Era uma vez, há muitos e muitos anos atrás, no tempo do onça e do geringonça que foi e voltou e não volta mais, em um país chamado Birmânia, uma raça de gatos brancos, com pêlos longos e olhos alaranjados, que viviam nos Templos, protegendo os monges Kittahs, sacerdotes respeitados por sua infinita sabedoria e probidade. Quando os monges morriam, suas almas não iam diretamente para o céu, mas passavam para o corpo de um dos gatos que, quando morriam, as transportavam para o paraíso.
O mais velho e mais venerado dentre todos os monges era o Sumo-Sacerdote, o velhíssimo Mun-Ha. Ninguém sabia ao certo sua idade e nem a de seu gato, Sinh, que parecia tão velho quanto o dono. A barba de Mun-Ha fora tingida de dourado pelo deus Song-Hio e sua única ocupação era o culto à deusa Tsun Kyan-Kse, ficando horas a fio contemplando-lhe a imagem, concentrado e na mais profunda meditação.
Certa noite, o templo foi invadido pelos Brâmanes, vindos do território vizinho Sião, que não podiam suportar as virtudes desses monges. Assustados, os sacerdotes foram depressa avisar Mun-Ha que, arrancado bruscamente de suas preces, deu um último suspiro e caiu morto aos pés da deusa Tsun Kyan-Kse. O gato Sinh pulou sobre o corpo de seu amado dono, impedindo que os intrusos se aproximassem. Enquanto a alma do Mestre se transferia para o corpo de Sinh, os demais sacerdotes ajoelharam-se estupefactos ao observar a transformação do gato. Os olhos tornaram-se azuis, como as safiras dos olhos da deusa Tsun Kyan-Kse. Enquanto as patas, que tocavam o hábito de Mun-Ha, permaneceram brancas, como branca e pura era a alma de Mun-Ha, sua cabeça, cauda e pernas tornaram-se marrons, da cor da terra. Ao longo do dorso, o pêlo tornou-se dourado, cor da barba de Mun-Ha.
Durante sete dias Sinh permaneceu de vigília junto ao túmulo de seu Mestre, morrendo, então, para levar a alma de Mun-Ha para o lugar de êxtase eterno. Em seguida, todos os demais gatos do templo se transformaram e adquiriram as cores de Sinh.
Em 1919, mercenários europeus, ao visitar um Templo na Birmânia, ficou fascinado com a beleza dos gatos, seqüestrando um casal e levado-o para a França, mas apenas a fêmea, grávida, sobreviveu à viagem. Vendida para um criador, deu início à criação ocidental.
Assim, sabe-se, até hoje, que os Gatos Sagrados da Birmânia são extremamente afetuosos e dedicados a seus donos.
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Cynthia Guimarães Tostes Malta
Última revisão: Janeiro 26, 2001.