério os irmãos de Jesus não criam nele. Mais tarde, contudo, eles devem ter desenvolvido fé nele, porque vemo-los reunindo-se com os discípulos na sala superior depois da ascensão de Jesus (Atos 1:14).
   
Resumo
Examinando as Escrituras a respeito de Maria, a mãe de Jesus, vemos que a maioria da doutrina da Igreja Católica concernente a Maria não encontra sua origem na Bíblia. As Escrituras não dizem aos cristãos que coloquem Maria numa posição de honra especial na igreja ou no reino de Deus.

Catolicismo e Cristianismo

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