TERAPIAS MODERNAS MELHORAM A VIDA DOS PORTADORES DE CROHN
artigo publicado na revista Caras - Saúde.
A doença de Crohn, uma desregulação no sistema imunológico do intestino, ainda não tem cura. Mas novos tratamentos vêm diminuindo as complicações e as internações. E nos próximos anos, com novas drogas, talvez seja possível mantê-la inativa por longos períodos. Procure ter bom vínculo com o seu médico e siga as recomendações. Ajudam bastante.
Há uns dez anos, informar para uma pessoa que ela tinha doença de Crohn era muito duro. Crohn é uma doença inflamatória causada por desregulação no sistema imunológico do intestino. Não tem cura, e o tratamento é pelo resto da vida. Nas crises, provoca diarréia, dor abdominal, febre, sofrimento articular, pode haver formação de fístula, exigindo às vezes internação e cirurgia. Ainda hoje não é fácil dar esse diagnóstico. Afinal, a doença é crônica, afeta homens e mulheres e pode começar na infância, na adolescência ou na idade adulta. Porém, o crescente conhecimento de seus mecanismos tem possibilitado novos tratamentos. O resultado é a melhora da qualidade de vida dos portadores de Crohn, com diminuição de internações e complicações.
Trocando em miúdos. Imagine um supercondomínio com muita gente morando em clima de paz. É o intestino humano, usualmente habitado por bilhões de bactérias inofensivas. Elas fazem parte da flora intestinal normal. De sorte que, se algum organismo estranho chega, o sistema imunológico cadastra-o imediatamente, guardando os dados na memória. Se for visitante do bem, a segurança o reconhecerá nas próximas entradas e ele passará tranqüilo pelas guaritas. Assim, no decorrer da vida, a maioria das pessoas desenvolve uma convivência pacífica com a sua flora intestinal. Isso, no entanto, não acontece com quem sofre de Crohn. Devido à desregulação do sistema imunológico, seu intestino responde de forma exagerada até à flora normal: em vez de as bactérias amigas receberem os habituais "olá" ou "bom dia", são tratadas como estranhas pela equipe de vigilância, que é chefiada pelo Fator de Necrose Tumoral.
O TNF dá a ordem para as defesas agirem, provocando a inflamação intestinal. Pois são os mecanismos envolvidos nesse processo biológico que os tratamentos modernos utilizam como estratégia para combater a doença. São as chamadas terapias biológicas, desenvolvidas por engenharia genética e biologia molecular. Uma delas: a dos anticorpos anti-TNF, medicamentos que neutralizam a ação do chefe do sistema de defesa; o infliximabe foi o primeiro. Outra: os anticorpos contra adesinas. Explico. Para sair dos vasos sanguíneos, penetrar nos tecidos e inflamar o intestino, os linfócitos (células de defesa) precisam se ligar às moléculas de adesão. Elas funcionam como um código secreto para a passagem. Os anticorpos antiadesinas inativam essas moléculas, e os linfócitos e neutrófilos (outro tipo de célula de defesa) não conseguem penetrar no tecido, reduzindo assim o processo inflamatório.
Existem cerca de 15 drogas do tipo terapia biológica em investigação no mundo, das quais três já lançadas e outras a caminho. Em conseqüência, nos próximos anos, talvez seja possível o controle mais efetivo da doença, mantendo-a inativada por longos períodos. E, para alguns pesquisadores, a tendência será tratá-la com "coquetéis". A combinação de várias drogas permitiria agir nos diversos mecanismos envolvidos no processo inflamatório, possibilitando maior sucesso do tratamento.
E a cura? Ainda demora. Até lá, sugiro o que recomendo a todos os meus pacientes com Crohn:
- Procure se adaptar à doença e às suas limitações. Fica mais fácil a convivência. Estresse não causa Crohn, mas pode aumentar a percepção das crises.
- Tenha um bom vínculo com o seu médico.
- Em caso de febre, vômitos, náuseas, piora da diarréia, contate-o. A interferência precoce evita complicações maiores.
- Siga à risca o tratamento de manutenção. Tem menos crises quem o faz corretamente.
