Fui (a autora) buscar esta história em Teócrito, poeta do século III que a conta de uma forma inequivocamente grega, isto é, com simplicidade e sem comedimento.
Este jovem, cujo nome é tão conhecido, tem uma história muito breve. Alguns dos poetas dizem que era um rei, e outros, caçador, mas a opinião predominante é a de que era pastor. Também há consenso geral sobre o fato de que se tratava de um jovem de beleza incomparável, e de que foi esta a causa de seu destino singular.
Quando
Endimião, o pastor,
Guardava o seu rebanho,
Ela, a Lua, Selene,
Viu-o, amou-o e
procurou-o,
Descendo do Céu
Para a clareira de
Latmos,
Onde o beijou e
deitou-se a seu lado.
Abençoado o destino do
pastor,
Que ficou para sempre a
dormir
Isento de todas as
perturbações
Endimião, o pastor.
Nunca acordou para ver a forma prateada que se curvava sobre ele. Em todas as histórias, Endimião dorme para sempre, imortal, mas não tem consciência de que o faz. Maravilhosamente belo, jaz ali ao lado da montanha, imóvel e distante como se estivesse morto, mas na verdade quente e cheio de vida. Noite após noite, a Lua vem visitá-lo e o cobre de beijos. Conta-se que essa sonolência mágica foi obra dela, que o acalentou até que dormisse para que assim sempre lhe fosse possível encontrá-lo e acariciá-lo à vontade. Mas também se conta que, para ela, essa paixão é apenas uma grande fonte de sofrimento e inconsoláveis suspiros.