Romantismo

O Romantismo em Portugal foi o estilo literário que perdurou desde o começo do século XIX até décadas depois, ainda no mesmo século. O primeiro romântico português foi Almeida Garrett.


Camilo Castelo Branco

Camilo Ferreira Botelho Castelo Branco (16/03/1825 - 1º/06/1890) foi um escritor romântico e, a contragosto, um escritor realista depois. (Ele muito criticou e se opôs a esta escola.) Escreveu em colaboração com outros autores, traduziu, editou e foi jornalista. Autor de obra vastíssima, inicialmente romântica, aderiu ao realismo com A Brasileira de Prazins, em 1882, tendo escrito Eusébio Macário em 1879 ridicularizando esta escola recém-introduzida. Casou-se jovem (16 anos) com uma mulher mais jovem (14 anos) e logo a abandonou com um filho. Em 1846 volta a Vila Real, cidade onde residiu com a irmã após a morte do pai, e foge com Patrícia Emília para a cidade do Porto; abandona-a logo a seguir. Em 1859 Ana Plácido, mulher casada, abandona o marido e vai viver com Camilo; o marido a processa por adultério. Em 1885 Ana Plácido morre; em 1890, deprimido pela cegueira iminente e a demência do filho, suicida-se com um tiro na cabeça. Sua obra mais importante é Amor de Perdição, que foi seguida por Amor de Salvação, mas não ficou restringido a estas obras: publicou muitas novelas (como Maria Moisés) e livros de poesias e escreveu teatro.

"Amava Simão uma vizinha, menina de quinze anos, rica herdeira, regularmente bonita e bem nascida. Da janela de seu quarto é que ela a vira pela primeira vez, para amá-la sempre. Não ficara ela incólume da ferida que fizera no coração vizinho: amou-o também e com mais seriedade que a usual nos seus anos." Amor de Perdição

"E Teresa! – bradava ele, surgindo subitamente de seu espasmo – E aquela infeliz menina que eu matei! Não hei de vê-la mais, nunca mais! Ninguém me levará ao degredo a notícia de sua morte! E, quando eu a chamar para que me veja morrer digno dela, quem te dirá que eu morri, ó mártir?!" Amor de Perdição

"Maria caiu de joelhos, pendente dos braços do pai; e os velhos, e as crianças ajoelharam também trementes e extáticos, sob a faísca elétrica daquele sublime lance." Maria Moisés


Almeida Garrett

João Batista da Silva Leitão de Almeida Garrett (1799-1854) foi o introdutor do Romantismo em Portugal. Garrett foi educado nos Açores, já que sua família fugiu para lá pela ocasião da invasão de Portugal por Napoleão. Em 1816 voltou a Portugal para estudar em Coimbra. Cinco anos depois mudou-se para Lisboa, onde se tornou funcionário público. Quando aconteceu a revolução de 1823, Garrett exilou-se na Inglaterra e depois na França. Voltou a Portugal mais tarde, mas retornou à Inglaterra pela ocasião da subida ao poder de D. Miguel. Em 1834, após a vitória dos liberais, passou a se dedicar ao teatro. Foi embaixador, ministro, parlamentar, jornalista, soldado (durante a luta contra o absolutista D. Miguel). Ao publicar Camões, em 1825, Garrett deu início ao Romantismo em Portugal. Garrett teve obra extensa, mas entre seus méritos incluem-se o resgate do teatro português, com seus grandes autores como Gil Vicente, uma renovação da poesia e incursões na prosa.


Alexandre Herculano

Alexandre Herculano de Carvalho e Araújo (1810-1877) foi um dos líderes do Romantismo português. Como Garrett, Herculano se exilou na Inglaterra e lutou contra o absoluto D. Manuel. Em 1833 tornou-se bibliotecário na cidade do Porto, mas demitiu-se três anos depois por discordar dos políticos dominantes. Em 1839, foi nomeado bibliotecário na Biblioteca Real da Ajuda. Editor de revista no meio tempo, Herculano escreveu poesia, prosa e ensaios. Foi na prosa que se destacou, principalmente com Eurico, o Presbítero. Escreveu também muitos contos.

" Houve quem o visse sair; quem, à luz da baça do crepúsculo, o visse tomar para o lado de Córdova com passos vagarosos, apesar das lufadas violentas do oeste, que anunciavam uma noute procelosa. Mas nem em Córdova, nem em Azzahrat, ninguém mais o viu desde aquele dia." O Alcaide de Santarém


Rebelo da Silva

Luís Augusto Rebelo da Silva (1822-1871) foi um dos discípulos de Alexandre Herculano na narrativa histórica. Lisboeta, foi amigo de Herculano quando ambos trabalhavam na Biblioteca da Ajuda e seguiu os passos dele: fez prosa histórica e prosa ficcional, especialmente contos.

"O Senhor D. José, primeiro do nome, era em Salvaterra um rei em férias. A verdade é que os maldizentes notavam, em segredo, que sua majestade estava sempre ao torno e o Marquês de Pombal no trono. O prolóquio fundava-se na habilidade mecânica do monarca como torneiro, e no caráter dominador do marquês como ministro." Última Corrida de Touros em Salvaterra


Antônio Feliciano de Castilho

Antônio Feliciano de Castilho (1800-1875) é classificado como um poeta romântico. E ele se morderia se lesse isso. Vê-se, Castilho, que ficou cego aos 6 anos de idade, começou sua carreira como um poeta árcade, mas já na metade de sua vida apresentava traços românticos bem acentuados. Sempre combativo, criticava as renovações da Literatura Portuguesa e foi o iniciador da Questão Coimbra.


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