- Faça o seguimento periódico da doença, de acordo com as orientações do seu médico. Algumas vezes, basta uma consulta a cada dois, três meses; em outras, precisa-se de mais visitas. Essas medidas, acredite, ajudam bastante. Cuide-se bem e boa sorte.
Uma das complicações mais comuns na doença de Crohn é a formação de estenoses (estreitamento de segmento do intestino). Na verdade, a presença de estenoses freqüentemente permite ao médico fazer o diagnóstico inicial da doença, principalmente quando afeta o íleo terminal ( a parte mais baixa do intestino delgado). Um tipo de raio x conhecido como trânsito intestinal é usado para detectar estenoses no intestino delgado. Em alguns casos a doença ativa causa o estreitamento do intestino. Mas a maioria das estenoses ocorre depois da inflamação debelada. O segmento do intestino inflamado cicatriza ou apresenta formas de tecido fibroso(fibrose). A estenose não provoca dor e uma vez estabelecida não há tratamento para reverter a cicatriz. Às vezes tornam-se tão estreitas, (devido a formação de novas cicatrizes) resultando em obstrução parcial ou total, impedindo a passagem da matéria fecal. A estenose se não tratada pode levar a sérias complicações. A obstruçao ocorre ocasionalmente no colon, mas é mais comum no intestino delgado. Se a inflamação é a causa primeira da estenose, o tratamento medicamentoso ( ex: imunossupressor) pode ajudar a controlar as obstruções. Em alguns casos o médico pode introduzir um tubo nasogástrico e usar sucção para desubstruir o segmento. Mas, se o tratamento falhar é necessária a cirurgia. Mais comumente a obstrução é causada por cicatriz ou fibrose grave. Quando isso acontece a cirurgia é recomendada. Se a estenose é no intestino delgado, pode se extirpar o segmento estenosado ou aumentar o segmento estreitado. ( através de um procedimento chamado: estenoplastia ). Às vezes, as estenoses podem ser dilatadas usando-se um cateter através de um endoscópio. (esse procedimento tanto serve para o colon como para o intestino delgado) Menos pacientes que sofrem de obstrução do colon precisam submeter-se a cirurgia. Esta é mais comum nas obstruções do intestino delgado.
Pesquisadores estão tentando aprender mais sobre o processo de recuperação do intestino. -Como o intestino responde ao dano causado pela inflamação? -Como essa resposta leva a estenose do tecido? As respostas vão ajudar no entendimento das investigações, e ajudar a prevenir a formação de estenoses. Enfim, as respostas vão fornecer importantes dados sobre os efeitos da inflamação no sistema gastrointestinal. No outono de 1995 um artigo do jornal médico do CCFA, "Inflamatory Bowel Diseases " Martin F. Graham, M.D. ( Medical College of Virginia/Virginia Commonwealth ) resumiu o progresso dos pesquisadores nessa área. Ele explicou que inflamação grave pode causar úlceras no intestino. Se uma úlcera não for curada, pode vir a ser tão profunda que pode produzir perfuração – um buraco na parede do intestino. O mais sério tipo de perfuração, conhecido como perfuração livre direta, permite que o conteúdo do intestino saia pelo buraco para o peritoneo ( na cavidade abdominal) levando a uma peritonite. Felizmente é uma complicação rara, graças ao auto processo de recuperação dos intestinos. Quando atingido, o sistema imunológico rapidamente mobiliza suas forças no sentido de reparar o tecido danificado. Ironicamente, Dr. Graham observa que esse processo de reparação pode expor o intestino a um perigo que se procura evitar. Isso ocorre porque a reparação do dano causado pela inflamaçao não leva em conta um importante fato: O intestino não funciona propriamente a não ser que ele tenha uma largura que permita que a matéria fecal passe facilmente. A cicatriz e a fibrose que se formam após o processo de recuperação da inflamação, pode causar um bloqueio impedindo a passagem da matéria fecal, que pode levar a perfuração. Pesquisadores, então , esperam desenvolver terapias que previnam a formação de estenoses e a consequente obstrução que elas provocam. Nos últimos anos, cientistas aprenderam que células da musculatura lisa do intestino tem um papel importante no processo de reparação do intestino. Essas células ativam uma complexa cadeia de eventos,envolvendo os componentes do sistema imune do hospedeiro que estimula a produção de colágeno. (Colágeno é a maior proteína encontrada em todos os ossos , tendões, tecidos conjuntivos, relacionado à resistência mecânica dessas estruturas) . No esforço de recuperar a parede do intestino danificada, essas células causam um depósito de colágeno maior que o normal na área agredida pela inflamação. Em algumas pessoas, o processo de reparação não compensa pelo dano ocorrido: as cicatrizes nas paredes da musculatura intestinal se espessam e os músculos não conseguem se mover delicada e facilmente. Resumindo, as estenoses comprometem a habilidade do intestino funcionar eficientemente. Os pesquisadores, estão agora direcionados a descobrir como o sistema imunológico está envolvido no processo de reparo do intestino e definir suas exatas funções. Por exemplo, é provável que o interleukin – 1 beta, um membro da família das proteínas, tem um envolvimento importantíssimo. Investigadores também querem examinar o impacto que várias terapias podem exercer no processo de reparação. Por exemplo, verapamil, um bloqueador de cálcio, pode inibir que células lisas dos músculos respondam a lesão dos intestinos e prevenir a construção de colágeno. Esses estudos podem conter a chave para melhor tratamentos para pessoas que sofrem de inflamação dos intestinos.
