Elegia

Há coisas que a gente não sabe nunca o que fazer

[com elas...

Uma velhinha numa gare.

Um sapato preto perdido do seu par: símbolo

Da mais absoluta viuvez.

As recordações das solteironas.

Essas gravatas

De um mau-gosto tocante

Que nos dão as velhas tias.

As velhas tias.

Um novo parente que se descobre.

A palavra "quincúncio"

Esses pensamento que nos chegam de súbito

[nas ocasiões mais impróprias.

Um cachorro anônimo que resolve ir seguindo a gente

[pela madrugada na cidade deserta.

Este poema, este pobre poema

Sem fim...

 

Mário Quintana

Antologia poética 3ed-Rio de Janeiro:

Ediouro, 1995.

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Última atualização: 26/03/01 11:06:30

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