Autor(a): Aluísio Cabianca Berezowski (1o DI)
FILOSOFIA
Infelizmente, não foi possível continuar o artigo iniciado na
última edição de DI Novo relacionado à vida e filosofia de
Francis Bacon. Espero retomar o tema na próxima edição. Por
enquanto, os interessados podem se dirigir a alguns sites que
encontrei na Internet, relacionados abaixo:
_ Este é muito interessante, vale a pena dar uma olhada:
http://www.sirbacon.org
_ Ensaios:
http://www.ultranet.com/~ngr2/BaconEssays.html
_ Poemas:
http://www.shakespeare-oxford.com/baconpoe.htm
_ Aforismos:
http://history.hanover.edu/textis/bacon/title.htm
OBS: Respeite rigorosamente as letras maiúsculas e
minúsculas, bem como os sinais gráficos. Qualquer dúvida ou
interesse por maiores informações: aluisiocb_frc@hotmail.com
QUEM SOMOS? - UMA ANÁLISE PESSOAL
Quando nos permitimos parar um pouco em meio ao
turbilhão inerente ao cotidiano, e aliamos a esse instante de
repouso uma grande dose de coragem, não raro passamos a
perscrutar nossa própria natureza. Ocorre que freqüentemente
esquecemos que semelhante questionamento é feito pelo homem há
milênios sem, contudo, encontrar solução satisfatória para
tão profundo mistério.
Encontrando-me absorto nessas divagações pessoais (que
não deixam de ser também filosóficas), resolvi externá-las no
papel e partilhá-las.
A análise ainda que superficial do ser humano conduz à
interessante consideração de que, aparentemente, tem o homem
dois eus: um que, inquieto e inconseqüente, trabalha junto a
situações que nem sempre estão ligadas àquilo que
consideramos ético; outro que, aparentemente, permanece afastado
das lides comuns, só se fazendo notar ao julgar, quando
necessário, intenções e ações do outro eu. A título de
curiosidade, é interessante anotar que o hinduísmo denomina ao
primeiro eu Kãma-rupa, que significa paixões e intelecto
inferior, e ao outro eu, Atmã-manas, a consciência pura.
Ocorre que, quase sempre, nossos conflitos interiores
decorrem da disparidade e conseqüente luta entre as decisões do
eu-criança e do eu-maduro (vamos chamá-los assim a partir de
agora). A roda da vida não cansa de oferecer oportunidades para
que nos transformemos em verdadeiros campos de batalha. Lutamos,
lutamos e... Alguns de nós nos cansamos disso. Talvez tenha sido
esta fadiga interior que tenha levado o príncipe Siddharta a
tudo abandonar e, após exaustivos anos de meditação, decidir
que a felicidade só poderia advir dessa roda da vida, motor
principal na produção do sofrimento.
Segundo a filosofia oriental (e reporto-me a ela por não
ter conseguido encontrar até agora filosofia
existencial mais profunda e
ao mesmo tempo melancólica), como muitos sabem, a
solução estaria na ascensão, ou melhor, interiorização a um
plano de consciência onde não se ouve nem a voz do eu-criança,
nem do eu-maduro. Ouve-se o que, tradicionalmente, é chamado
pela escola budista mahaiana de Voz do Silêncio.
Tudo isso, contudo, é bastante vago para nossa realidade
ocidental às postas do século XXI. Não há tempo nem
motivação para entregarmo-nos a extenuantes exercícios
meditativos e contemplativos. Como então compreendermos na
prática o significado desse distanciamento do nosso caos
interior? Como nos deleitarmos ao menos por alguns instantes com
a paz que parecemos vislumbrar no olhar do iogue esquálido ou do
monge sereno?
Cada vez mais, em minhas reflexões, chego à conclusão
de que só o amor pode nos outorgar semelhante experiência. O
ato de amar alguém, quem quer que seja, ou até mesmo um animal,
amar a humanidade de uma forma completamente ideal (já que
poucos de nós conseguem amar a humanidade na prática)
conferem-nos uma experiência de esvaziamento de todo o nosso
egoísmo, rancor, inveja, mágoa, traumas... Aliada a este
esvaziamento há uma plena transferência do que há de melhor em
nós para o objeto de nosso amor, num processo único de
doação. Surge aqui, contudo, um outro dilema: quem quer que
tenha passado por essa sensação de entrega oceânica (e poucos
não a vivenciaram) sabe que o eu, nesse momento, é o menos
importante, como que some e, assim, novamente não conseguimos
encontrar a nós mesmos... Talvez seja isso que é o amor, a
chave do mistério do aforismo budista que afirma que o Nirvana
é o nada, o eu deixa de existir como entidade distinta, assim
como uma gota dágua perdida no oceano, o oceano da vida...
_ Para comentários, sugestões ou dúvidas, contate: aluisiocb_frc@hotmail.com