Informações traduzidas do site CCFA.
O uso de ultrasonografia, ou ultra som, é uma técnica útil e não evasiva para detectar primariamente algumas complicações da doença de Crohn, de acordo com pesquisadores de Sacco University Hospital em Milão, Itália. Os resultados desses estudos foram publicados em agosto na edição "Doenças Digestivas e Ciência" . Ultrasonografia é o diagnóstico que usa ondas ultrasonicas para visualizar estruturas internas do corpo, tais como os intestinos. Enquanto ultrasom tem sido usado como método de diagnóstico da Doença de Crohn não havia estudos prévios para avaliar sua eficácia em detectar estenoses (porções estreitas do intestino), fístulas (canais anormais que conecta duas alças dos intestinos, ou do intestino e outro orgão) e abcessos( bolsas de pus). De fevereiro/1994 a setembro/1995 os pesquisadores estudaram 98 pessoas com Crohn que tinha feito uma completa evolução endoscópica e radioscópica do trato intestinal. Eles acharam que transabdominal ultrasom acessaram corretamente estenoses em 84.6 % dos pacientes, e abcessos em 83.3%. No entanto, somente 50% das fístulas foram descobertas via ultrasom. Eles constataram, que enquanto endoscopia e raio X são melhores procedimentos para mostrar as maiores complicações da doença de Crohn há momentos em que essas técnicas invasivas não sejam apropriadas (mulher grávida ou pessoas com doença ativa). Eles concluiram que ultrasom oferece uma opção a pacientes que, ou não querem ou não podem se submeter a esse tipo de procedimento. Os dados sugerem que ultrasom pode ser um substituto apropriado para revelar estenoses e abcessos.
Informações traduzidas do site CCFA.
( Reuters- 1997)
Chá verde pode ajudar a prevenir o câncer, segundo estudo publicado hoje na revista "Nature" (387,561-1997) Pesquisadores do Medical College de Ohio afirmam que o chá contém grande quantidade de uma substância chamada catequina. " Um dos principais compostos do chá verde é capaz de inibir uma proteína chamada uroquinase, crucial para o crescimento do tumor maligno", disse Jerzy Jankun um dos autores do estudo. Pesquisadores já sabiam que chás, especialmente o verde, contêm substâncias capazes de proteger contra o câncer, mas não sabiam como elas agiam. Segundo o estudo norte-americano, um tipo de catequina, conhecido como epigalocatequina-3 galato (EGCG) é capaz de agir sobre a uroquinase, substância encontrada em grande quantidade em cânceres que atacam os seres humanos. A EGCG se liga à proteína, impedindo que a uroquinase forme tumores. "A inibição da uroquinase pode reduzir o tamanho dos tumores e até mesmo causar a completa remissão de tumores em camundongos", escreveu na revista o grupo de pesquisadores. Os cientistas também compararam as doses de catequinas encontradas no chá verde a uma droga chamada amilorida, que age de modo parecido, mas é usualmente usada para tratar hipertensão. "Amilorida é administrada em doses máximas de 20 mg por dia, enquanto uma xícara de chá contém 150 mg de EGCG. Tais níveis poderiam reduzir a incidência de câncer em humanos ou o tamanho de tumores já formados."
