Autor(a): Homero Andretta Jr. (1o DI)
QUEM ESTÁ MAIS PREPARADO?

          A crise do neoidiotismo internacional chegou ao Brasil. Lançou-se a pergunta: quem será o Mágico de Oz que irá enfrentá-la? Para isso é necessário que o candidato tenha terceiro grau completo? Essas questões desfiguram a realidade brasileira. Em primeiro lugar, a crise foi criada pelos economistas; é problema dos neoimbecis do FMI que sugeriram seu modelo econômico absurdo para o resto do mundo. No âmbito nacional, trata-se de um problema para a futura equipe econômica e para os Ministérios do Planejamento e da Fazenda. Em segundo lugar, caso fosse necessário terceiro grau completo para ser Presidente, provavelmente seria proibido que pessoas “adiplomadas” se candidatassem. Para se ter noção do absurdo que isso representaria, basta lembrar que mais de 90% da população brasileira não passou pelo ensino superior. Todos os nossos presidentes, seres de magnânima inteligência e “superdiplomados” (o atual deu aula até na Sorbone), foram incompetentes em solucionar as mazelas deste país, mesmo tendo um grau de conhecimento restrito a menos de 10% da população. Que conhecimento é esse? Que diploma da USP é esse? São as armas mortíferas para enganar o povo, fazendo-nos acreditar que vivemos no País das Maravilhas, para aceitar as receitas e maçãs envenenadas oferecidas pelo FMI.
         Qual será, então, a verdadeira pergunta que deve rondar o pleito? Se a economia brasileira é tão forte, é dirigida por homens tão inteligentes, como eles não perceberam que uma crise na Rússia deixaria o Brasil de quatro? De quem é a culpa pela nossa vulnerabilidade?
         Poderia se dizer que a culpa é do Plano Real. Sim e não. Sim, porque o Plano Real é a maçã envenenada do FMI. É a mesma que o México engoliu, que entalou na garganta da Argentina e que o Brasil ainda está mastigando (sabe-se lá até quando). Estabiliza-se a moeda a qualquer custo e espera-se o desemprego chegar. Por outro lado, não é o culpado porque os dois últimos governos foram os responsáveis pela entrada excessiva de importados que destruíram boa parte da indústria nacional; porque o atual presidente, vaidosamente preocupado com a sua reeleição e com as privatizações, esqueceu-se de fazer as reformas de primeira necessidade, como a tributária e a política, que ele mesmo sabia importantes para a manutenção da estabilidade econômica. Se estas reformas tivessem sido feitas, provavelmente o Brasil não estaria vulnerável aos ataques especulativos dos megainvestidores. Pelas peripécias do seu próprio criador, o Plano Real é ainda fictício pois depende de altas taxas de juros para sobreviver, mesmo que para isso seja necessário retrair o consumo e aumentar o desemprego.
         Conclui-se, por conseguinte, que o criador e mantenedor do Real é também o culpado pelas suas deficiências. FHC utilizou-se do poder em benefício próprio, adiando cada vez mais as medidas imprescindíveis para a continuidade do processo econômico por ele próprio implantado. A verdade é única: por pura ambição de ser o “rei-eleito”, FHC aliou-se aos caudilhos do Nordeste e conversou com Maluf para comprar o voto deles na emenda da reeleição, chamou os aposentados de vagabundos, o MST de plantadores de maconha, implantou a CPMF para a classe média pagar, aumentou os juros para salvar o Real sem pensar no desemprego. Como pode, então, ser FHC o mais preparado para enfrentar a crise se foi ele próprio quem deixou o Brasil vulnerável à crise? Pura contradição. Há pessoas que mesmo estando no terceiro grau insistem em ignorar essa realidade, reafirmando seu voto no sociólogo que deixou levar-se pelas paixões, que deixou de ser um estadista para ser um enviado dos interesses dos grandes grupos externos e dos banqueiros.
         Até mesmo a irracional bomba atômica do Enéas é mais preparada para enfrentar a crise. A classe média deve entender, de uma vez por todas, que esse estilo maquiavélico de governar jamais trará desenvolvimento para o Brasil. Qual o mal, em um homem do povo, dirigir essa nação? Não, isso novamente não irá acontecer, pois os mesmos que votaram ou votariam no Collor em 89 votarão no FHC em 98. No instante de decidir em quem votar, até a estética e o português bem falado são considerados, como se vivêssemos em “Beverly Hills”. Crassa ilusão dos alienados que não querem perceber a realidade e que por mais quatro anos optarão pela subserviência econômica do Brasil frente aos grandes impérios do capitalismo.
 

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