Decadência e Ruína do Brasil Holandês

 

Com a perda do Maranhão e a rebelião do Ceará que fora sufocada, mas que custara a vida de Gildeon Morris, foram tomado por muitos habitantes da Nova Holanda como um mal sinal, de que no novo governo em Maurício pouco o nada eles poderiam esperar, o Alto Comando em 1644 era formado por Hamel negociante em Amsterdã, de Harlem Bas ourives e de Middelburgo Bullestrate carpinteiro; burgueses de pouco representação sem tinos político, experiências, educação e firmezas de resolução e certo de que não estavam em condições de zelar contiguamente da herança deixada por Maurício de Nassau e nem angariar a estima e respeito, quer dos portugueses como dos nativos indígenas. Em suas ingenuidade deixaram-se levar pêlos astutos portugueses, haja visto que logo após a saída de Maurício de Nassau os diretores da companhia efetuaram um grande corte no orçamento brasileiro; fizeram regressar a Holanda um grande número de soldados e consideravam que a paz estava assegurada na colônia, desta maneira se negavam a restaurar as fortalezas destruídas pelas guerras devido ao alto custo das obras de reformas e para remediar a escassez de dinheiro, a direção da Companhia das Índias Ocidentais recomendou aos seus representantes que procedessem com o maior rigor contra os portugueses devedores. Em pouco tempo uma terrível excitação se apoderou na Nova Holanda, por isto, Bas Hamel e Bullestrate se percebendo que a falta de dinheiro e a capacidade aquisitiva de seus habitantes e que a venda por hasta publica dos engenhos confiscados junto aos plantadores portugueses devedores não seria um bom negocio, pois causaria um prejuízo maior a companhia, em vista disto firmaram com alguns plantadores holandeses e portugueses um novo contrato para fornecimento pois havia perspectiva de boa safra para aquele ano, porém a maioria dos proprietários rurais portugueses que estavam contrários ao novo governo e devido as circunstancias predominantes no momento, preferiram abandonar tudo e emigraram para a Bahia.

Devido aos fatos reinantes o Alto Conselho tentava reverter a situação com novas orientações ao seu governo na Nova Holanda, já que o estado de insolvência dos plantadores havia chegado a tal ponto que a ruína total da industria açucareira se tornava eminente a cada dia, e outro fato que também muito colaborava para o agravamento da situação reinante era a intolerância religiosa que o alto comando colocava em pratica contra os católicos, e os judeus que moravam na colônia com medo de uma revolução, começaram a emigrar com seus escravos para as guaianas, e qualquer fato que surgisse na colônia contribuía para uma insatisfação geral entre os habitantes que já se preparavam para uma revolução.

E devido aos acontecimentos em Maurício, o Alto Comando deu conhecimento aos diretores da companhia que não se deviam confiar nos portugueses do Brasil-Holandes, em conseqüência das informações recebidas o   começasse a exercer uma vigilância mais rigorosa sobre os portugueses na capital da Nova Holanda. Como no caso de André Vidal de Negreiro que em Outubro de 1644, nomeado para Governador Geral do Maranhão, e de viagem ao seu novo destino, quando de sua parada em Recife se demorou muito com desculpas de que havia parado em Recife para pôr em ordens alguns negócios da família e de entregar ao Governo Holandês uma carta oficial do Rei de Portugal, e de observar e comunicar ao monarca em Lisboa como se encontrava o estado e a disposição do Brail-Holandes. Na Bahia o português João Fernandes Vieira que em sua mocidade viera da Ilha da Madeira para Pernambuco e por sua vocação comercial tornara-se um dos mais abastado possuidor de terras e plantações de cana de açúcar no país e devido as suas filantropias e as boas maneiras conseguiu um grande circulo de amizade entre os holandeses e portugueses. Por isto o Governador Maurício de Nassau o considerava como um amigo leal, e ninguém o receava pelo fato de ser um homem muito rico que somente tinha a perder e nada tinha a ganhar com a revolução, e nessa crença soube ele se conservar fortalecido junto aos holandeses e após a partida de Maurício de Nassau e com a decadência do exercito holandês e  com a situação se tornando mais sensível com o enfraquecimento do Alto Conselho, João Fernandes Vieira e os seus partidários apenas aguardavam o momento propicio para atacarem e se libertarem do jugo holandês. O que este fiel amigo dos holandeses idealizava e executava não pode ficar por muito tempo em segredo, por isso quando se espalhou em Recife as primeiras noticias sobre o movimento que estava sendo organizado entre os plantadores portugueses, todas as suspeitas recaíram sobre João Fernandes Vieira e para se resguardar. dirigiram-se os conspiradores ao governador da Bahia, solicitando o seu apoio para a organização das forças. Para esta solicitação o vice-rei Antônio Teles da Silva, sem ordem expressa de seu monarca não podia atender aos pedidos dos rebeldes devido ao armistício firmado entre Portugal e Holanda e também porque Portugal para manter a manutenção de sua independência precisava contar com a ajuda da Holanda, por outro lado sabia ele que não deveria abandonar os ideais de seus compatriotas de Pernambuco que se propunham a por um fim na dominação holandesa no Brasil.