da "Reuters
"Folha de São Paulo, 24 de junho de 1998"
Uma técnica de cultivo de tecidos deve permitir o crescimento de novos órgãos dentro do corpo humano, informou ontem a empresa de bioengenharia Advanced Tissue Science (ATS), da Califórnia, Costa Oeste dos EUA. A empresa diz que já conseguiu repor fígados de ratos e de cachorros e gerar novos músculos cardíacos em animais com doenças do coração. Os estudos passam agora a ser realizados também por pesquisadores do Massachusetts Institute of technology (MIT) e pelo Childrens Hospital de Boston, ambos no Estado de Massachusetts, nos EUA. A ATS prevê que os testes em humanos devem começar em dois anos. A prinçípio, seria testada a substituição parcial de ossos e músculos do coração. Em 10 anos teriam início os testes de reposição de fígados inteiros. A empresa prevê um intervalo médio de três anos entre os primeiros testes e a liberação da técnica pelo FDA, órgão que regulamenta medicamentos e alimentos nos EUA. Segundo Gail Naughtonm presidente da ATS, caso seja aprovada para uso humano, a técnica poderia aliviar a demanda de órgãos para transplante. "Criamos algo jovem e saudável para substituir o órgão danificado", disse. Chamada de engenharia de tecidos, a técnica consiste em cultivar células de um determinado órgão dentro de recipientes de material biodegradável que depois são implantados no interior do corpo dos pacientes. As células se multiplicam, alimentadas e controladas pelo próprio organismo do receptor. Quando as células ocupam todo volume, assumindo o formato do órgão desejado, o recipiente já se dissolveu. As células originais podem pertencer ao paciente ou a um doador compatível. Segundo Naughton, uma vantagem é que o novo órgão nasce em perfeito estado, sem as doenças e os defeitos comuns nos caso de órgãos transplantados.
Como seria criado um novo órgão
PESSOAS COM PROBLEMAS INTESTINAIS BUSCAM TERAPIAS ALTERNATIVAS
É comum o uso da medicina alternativa entre as pessoas que sofrem de inflamação intestinal. Robert Hilsden, MD, (University of Calgary, Alberta), demonstrou esse fato num artigo do Jornal Americano de Gastroenterologia em outubro de 1997.
Dr. Hilsden mandou um questionário para 222 pacientes que sofriam de problemas intestinais catalogados pela universidade. O formulário continha algumas perguntas que caracterizavam a doença; o uso atual e passado de medicina convencional e alternativa,( como tratamento complementar) e as razões das pessoas procurarem tratamentos alternativos.
RESULTADOS
Responderam 134 pessoas. 98 tinham doença de Crohn. 34 retocolite ulcerativa, 1 tinha uma colite indeterminada e outro não indicou o tipo da doença inflamatória. As pessoas com doença de Crohn tinham já tinham sido hospitalizadas, usavam corticoides ou tinham feito alguma cirurgia. 51% de todos os participantes tinham usado alguma forma de terapia alternativa nos últimos 2 anos; 63% disseram ter usado mais que um tipo , e 22% tinham tentado 4 ou mais tratamentos complementares. A maioria dos doentes de Crohn estavam usando medicina complementar ao contrário daqueles que tinham retocolite.
A medicina alternativa era comum a todos aqueles que tinham a doença há mais de 10 anos e que já tinham sido hospitalizados. 33% do grupo estava usando essas terapias e a metade usava para as inflamações intestinais. O fato de terem a doença há muito tempo, de terem passado por cirurgia e de terem sido tratados com corticóides por via intravenosa, eram os principais motivos de estarem usando as técnicas alternativas.
A razão de estarem usando outros métodos era devido aos efeitos colaterais indesejados ou pela ineficiência dos remédios convencionais. A maior motivação era a melhora da qualidade de vida. As pessoas queriam envolver-se mais no problema e assim controlarem melhor a sua saúde. As vitaminas eram as mais usadas, segundo 65% dos entrevistados .(as vitaminas normalmente usadas, como a vitamina D e a B12, não eram consideradas como alternativas). 40% disseram usar ervas como o ginseng e o aloe. 30% dos participantes tinham tentado terapias como a quiropatia, massagem e reflexologia. 16% usavam fórmulas manipuladas e 9% homeopatia.
