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O Evangelho das Maravilhas, de Arturo Ripstein

CARLOS REICHENBACH:
Filmografia e entrevista
a propósito de TAKESHI KITANO
a alma do EXPRESSIONISMO ALEMÃO
e sua tradução estética no cinema
CINEMA: Entre o mito e a realidade
SARACENI e O VIAJANTE

Cinema pós-novo, cinemas marginais:
como pensar sua história?

Praticar a história do cinema é uma atividade que envolve o nosso presente. Se nos remetemos ao passado para explicar alguma coisa, é para melhor abrir caminhos para um porvir do qual não sabemos muita coisa. Começaremos com essa pesquisa sobre o cinema marginal, ou pós-novo, uma serie de interrogações sobre o nosso passado cinematográfico e sobre a importância que ele tem hoje.

Talvez seja o cinema que mais dá a idéia de sua época. Como a chanchada à sua época, foi rejeitado pelos moldes oficiais do cinema "sério" (foram recusados em festivais nacionais, por exemplo) para ser depois reagrupado e devidamente desviado de seu verdadeiro sentido como "um momento" do cinema brasileiro, que é o que se fala desse cinema até hoje. Contracampo vê além disso: vê um dos momentos mais prolíficos do cinema brasileiro, um momento em que nasceram alguns dos cineastas mais importantes do atual cinema feito no Brasil – Rogério Sganzerla, Carlos Reichenbach, Júlio Bressane, Ozualdo Candeias, José Mojica Marins, por exemplo.

Fazer um retorno ao cinema udigrudi é, por fim, voltar a um cinema desprovido da marketagem "artística" e do tão alardeado "padrão de qualidade" que mais atrapalha o atual cinema brasileiro do que ajuda. Exercício de um cinema de Terceiro Mundo, de um cinema que sabe onde está, o cinema marginal fala por si só; não precisamos falar por ele.

Apresentamos também em julho dois textos — cuja linha esperamos que se mantenha — que aprofundam o cinema em outra linha. É fundamental que o cinema seja mais do que falar sobre os filmes que saem, sobre os cineastas em voga. E os textos sobre expressionismo e mito vêm reforçar o desejo diferenciado de cinema da revista: não uma indiferenciação, mas uma tomada de posição em relação a um universo muito mais vasto do que o cinema, que abarcaria todo o ramo dos valores – ou seja, das ciências humanas. Há no cinema antropologia, história, filosofia, sociologia. Fugir disso seria não dar conta do cinema em seu aspecto maior, seria não questionar as bases de sua produção e seu real poder de instauração.

Ruy Gardnier

Contracampo é: Alfredo Rubinato, Bernardo Oliveira, Eduardo Valente, Marlos Salustiano, Rafael Viegas, Ruy Gardnier e Vágner Rodrigues Colaboradores: Christian Caselli, Eduardo Guerreiro, Fabian Nuñez, Jayme Chaves. Na França: Julien d'Abrigeon. Coordenação geral: Ruy Gardnier.

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