o
circo
recém-eleito o
ainda-não alcaide-mór decidiu comemorar a
vitória num pequeno recanto cultural da muy leal y
heróica cidade de são sebastião do rio
de janeiro: o circo voador.
acontecia à época o concerto de bolso de um
animado conjunto punk paulista chamado ratos do
porão. conde entrou com uma não menos animada
bandinha-charanga.
joão gordo, o charmoso (e paulista) cantor que
acompanhava os ratos -- enciumado, por certo -- não
gostou muito da intromissão. fernandez conde -- huh
-- foi solenemente vaiado pela juventude presente.
seu à época amigo e à época
alcaide-não-tão-mór cesar deu o caminho
das pedras: fechou o circo. acabou o circo. circo não
há mais.
o rio botequim
é
hipócrita.
o
baixo
conde portou-se direitinho
até a metade do mandato. precisava ficar bonzinho
para ajudar seu à época amigo e à
época não mais
alcaide-não-tão-mór cesar a eleger-se
governador. só que ganhou um garotinho -- apelido
dado àqueles copos de chopp pequenos --.
só que aí fernandez conde e cesar deixaram de
ser amigos. (aliás, quem nasceu pra conde nunca chega
a césar.)
bem, todas as histórias de amor chegam ao fim, e a do
alcaide-mór com a boemia velha e cultural carioca
chegou ao fim num fatídico janeiro do último
milenovecentos. pois foi então que o homi decidiu
fechar o baixo gávea. agora, beber só
até a uma hora.
diz o homi que é pra deixar os da rua dos oitis
dormir em paz. mas não seria mais fácil
só ir atrás dos camelôs que vendem
cerveja? a muy valorosa praça santos dumont
não ia ficar cheia de gente e os boêmios
poderiam beber em paz em seus bares.
a santa
não bastava o
baixo, claro, então fernandez conde decidiu subir
à parte alta da cidade de são
sebastião, onde ainda se curtia um dos últimos
bastiões do chorinho e do samba de raiz: santa
teresa.
em santa conde até deixou os boêmios beberem.
mas proibiu a música! o que será de santa sem
o samba e sem o choro? só sabemos que as ladeiras
ficaram vazias.
sabemos, que as meninas bonitas de bata neo-hippies
não andam mais por lá, que a santa ficou um
pouquinho mais distante de deus, mais próxima do
inferno.
e conde, pergunta o leitor? conde apenas ensaiava o
próximo passo. (em falso.)
os postos
agora não basta
proibir que se beba no bar. acaso o leitor estiver a caminho
de uma boa festinha de fim-de-noite, não
poderá comprar a cervejinha da festa no posto de
gasolina.
sabe por que? porque fernandez conde proibiu as lojas de
conveniência de vender bebida alcoólica. como
se o cara que dirige bêbado dirige bêbado de
coisa que comprou no posto de gasolina.
o maraca
e os bares ao redor do
maracanã? também estes não
sobreviverão! para evitar a violência no
portentoso estádio mário filho, nosso
alcaide-mór está pretendendo proibir os bares
também de vender bebidas. como se as torcidas
organizadas enchessem a cara naqueles bares ou brigassem
apenas por conta de bebida.
belini nunca imaginou que fosse testemunhar mais essa.
e o resto da
noite...
fernandez conde, aquele, o
alcaide-mór, já tem nos seus planos decretar a
lei seca. diz ele que diminuirá a violência.
agora, vem cá, não era o bêbado o
assaltado e o sóbrio o assaltante?
algum candidato a al capone por aí?
...e o resto do
rio
e os próximos
passos? ah, fernandez conde pode ser muito criativo. tivemos
acesso a informações sigilosas, vindas direto
da prefeitura, sobre os próximos planos. acha
absurdo, leitor? muito do que leste até agora era
absurdo há um ano.
a. cercar as praias no verão do
milênio para acabar com os arrastões.
b. para evitar os altos índices de
assédio sexual, proibir biquinis pequenos.
c. como as brigas no maraca continuarão,
proibirá a ida de torcedores para qualquer jogo.
futebol, agora, só na telinha.
d. como a constituição não
permite a lei seca, fernandez conde caçará o
alvará de todos botequins cariocas. mas calma... em
seus planos está alcançar a presidência.
aí, muda a constituição.
e. com medo da possível violência do
reveillón de copacabana na virada do milênio o
alcaide pretende proibir o consumo de champanhe.
... e depois diziam que era o outro
que não regulava bem.
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