Economia, Educação e a seca do Nordeste

Fernanda Emmy ( 1º DI )

              Em uma recente pesquisa que fazia em jornais do mês anterior, encontrei um artigo que, confesso, me inspirou a escrever em nosso DI Novo. Tratava-se de uma publicação de autoria do ex-Ministro da Fazenda e professor da FEA-USP João Sayão, intitulada “Por favor, esqueçam da Educação”. O título por si só já justifica uma ocorrência manifesta em nosso jornal. No entanto, para pô-los a par do artigo, proponho-me a descrever a essência de seu conteúdo.
             Seguindo os preceitos da política econômica que vem sendo desenvolvida pelo atual governo, o ex-Ministro faz um expresso apelo para que os leitores se esqueçam da Educação. Justifica ele, então, que é de maior interesse do governo continuar a política de sustentação do Real, já que, segundo ele, Educação não aumenta o nível de emprego, nem melhora a distribuição de renda ou aumenta as exportações.
             Parecem ficar, assim, patentes os sintomas do descaso dessa política atrelada aos interesses internacionais com relação aos da maior parte da população. Não pretendo pôr aqui em discussão a política do Real, mas ressaltar a importâncioa da Educação que, embora esta pareça evidente, algumas pessoas desconhecem ou preferem ouvidá-la.
             Optando-se por resolver problemas estruturais, entre eles a Educação, estar-se-ia inevitavelmente caminhando para o progresso econômico. Educar permite a melhora do quadro técnico e o aumento da produtividade. Isto é relevado pelos programas de aprendizado que vêm sendo   desenvolvidos   dentro  das  próprias empresas. Ainda, Educação é pressuposto para a produção científica e para o desenvolvimento tecnológico, o que implicaria diretamente na diminuição da dependência em relação aos insumos tecnológicos de outros países mais avançados nesse campo.
             Entretanto, educar vai além de transmitir conhecimento e cultura, como é feito em geral pelas escolas; educar é prepara a criança e o jovem para a vida prática e criar uma consciência crítica para que possa exercer sua cidadania e tenha ferramentas para executar seu trabalho com dignidade.
             É uma questão de princípios: não parece ser do interesse das autoridades políticas despertarem essa consciência crítica em seus comandados, para assim abalar as bases que os sustentam, ou seja, abrir os olhos do povo para ver a quem ele delega sua representatividade. Dessa forma, o governo acaba por limitar-se à construção de escolas e a realizar programas mirabolantes para trazer a criança à escola. É preciso muito mais do que isso.
             São apelos como este, do ex-Ministro, que vêm abraçar a causa da indústria da seca no Nordeste. O flagelo da fome permite que políticos demagogos se aproveitem de pessoas desinformadas e controlem o poder. É claro que este é um assunto muito profundo para ser discutido em apenas um artigo de jornal, o que nos leva apenas a seu tangimento. Que fique então o registro do manifesto e a pergunta: sem investimento em Educação e interesse governamental, como se pode vencer o drama da seca? Só fazendo a dança da chuva.

 

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