E realizando o desejo ardente de todos os portugueses e respeitando de publico o armistício, enviou secretamente um grupo de combatentes experimentados com munição e armas contrabandeada de Alagoas sob as ordens de João Fernandes Vieira se ocultaram em uma chácara, onde logo vieram a eles se juntar um grande número de combatentes pernambucanos para a companha libertadora. E com muito empenho e dedicação estava João Fernandes Vieira envolvido na organização da insurreição, e quando tudo parecia transcorrer em perfeita ordem e sigilo, foi o seu plano denunciado ao Alto Conselho, assim como os comandantes dos fortes das fronteiras do sul. Informavam que tropas baianas haviam invadido o território da Nova Holanda e de que João Fernandes Vieira havia chamado Felipe Camarão, Henrique Dias e André Vidal de Negreiro e seus guerrilheiros para ajuda-los na campanha.

O alto conselho bem sabia o que ameaçava a Nova Holanda, porém Hamel, Bas e Bullestrate não eram homens para por em pratica um golpe decisivo para abafar o motim ou de lançar um ataque contra os bandos invasores, eles temiam que uma atitude enérgica viesse apenas apressar o progresso do movimento revolucionário. por isso só se limitaram a concentrar as suas tropas na capital da Capitania de Pernambuco e manter sob severa vigilância os portugueses suspeitos. Baltazar Van de Vooder e o Major Dirk Van Hoogstraeten, viajaram até a Bahia para verificarem o que estavam fazendo contra o Brasil-Holandes, o vice-rei Antônio Teles da Silva recebeu os enviados holandeses do modo mais amistoso possível e declarou que não tinha nenhum conhecimento dos revolucionários e assegurou que apenas conhecia um dever, que era de observar estritamente o armistício, e devido a este encontro o Major Hoogstraeten mais tarde traindo a causa holandesa entregou nas mãos dos portugueses o Forte Nazaré no Cabo de Santo Agostinho que na época estava sob o seu comandado. Antes dos emissários holandeses partirem, João Fernandes Vieira arquitetou um plano diabólico contra os holandeses que seria realizado no dia 24 de Junho de 1645, pretendia ele atrair para uma festa em sua fazenda os conselheiros,oficiais e alguns cidadões considerados e ali massacrados, da confusão reinante seria aproveitada pêlos conjurados para ser efetuado um ataque de surpresa contra a Cidade de Maurício, ao porto e nas fortalezas da Cidade de Recife, porém o seu plano chegou ao conhecimento do Alto Conselho que tentou prendelo junto com os seus companheiros, porém João Fernandes Vieira pode escapar e se proclamou Governador da Liberdade e da mata que se refugiou iniciou a concentração de voluntários para as lutas armadas libertadoras e junto com Antônio Cavalcante publicou um edital que intimava a todos os cidadões europeus moradores da Nova Holanda a passarem para o seu lado e prometeu aos mesmos que todas as crenças religiosas seriam respeitada e que todos os negros escravos que viessem a se juntar a ele ficariam libertos da escravidão e que a adesão voluntária libertaria o devedor de qualquer divida com a Companhia das Índias Ocidentais, porém para aquele que ajudassem aos holandeses a morte seria certa !!! Apesar da grande adesão pêlos naturais do país e dos estrangeiros e pelo fato de que muitos jovens portugueses, serem obrigados ao serviço de guerra pêlos rebeldes, João Fernandes Vieira não se achava confiante para enfrentar abertamente aos holandeses, então a luta libertadora deveria começar pelas guerrilhas, com destruições de fazendas e plantações dos judeus portugueses, na época muito odiados por causa de suas crenças.

E devido as mensagens recebidas, o Alto Conselho determinou que fossem lançadas expedições de pequenos destacamentos de exploração e corpo de tropa para o sul de Pernambuco com medidas enérgicas tendo a frente o Coronel Hendrik Haus e o Capitão Jan Blaer, porém esta providência não produziu o efeito desejado, o que deixou os membros do Conselho alarmados foi quando constataram que a revolução começava a se alastrar cada vez mais com o seu circulo de ação e devido a situação incontrolavel Hamel, Bras e Bullestrate enviaram uma carta para os diretores da Companhia das Índias Ocidentais solicitando que não abandonassem a Nova Holanda e que enviassem navios, soldados, materiais bélico em socorro a colônia urgentemente.

