O que segue são resumos de várias obras literárias do Romantismo, introduzido em Portugal por Almeida Garrett. A supervalorização do amor, a evasão no espaço, tempo e na morte e o subjetivismo são as maiores características destas obras.
Por Camilo Castelo Branco
Amor de Perdição é a história do amor de Teresa e Simão ("triste história do meu tio paterno Simão Botelho"), dois vizinhos de famílias rivais que se apaixonam e são separados pela rixa familiar dos Albuquerque com os Botelho. O pai de Teresa ainda a tenta casar com Baltasar Coutinho, seu primo, mas ela se nega e seu pai a manda para um convento. Ela e Simão passam a se corresponder com a ajuda de vários cúmplices, especialmente o ferrador João da Cruz que hospeda Simão e sua filha Mariana, que se apaixona por Simão e o ajuda fielmente. Quando Simão tenta se encontrar com Teresa ele briga com Baltasar e este cai morto com uma bala na cabeça. Simão confessa o crime (mas o assassino fora João) e vai para a cadeia do porto. Teresa, que a estas alturas já foi transferida para outro convento, também no Porto, continua a correspondência. Simão sobrevive assim por 2 anos e 9 meses com a ajuda de Mariana, que permanece fiel a ele. O pai de Simão, o corregedor Domingos Botelho, que a princípio não o ajudara, consegue que a pena seja comutada de forca para degredo de 10 anos para a Índia. Após estes 2,75 anos Simão vai sendo levado para o degredo (e Mariana o vai seguindo) e vê do navio Teresa no convento. O navio zarpa e ela morre. Dez dias depois, durante a viagem, Simão morre e Mariana se atira ao mar junto com seu corpo. As cartas trocadas por Teresa e Simão vão junto com os corpos para o mar, mas os marujos conseguem salvar os papéis e entregam para a família de Simão. Passada toda no começo do século XIX, a história cria o mais romântico de todos os triângulos amorosos: Teresa ama Simão, que é amado por Mariana, e nenhum dos três chega a trocar sequer um beijo. Teresa e Simão se correspondem com apaixonadas cartas e Mariana auxilia a felicidade de seu amado sem sentir ciúmes ou ódio por Teresa. É importante notar também a influ6encai de Romeu e Julieta, com famílias rivais, um pretendente escolhido pelo pai da moça que acaba morrendo, e a morte do casal. Em tempo: em dado momento Simão se encontra com seu irmão Manuel, que havia fugido para a Espanha com uma mulher casada. Manuel era o pai do autor.
Maria Moisés é dividido em duas partes. A primeira parte começa em 1813 com a história de um jovem pastor que, procurando por uma rês perdida, vê a filha do patrão se suicidar de modo misterioso. Então revelam-se os motivos: Josefa, a jovem suicida está apaixonada e tem um caso com um jovem militar. Seu pai é casto e sua mãe carola; quando ela engravida passa a ser escondida dentro de casa. Quando o namorado lhe anuncia que vai fugir, dá a luz (prematuramente, como se descore depois) e carrega a criança. Quando a criança cai no rio, ela se atira para salvá-la e acaba morrendo. A segunda parte começa com uma menina sendo encontrada rio abaixo da cidade onde Josefa morreu por um caseiro. A criança é nomeada Maria Moisés em honra ao patriarca bíblico que teve história análoga. Ela cresce e passa a cuidar de jovens enjeitados. No começo são dois, mas o número logo cresce. Com o tempo Marai vai empobrecendo por causa de sua caridade. Quando pai de Josefa, voltando general do Brasil, chega na cidade, ele começa a montar as peças do quebra-cabeça da morte de sua amada que nunca esqueceu. Ele vai descobrindo a história de Maria e seu estado financeiro, com a quinta hipotecada, em 1850. Ele se dirige então a quinta, paga a Maria mais do que as dívidas e revela então ser seu pai. A história acaba com ambos emocionados, chorando abraçados.
A Abóbada do Mosteiro da Batalha é o centro deste conto. O arquiteto Afonso Domingues, que lutou para por D. João I no trono, está construindo um mosteiro e projetou uma abóbada incrível. Mas em 1401 ele fica cego e el-rei, aconselhado por seus conselheiros, chama um arquiteto irlandês, mestre Ouguet, para concluir o projeto. Ele altera o projeto da abóbada e, logo após a compleição desta, a abóbada desaba sobre ele enquanto ele estava tendo um ataque. El-rei chama Afonso, reconstitui-lhe o emprego e este o aceita após muitas desculpas. Ele então passa três dias de jejum sob a abóbada e morre quando conclui que a abóbada tal como a projetou não cairá. Ouguet, que ria do velho cego, torna-se seu admirador. O que transparece nesse conto é principalmente o nacionalismo de Herculano: o português honrado e que fora guerreiro estava certo, e o estrangeiro arrogante (bretão, ainda por cima) estava errado e arrepende-se humildemente no final.
A Morte do Lidador passa-se em julho de 1170. O Lidador referido no título é o cavaleiro Gonçalo Mendes da Maia, 95 anos de idade e 80 de luta. Ele e um pequeno grupo de cavaleiros lutam contra os mouros e ele é ferido. Em nova batalha contra os mouros, que receberam reforços, ele mata um dos líderes e morre; quando um dos cavaleiros mata o líder dos reforços, os mouros fogem. Neste conto Alexandre Herculano desafia a verossimilhança: quase 1000 soldados mouros fogem de alquebrados 70 portugueses apenas porque seu líder morreu.
O Alcaide de Santarém é uma história de intriga na corte do califa no ano de 950. Nela o mendigo que chamam al-muulim (o triste) informa al-munimim (o príncipe dos crentes, o califa), que seu filho mais novo é um traidor e que pretende derrubá-lo com uma conspiração. O califa manda executar o traidor, mas passa a vida toda triste e 11 anos depois al-muulim revela a ele na hora da morte que estava mentindo para poder vingar-se do califa, que matou seu irmão. Al-muulim é o dito alcaide de Santarém. Este é um dos contos históricos de Alexandre Herculano, que era historiador, e passa-se no tempo em que os árabes dominavam a província; existe assim certa precisão histórica.
O Castelo de Faria é sitiado em 1373. O alcaide fora capturado pelos espanhóis e seu filho Gonçalo Nunes está como interino. O capturado diz aos captores que quer convencer o filho a entregar o castelo sem derramamento de sangue, mas o incita a se defender e é assassinado pelos espanhóis. Seu filho vence a sangrenta batalha, mas, pesaroso, toma o sacerdócio e mais tarde o castelo torna-se mosteiro.
A Torre de Caim conta uma história de amor, magia e vingança: D. Inigo Lopes, após 12 anos longe (onde dizem aprendeu magia), volta para vingar-se de uma briga entre famílias que está acabando com um casamento. Ele enfeitiça a jovem Ausenda e quando seu noivo D. Moço o mata e quebra o feitiço, ela morre também. D. Moço passa a vida triste e se une com ela depois de morto, onde o espírito do vingativo D. Inigo ainda tenta separá-los, sem sucesso. A história é toda contada como que por um frade.
Última Corrida de Touros em Salvaterra passa-se durante o reinado de D. José I, governo do Marquês de Pombal. Enquanto o Marquês declara guerra à Espanha D. José se diverte com tourada com os nobres. O conde dos Arcos morre enquanto toureando e seu velho pai, o Marquês de Marialva, desce da tribuna e enfrenta suicidamente o touro. Ele vence, no entanto, e quando o Marquês de Pombal chega, ele consola o de Marialva e pede ao rei que acabe com as touradas. D. José o faz.