Mauro Pennafort / James Randi / Robert Todd Carrol
Fenômeno religioso que seria caracterizado pelo ferimento espontâneo das mãos, dos pés e do lado direito do corpo, exatamente como as feridas de Jesus Cristo na crucificação. O primeiro registro de "stigmata" ou das "chagas de Cristo" é de um cronista da vida de São Francisco de Assis, datando de 1229. S.Francisco de Assis (1182 - 1226), devotou-se a imitar Cristo de todos os modos, aparentemente infligindo a si mesmo feridas e perpetrando a primeira fraude estigmática.
Recentemente os cinemas tornaram esse "prodígio" mais conhecido no filme "Stigmata". Como de costume, o filme não só deixa de apresentar o fenômeno como "realmente" acontece, como também mistura com outras coisas que não têm nenhuma relação com "stigmata".
Houve, e ainda há, muitos "estigmados" (pessoas que supostamente apresentam o fenômeno), dentre eles destacamos o Padre Pio de Pietralcini (nome religioso de Francesco Forgione 1890-1968) e Teresa Neumann (1898-1962). Ambos apresentaram chagas em diversos graus, sendo que Teresa Neumann inclusive chorava sangue e alegou que sobreviveu 35 anos comendo apenas o "pão" da Eucaristia Sagrada na missa de cada manhã. Um dos últimos estigmados é o Frade James Bruce que afirma não só ter as feridas de Cristo, como que as imagens religiosas choram na sua presença. Isto em 1992 num subúrbio de Washington, capital dos EUA, onde todos sabemos que se passam coisas estranhas. Vive agora numa paróquia rural da Virginia onde os milagres cessaram.
Até hoje, esse fenômeno somente aconteceu a pessoas extremamente religiosas e beatas (ao contrário do que diz o filme, NUNCA houve exceção), que podem se auto-mutilar, mesmo que inconscientemente, por causa de sua fé. Feridas auto-infligidas são comuns entre certas desordens cerebrais, mas a afirmação de que as feridas são miraculosas é mais rara e mais provavelmente devida a uma excessiva religiosidade do que a um cérebro doente, apesar de ambos poderem trabalhar em conjunto em alguns casos.
A possibilidade das feridas serem psicossomáticas, manifestações de almas torturadas, parece menos provável que a fraude na maioria dos casos. Nenhum estigmado apresentou as feridas do inicio ao fim na presença de terceiros. Apenas sangram quando não são observados. Para se estabelecer a validade desse fenômeno como milagre, seria necessária uma vigilância de 24 horas. Uma vez que isso nunca aconteceu, não existe nenhum caso de "stigmata" livre de suspeitas.
Os pesquisadores da Igreja, tratam esses casos com a típica falta de rigor científico (ao contrário do que, romanticamente mostra o filme). Um investigador de Teresa Neumann, o padre P. Siwek, escreveu que tinha "as mais profundas dúvidas sobre a verdade das maravilhas atribuídas à Teresa", no entanto, essas dúvidas não excluíam a possibilidade de "sólidas virtudes cristãs e genuínos estados místicos". Resumindo: ele não tomou partido e foi-se embora. No filme, aliás, a Igreja tenta negar o fenômeno, exatamente o contrário da vida real.
Nos casos reais de stigmata, é interessante notar que as feridas nas mãos aparecem nas palmas, o que corresponde à representação artística da crucificação, mas não à realidade. No filme, contornaram esse mal estar colocando as feridas no lugar certo. Coisas de Hollywood...
Bibliografia:
The Catholic Encyclopedia - Mystical Stigmata
Nickell, Joe. Looking For A Miracle: Weeping Icons, Relics, Stigmata, Visions and Healing Cures (Prometheus Books: Buffalo, N.Y., 1993).
Randi, James. An Encyclopedia of Claims, Frauds, and Hoaxes of the Occult and Su[ernatural (Prometheus Books: Buffalo, N.Y., 1995)
"Miraculous" Phenomena, by Joe Nickell, in The Encyclopedia of the Paranormal edited by Gordon Stein (Buffalo, N.Y.: Prometheus Books, 1996).