RESPONSABILIDADE DO MÉDICO
22% disseram que seus médicos haviam perguntado sobre o uso de medicina complementar. Dentre aqueles que não haviam sido perguntados, 48% contaram a seus médicos sobre suas aventuras na medicina alternativa. Aqueles que não contaram a seus médicos , citaram as suas razões que eram principalmente: ou eles acreditavam que seus médicos rejeitariam a idéia ( baseados em experiências anteriores) ou eles achavam que seus médicos não conheciam nada sobre essas medidas alternativas. Esse tipo de pensamento e comportamento cria um problema no que diz respeito a segurança dos pacientes, disse o Dr. Julian Katz e Linda Weinberg. "É de responsabilidade do médico, não só descobrir medicinas complementares, mas também monitora-las diligente e conscientemente, além de avaliar o uso dessa medicinas, principalmente aquelas que tenham sido documentadas como tóxicas", escreveu Dr. Katz e Weinberg. Eles recomendam que o médico documente o uso dessas medicinas . Eles devem listar o nome e o tipo de terapia usada, as razões porque começaram a usá-las, a duração do uso, dosagem , frequência e os efeitos adversos. Dr. Katz e Weinberg também recomendam que os médicos conheçam mais sobre terapias alternativas. Um dos recursos que podem ser usados é via Internet. (ex: Herb Research Foundation- www.herbs.org) "Os médicos tem que estar alertas às terapias alternativas usadas pelos seus pacientes", escreve Dr. Hilsden. "Eles tem que entender que os pacientes vão usar terapias complementares e que eles como médicos podem, ou serem excluídos totalmente disso pelos seus pacientes ou podem atuar como conselheiros ou fonte de informações".
RESPONSABILIDADE DO PACIENTE
No caso de se tomar uma decisão sobre como cuidar da sua saúde, as pessoas interessadas em terapias alternativas devem suportar alguma responsabilidade e tomarem decisões inteligentes também.
Muitos produtos a base de ervas são recomendados pela literatura popular, sem provas científicas de segurança. Achar que "natural" é sinônimo de "inofensivo" pode ser perigos, diz o Dr. Katz e Weinberg no seu artigo de fevereiro de 1998, no jornal de medicina Escocês.
Alguns remédios a base de ervas tem-se mostrado perigosos e até com propriedades letais, devido o fato dos ingredientes usados poderem estar contaminados ou por metais pesados ou por bactérias, como também até devido a idade ou características genéticas do paciente.
Se você está pensando em usar tratamentos complementares, discuta seus pensamentos com seu médico. Juntos poderão decidir se o tratamento é seguro e apropriado para o seu caso.
- artigo cedido pelo CCFA
COMO O SEU SISTEMA DIGESTIVO FUNCIONA ?
Está certo que isso não é assunto de bate-papo para uma festa . Mas, na televisão onde se discutem os mais comuns problemas íntimos, o tema sobre o sistema digestivo permanece um tabu. Está na hora do sistema digestivo sair do armário. É incrível que mesmo as pessoas que sofrem de doenças inflamatórias dos intestinos não sabem como seu sistema digestivo funciona.
COMO SEU INTESTINO O ALIMENTA
Você pode pensar que você alimenta o seu intestino. Na verdade, é o seu intestino que o alimenta. A maioria dos alimentos seriam tão mortais como veneno se eles entrassem diretamente na sua corrente sangüínea. Seu intestino pode ser melhor descrito como um elaborado "separador" de comida. Com exceção das fibras ( nozes, farelo, fibras do aipo e outras fibras), seu intestino desagrega tudo o que você come em pequenos componentes para que o seu organismo pode usar. Ele converte a proteína da carne de em pequenos aminoácidos. Transforma os carboidratos do seu purê de batatas em glicose. Só então ele passa esses nutrientes para a sua corrente sangüínea. Esse processo de quebra das grandes moléculas em pequenas partes é a condição necessária para a digestão. Sem a magia química da digestão, mesmo se você engolir você mesmo, você logo morreria de fome. Assim, o seu intestino alimenta você.
