O Realismo naturalista foi a escola literária em Portugal nas últimas décadas do século XIX, sendo seu maior expoente Eça de Queirós, que possui página própria.
Antero Tarquínio de Quental (1842-1891) nasceu nos Açores e escreveu em prosa e verso. Mas foi a poesia que lhe fez famoso. Quental foi um anti-romântico (ver Questão Coimbra) que fugiu às normas tradicionais de poesia de seu tempo, com uma obra que revela um espírito inquieto, progressista, revolucionário e até mesmo místico. Realista, tinha preocupações sociais e era muito anitclerical, característica comum nos Realistas.
Abílio Manuel de Guerra Junqueiro (1850-1923) foi um poeta anticlerical. Mas não fez apenas ataques ao Catolicismo; atacou com sátiras os Bragança e morreu manifestando preocupações místicas e sociais. Político republicano, quando a república foi declarada tornou-se representante português na Suíça.Uma amostra de seu anticlericalismo encontra-se em A Velhice do Padre Eterno (de onde vem o soneto que se segue, intitulado "Parasitas")
No meio duma feira, uns poucos palhaços
Andavam a mostrar, em cima dum jumento
Uma aborto infeliz, sem mãos, sem pés, sem braços,
Aborto que lhes dava um grande rendimento.
Os magros histriões, hipócritas, devassos,
Exploravam assim a flor do sentimento,
E o monstro arregalava os grandes olhos baços,
Uns olhos sem calor e sem entendimento.
E toda a gente deu esmola aos tais ciganos:
Deram esmolas até mendigos quase nus.
E eu, ao ver esse quadro, apóstolos romanos,
Eu lembrei-me de vós, funâmbulos da cruz,
Que andais pelo universo, há mil e tantos anos,
Exibindo, explorando o corpo de Jesus.
O poeta e contista Joaquim Fernandes Teófilo Braga (1843-1924), um dos introdutores do Realismo e do Positivismo em Portugal chegou a ser presidente da República (duas vezes!). Destaca-se mais como historiador da literatura do que qualquer outra coisa, com uma obra marcada pelo repúdio ao Catolicismo e ao Romantismo. Foi um dos envolvidos na Questão Coimbra.
José Duarte Ramalho Ortigão (1836-1915), ficcionista, cronista e ensaísta, teve um começo romântico. Na verdade, foi um dos grandes defensores de Antônio Feliciano de Castilho durante a Questão Coimbra. Aderiu aos vencedores mais tarde e foi um de seus defensores mais ferrenhos, defendendo o patrimônio artístico português. Escreveu O Mistério da Estrada de Cintra em parceria com Eça de Queirós.
José Joaquim Cesário Verde (1855-1886) foi poeta realista, e um dos iniciadores do movimento, renovando a linguagem usada na poesia e cantando o mundo moderno. A poesia de Cesário Verde apareceu inicialmente na imprensa e a primeira publicação de suas poesias foi feita por um amigo em tiragem baixíssima: 200 cópias.