A Volta dos ataques violentos praticados pêlos grupos de João Fernandes Vieira deixou os habitantes mais antigos da colônia em pânico, com isto Sebastião Carvalho, Jorge Homem Pinto e outros agricultores de Pernambuco redigiram uma carta em 18 de Julho de 1645 ao Bispo da Bahia se queixando do regime de força praticados pêlos independentes comandados por Felipe Camarão e Henrique Dias e dos índios Tapuias e alertaram que se não fosse tomada qualquer iniciativa contra eles a civilização do norte brasileiro estaria inteiramente perdido. E devido as ações praticadas pêlos independentes muitos portugueses que haviam se conservados fieis a companhia começaram a emigrar de Pernambuco logo que os invasores começaram a obter vantagens pelas armas, pois as guerrilhas iam assumindo a forma mais cruel de agir, e devido a situação reinante em Pernambuco Blaer levou seu soldados e os fieis grupos indígenas para uma luta de forma terrível, desumana e de vinganças, massacrando as mulheres e filhos dos rebeldes e aos colonos portugueses estabelecidos na Capitania da Paraíba, estes fatos levaram ao auge a indignação dos independentes que reunidos com os voluntários de Felipe Camarão e Henrique Dias, resolveram tentar o golpe fatal; avançaram até ao arredores de Recife no Monte Tabocas na Serra do Camucim, quando o Coronel Haus tomou posição de combate e atacou os invasores em 3 de Agosto de 1645, e ao cair da tarde cansados pelas continuas batalhas, Haus renunciou a luta e evacuo o campo de batalha com grande número de mortos e feridos em suas tropas, esta vitória trouxe indivísel  jubilo nas fileiras dos independentes, pois o exercito dos patriotas não tinham simplesmente passado gloriosamente pelo seu batismo de fogo, tinham ganhos para a revolução o reconhecimento de sua realidade, com isto a vida econômica da Capitania de Pernambuco estava ficando paralisada, pois o transporte de açúcar, pau brasil e gêneros alimentícios foi se tornando cada vez mais difícil até que se paralisou de vez, neste momento Antônio Teles da Silva também se mexeu, muito cauteloso em suas ações, pois até o presente momento estava evitando se envolver. Partiu em auxilio dos independentes pernambucanos equipando na Bahia dois regimentos sob o comando de Martins Soares Moreno e de André Vidal de Negreiros, e pouco antes da partida destes regimentos, Antônio Teles da Silva recebeu a visita de Van de Voorde e Hoogstreaten emissários do Alto Comando que tinham vindo se queixarem das incursões de Henrique Dias e Felipe Camarão e queriam que João Fernandes Vieira fosse colocado em custodia por agentes do governo português; Antônio Teles da Silva recebeu com atenção a solicitação dos mesmos e prometeu enviar pessoas de sua confiança a Nova Holanda com fins de pacificação em Pernambuco.

 

Porém no dia 28 de Julho em vez dos esperados agentes de paz, desembarcaram na baia de Tamandaré mil e oitocentos homens armados sob o comando de André Vidal de Negreiro que sem perda de tempo, arrebatou dos domínios batavos a localidade de Serinhaen e logo a seguir o Forte de Santo Agostinho do Cabo, que caíram sem resistência; posição após posição iam caindo nas mãos dos chefes portugueses em seus avanços em direção ao norte, e logo após que os corpos de combatentes de Felipe Camarão, Henrique Dias e de João Fernandes Vieira se juntaram a sua tropa, André Vidal de Negreiro que neste momento exercicia a função de Chefe Supremo das Operações Militares invadiu o engenho de açúcar Casa Forte a uma hora de distância de Recife aonde fizeram prisioneiros muitos soldados holandeses. Neste momento André Vidal de Negreiro poderia ter invadido a Cidade de Recife se não tivesse julgado que o Cabo de Santo Agostinho fosse para ele mais importante devido ao seu porto que constituía um ponto de apoio na costa da Nova Holanda, por este motivo contentou-se com a ocupação de Olinda, e partiu com o seu exercito para o Forte de Nazaré aonde Hoogstraeten resistiu por pouco tempo, acabando-se por se entregar ao combatente André Vidal de Negreiro em troca do pagamento de seus subordinados.

João Fernandes Vieira cada vez mais apertava o cerco a Cidade de Recife e devido ao golpe recebido todos os habitantes estavam preocupados com a situação reinante e os conselheiros em franco desespero escreveram aos diretores da Companhia das Índias Ocidentais dando noticias dos acontecimentos e solicitaram socorro, pois a única esperança provinha da atividade da frota holandesa no Brasil que se mantinha absoluta no mar, pois no dia  9 de Setembro Lichthardt aniquilou a esquadra comandada por Jeronimo Serrão de Paiva, que trouxera André Vidal de Negreiro e os dois regimentos para a baia de Tamandaré em batalha naval na qual aprisionou três navios e colocou a pique dez navios da frota, e a bordo de um dos navios aprisionados foram encontradas algumas cartas travadas entre o Governador Geral e o monarca de Portugal, na qual se comprovava claramente que ambos tinham conhecimento da insurreição pernambucana, porém a alegria pela vitória de Lichthardt não foi muito duradoura, porque alguns dias depois André Vidal de Negreiro alcançava novos sucessos ao sul da colônia em Nazaré e Porto Calvo.

Continuação

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