A tristeza cortesã me pisca os olhos

Adélia Prado

 

 

Eu procuro o mais triste, o que encontrado

Nunca mais perderei, porque vai me seguir

Mais fiel que um cachorro, o fantasma

De um cachorro, a tristeza sem verbo.

Eu tenho três escolhas: na primeira, um homem

Que ainda está vivo à borda de sua cama me acena

E fala com seu tom mais baixo: reza pra eu dormir, viu?

Na outra, sonho que bato num menino. Bato, bato,

Até apodrecer meu braço e ele ficar roxo. Eu bato mais

E ele ri sem raiva, ri pra mim que bato nele.

Na última, eu mesma engendro este horror:

E sirene apita chamando um homem já morto

E fica de noite e amanhece, ele não volta

E ela insiste e sua voz é humana.

Se não te basta, espia:

Eu levanto meu filho pelos órgãos sensíveis

E ele me beija o rosto.

 

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Última atualização: 27/03/01 00:39:58

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