SISTEMA DIGESTIVO SUPERIOR
Seu sistema digestivo, da sua boca ao esfíncter é um único, longo canal, tubo muscular de mais ou menos 9 metros. Sem nenhum esforço de sua parte, os músculos do intestino contraem e relaxam para mover a comida e os líquidos pelo trato digestivo para serem processados. É claro que a digestão começa quando sua comida é quebrada primeiramente em pequenos partes pela sua mandíbula , dentes e saliva. Depois de mastigar e engolir, sua comida é impelida para baixo, através do esôfago para dentro do estômago. Na parte final do esôfago, uma válvula de uma só direção (esfíncter do esôfago) evita a volta da comida do estômago para o esôfago. A disfunção dessa válvula é a causa mais comum da azia.
INTESTINO DELGADO
No meio do seu abdome estão 6 metros de intestino delgado. É lá que o processo final da digestão e absorção de nutrientes tem lugar através de 2 galões de comida, líquidos e secreções digestivas que você processa por dia. O intestino delgado é dividido em três seções: a primeira parte chamada duodeno; no meio está o jejuno; e na última parte o íleo. O intestino delgado é revestido de intricados feixes de músculos, que nunca tem repouso. As contrações musculares causam os movimentos que carregam o seu conteúdo para baixo - como se fosse uma correia de transporte. Para melhorar a absorção, as moléculas da comida tem que estar em contato com inúmeras células especiais. Para a realizar essa absorção, as paredes do intestino são cobertas por 10 bilhões de microscópicos fios, os quais absorvem os nutrientes para o seu sistema circulatório. Se o seu intestino não possui esses fios, está liso, ele apresenta somente 6 pés quadrados de superfície de absorção ( mais ou menos 1820 metros quadrados). Deveria apresentar 12.000 quadrados - mais ou menos o tamanho de duas quadras de tênis ! É claro, que é aqui no intestino delgado que a doença de Crohn freqüentemente causa problemas de inflamação, ulceração e estenoses.
SEU INTESTINO GROSSO - RECICLANDO ÁGUA PRECIOSA
Assim que a parte boa dos alimentos é aproveitada, seu intestino passa a pasta inaproveitável para o intestino grosso. Algumas vezes chamado de grande intestino devido ao seu diâmetro , o cólon mede somente 5 pés. O intestino grosso começa no ceco, e é porisso que o apêndice causa dor na parte direita do abdome. Na junção do intestino delgado e do ceco há uma válvula chamada de válvula ileocecal que evita que o material do ceco volte para o íleo. Seu ceco continua como colo ascendente do seu lado direito. Logo abaixo do fígado, faz uma curva acentuada. O intestino grosso continua através da parte superior do abdome como cólon transverso, somente para fazer uma nova volta acentuada. O intestino grosso continua direto descendo pelo lado esquerdo como cólon descendente e então numa forma de "S" chamado cólon sigmóide. É aí que a maioria de "bolsas" de diverticulite se formam. O cólon sigmóide se conecta ao chamado reto. O reto continua diretamente ao pequeno canal anal, que termina com o esfíncter anal. Este é a válvula que tem que permanecer fechada para evitar incontinência fecal e abrir corretamente para permitir o esvaziamento do intestino. Não há absorção de nutrientes no intestino grosso, e o seu principal trabalho é reivindicar o excesso de água desperdiçada pelo intestino e reciclá-lo para o sistema sangüíneo para ser usada de novo. Pense nisso como um sistema de "tratamento de água". Enquanto o líquido desperdiçado se move, ele vai gradualmente secando e forma um sedimento sólido, o qual é expelido como fezes. Quando a doença de Crohn ou colite ulcerativa afeta o intestino grosso, esse processo é alterado, resultando em sintomas de diarréia, urgência na evacuação, sangramento retal e dor abdominal. Quando o seu sistema digestivo está funcionando normalmente, você não se dá conta dessas complicadas funções. É como um "piloto automático" servindo você . No entanto, algumas vezes o seu mal funcionamento , leva a estressantes e sérios problemas. Não se embarace se você tiver problemas intestinais persistentes. Consulte o seu médico.
Dr. Robert D. Fusco