Mauro Pennafort
Método usado nas ciências (exatas e até mesmo em algumas humanas) que consiste em estudar um fenômeno da maneira mais racional possível, de modo a evitar enganos, sempre buscando evidências e provas para as idéias, conclusões e afirmações. "Conjunto de abordagens, técnicas e processos para formular e resolver problemas na aquisição objetiva do conhecimento."
Karl Popper, o filósofo da ciência, estabeleceu que a ciência somente pode estudar temas em que o conhecimento adquirido pudesse ser negado de alguma forma. Se alguma coisa não pode ser negada, ela não pode ser posta em dúvida e, portanto, não podemos testar sua validade. Só são científicas hipóteses que possam ser testadas.
Este princípio estabelece que a verdade sobre determinado fato jamais é atingida integralmente, mas vai sendo aperfeiçoada continuamente. Um conhecimento vale até que novas observações ou experiências o contradigam.
Obs.: Para entender melhor, leia o artigo de Issac Asimov "A Relatividade do Errado".
Se duas hipóteses explicam os dados com igual eficiência, deve prevalecer a mais simples.
As ciências exatas estudam fenômenos naturais que se possam repetir na natureza (ciências observacionais) ou em experiências (ciências experimentais).
As Ciências Observacionais adquirem o conhecimento sem que o pesquisador possa interferir no objeto de estudo. Um bom exemplo é a astronomia ou o estudo do comportamento animal.
Augusto Comte, um dos mentores do Positivismo, não acreditava que pudessem existir ciências puramente observacionais e, por isso, afirmava que a astronomia não era uma ciência porque nunca se poderia tocar nem fazer experiências com as estrelas. Foi o chamado boicote de Comte.
As Ciências Experimentais adquirem o conhecimento fixando, manipulando e introduzindo variáveis no objeto de estudo. Em resumo fazendo experiências. O Positivismo aceitava apenas as ciências experimentais.
1. Indução ou Raciocínio Indutivo: Nesse tipo de raciocínio, sabe-se uma coisa em particular e extrapola-se isso para a generalização. É bastante útil na ciência.
Um exemplo de raciocínio indutivo é afirmar que todas as coisas próximas à superfície da Terra caem no chão. Eu sei que te parece óbvio, mas isso não é obrigado a acontecer, afinal de contas ninguém jogou todas as coisas para o alto para saber que caíam. Mas todos os corpos que vimos ficarem soltos no ar, sempre caíram. Conclui-se indutivamente que se esses objetos caem (conhecimento particular sobre esses objetos) então todos os objetos caem (generalização sobre todas as coisas). Para isso há até um provérbio: "tudo que sobe, desce".
2. Dedução ou Raciocínio Dedutivo: Nesse tipo de raciocínio, sabe-se de um princípio geral e conclui-se uma particularidade. O ser humano parece já nascer com a habilidade de fazer deduções.
Por exemplo, sabemos a partir da Física Clássica que todos os metais se dilatam (um princípio geral), então deduzimos que o ferro (caso particular de um metal) também se dilata.
1. Observação do Fenômeno: O fenômeno é observado e desenvolve-se a curiosidade em relação a ele.
2. Experimentação e Medição: Provoca-se o mesmo fenômeno várias vezes, registrando-se todas as possíveis variações e valores relacionados a ele. Nessa fase são feitas cuidadosas medições.
3. Estabelecimento de Leis Científicas: Depois da análise dos dados da experimentação, conclui-se uma Lei Científica,que é uma generalização que relaciona os dados que foram estudados. É importante notar que a Lei Científica não é a explicação do porquê daquilo, mas apenas uma descrição (de preferência matemática) do fenômeno.
4. Criação de Hipóteses: Imagina-se explicações para o fenômeno e sua lei. A procura da explicação (do porquê) leva, muitas vezes à criação de um Modelo. A hipótese ou modelo mais simples e elegante é escolhido como provável explicação para o fenômeno estudado.
Um modelo é uma descrição formal de um fenômeno, uma maneira de entender o fenômeno, que é capaz de fazer predições.
5. Teste das Hipóteses: A hipótese escolhida deve explicar novas observações e novos fenômenos. O modelo relacionado à esta hipótese deve ser capaz de fazer previsões sobre fenômenos que ainda vão ocorrer.
Se a hipótese estiver errada, dependendo do grau de erro, ela deve ser melhorada, parcialmente corrigida ou abandonada (trocada por outra hipótese).
6. Estabelecimento de uma Tese: Se a hipótese é comprovada pelos testes, ela se torna uma tese. Uma tese é uma hipótese comprovada. A partir de teses também se cria modelos.
7. Criação de uma Teoria: Uma teoria é um conjunto de teses que explicam um mesmo fenômeno ou alguns fenômenos relacionados entre si e que já foi testada e comprovada em um grande número de experiências.
As teorias não são verdades absolutas (Princípio das Aproximações Sucessivas) e, ao longo dos anos, vão sendo testadas por novas observações, instrumentos de medida mais precisos, novas tecnologias etc. As teorias podem se tornar imprecisas ou não explicar novos fatos observados, então, mais uma vez dependendo do grau de erro, ela será melhorada, parcialmente corrigida ou abandonada.
Na Ciência Pura os modelos e teorias antigos são completamente descartados em favor dos mais verdadeiros. Um exemplo disso é que a Teoria da Relatividade substituiu a Teoria da Gravitação de Newton.
Na prática a Ciência Aplicada pode usar diferentes modelos com diferentes graus de aproximação dependendo do objetivo a ser alcançado. Não precisamos usar a teoria da relatividade para calcular o tempo de viagem entre Rio de Janeiro e Bahia, mas teríamos que levá-la em conta se a viagem fosse da Terra a Júpiter.
Introdução à Metodologia Científica - Curso de Silvia Helena Cardoso, PhD e Renato M.E. Sabbatini Phd.
A Relatividade do Errado - Artigo de Issac Asimov publicado em Sociedade da Terra Redonda
"A Lógica da Pesquisa Científica" - Karl Popper - Ed. Cultrix
"O Mundo Assombrado pelos Demônios" - Carl Sagan - Ed. Companhia das Letras
"Química: Química Geral - Volume 1" - Ricardo Feltre - Ed. Moderna
"Física na Escola Secundária" - Blackwood, Herron e Kelly - Ed. Fundo de Cultura