Soror Catarina meditava na capela do convento parisiense quando o sol se punha, naquele dia de 27 de novembro de 1830. De repente, volta a sentir o frufru da seda que se aprosima, e ali, novamente, se depara com a Virgem, Rainha do Céu e da terra, vestida de branco e com manto azul. Estava, diz Catarina, ainda mais bela, se cabe. Seus pés descalços pousavam sobre um globo (terráqueo) também branco, do qual só era visível a parte superior; pisava uma serpente verde que rastejava sobre o mundo. No princípio, a Virgem segurava em suas mãos, na altura do coração, uma pequena esfera de ouro coroada por uma cruz. tratava-se de fato, do orbe que antigamente os reis consagrados e coroados portavam numa mão, tendo a espada na outra. Em atitude suplicante, a Virgem oferendava o orbe que fora e ainda seria destinado ao martírio. E nessa atitude, ora olhava o céu, ora olhava a terra. O pequeno grande mundo sacralizado ia se esvaindo em suas mãos...
Viu também os dedos da Virgem se encherem de anéis com gemas e pérolas. Umas brilhavam, fulgurantes, enquanto as outras estavam apagadas, e os raios daquelas desciam e se espalhavam. Então Ela disse:
"Estes raios simbolizam as graças que eu derramo sobre os que pedem. As pérolas que não emitem raios sãos as graças das almas que não pedem (...) Esse globo que tu vês - o que estava sob os pés - representam o mundo inteiro, especialmente a França e cada alma em particular."
E quando seus braços se estendiam e abriam sem apagar, um óvalo a circundou, aparecendo em volta esta frase em francês: "O, Marie, conçue sans peché, priez pour nous qui avons recours a Vous" ("Oh, Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a Vós"). quatorze anos mais tarde, Pio IX, em 8 de Dezembro de 1854, viria a declarar o dogma da Imaculada.
"Faz com que seja cunhada uma medalha segundo este modelo - ouviu em seu interior. Todos os que a portarem receberão grandes graças. As graças serão abundantes para aqueles que a levarem com confiança."
Nesse instante, a imagem deu meia-volta, formando assim o verso da medalha. Um M era atravessado por uma barra horizontal, em cujo centro encostava o mastro de uma cruz; embaixo, nas pontas da inicial havia um Coração de Jesus - circundado de espinhos - e um coração de Maria - trespassado por uma adaga. Todo o conjunto abraçado pela elipse de 12 pequenas estrelas. Catarina voltou a ter esta visão na capela um mês depois.
Mas seu mandato não se concretizou até 30 de junho de1832, quando foram cunhadas as primeiras duas mil medalhas. Quando Catarina contou ao seu confersor a primeira aparição, o padre Etienne Aladel a aconselhou a guardar silêncio e não dar tanta importância a "essa fantasia". Com a segunda, entretanto, consegui persuadi-lo, e também ao arcebispo de Paris, monsenhor Quelen. A aprovação da medalha não prejulgava o reconhecimento das aparições, que foram submetidas a processo a partir de 1836.
Em 1884, Leão XIII aprova a imagem e lhe concede privilégios líturgicos com missa e ofício próprios. Em 1892, a imagem é coroada em Roma solenemente, na Igreja de Santo Anfré delle Frate, onde a Virgem aparecera a Ratisbona nos tempos da conversão deste, e em 26 de julho de 1897 ocorre o mesmo fato na capela das aparições em Paris.
Medalha Milagrosa