Imunização no
Paciente com HIV
Os estudos sobre a segurança e eficácia
das vacinas nos pacientes infectados pelo HIV, atualmente existentes ainda são
controversos.
Se, por um lado, as pessoas infectadas
pelo HIV precisam de proteção contra as doenças que possam ser evitadas pelas
vacinas disponíveis atualmente, por outro lado, ainda são muitas as dúvidas
sobre a eficácia e segurança das vacinas nesses pacientes. É evidente que
frente à infecção pelo HIV, há uma gama variada de situações que devem levar em
conta os riscos de se adquirir determinada doença, em que estágio da infecção
pelo HIV se encontra o paciente a ser vacinado e, por fim, o risco da vacina
vir a desenvolver nestes pacientes a própria doença, nos casos das vacinas de
vírus vivo. Além disso, existe hoje a preocupação que estímulos biológicos
possam vir acelerar a infecção pelo HIV. No caso das vacinações em crianças,
isto não parece ter relevância. No caso dos adultos, essa preocupação é maior.
Deve-se evitar vacinas de vírus vivos em
pacientes com imunodeficiência clínica ou laboratorialmente grave.
Sempre que possível deve-se adiar a
vacinação em pacientes sintomaticamente ou laboratorialmente grave, até que um
grau de recuperação imune seja conseguido com o uso de medicação
anti-retroviral, com a finalidade de melhorar a resposta vacinal e reduzir o
risco de complicações pós-vacinal.
Uma questão muito importante é a vacinação
das pessoas que convivem com a pessoa infectada pelo HIV.
Devido à natureza controversa das condutas
a serem adotadas diante desses pacientes, sugerimos que cada paciente consulte
seu médico e, este certamente estará apto a orientá-lo, conforme sua situação
Fonte: Site da Aventis Pasteur e Manuais
dos CRIEs da FUNASA.
O
texto a seguir foi extraído da revista "Vacinação" - ano VII - Nº 3,
e trata sobre observações feitas pela Dra. Regina Célia Menezes Succi*, no IV Simpósio
Brasileiro de vacinas, realizado no Othon Palace Hotel no Rio de Janeiro, em 22
de março de 2002.
* Pediatra chefe do setor de Aids do Departamento de Pediatria da Escola
Paulista de Medicina, da Universidade Federal de São Paulo.
Inicialmente
a dra. Regina Célia lembrou que o número de crianças que sobrevivem à presença
do HIV é muito grande, graças às novas drogas. Desta forma a AIDS deve ser
considerada uma doença controlável, de boa sobrevida, impondo problemas
peculiares e novas dúvidas, entre elas a postura sobre as diversas imunizações.
Por
outro lado esta população é muito heterogênea, compondo espectros clínico e
imunológico muito variáveis. Alguns são portadores assintomáticos há 15 anos,
ao passo que outros apresentam um progresso muito rápido da infecção sobre as
reações orgânicas, podendo chegar ao desenlace fatal em poucos meses, se não
for realizado o tratamento de forma adequada.
"De
modo geral, o comprometimento imunitário é progressivo". Assim sendo e
havendo condições favoráveis à imunização, esta deve ser feita imediatamente,
pois não se pode garantir a permanência desta situação.
"Muitos
pacientes pediátricos foram vacinados há mais de dez anos, numa fase me que não
se sabia que eram portadoras do vírus. Estas crianças estão chegando à
adolescência, e ainda vamos ter que observar o que vai acontecer", disse a
dra. Regina Célia." Não estamos seguros, por exemplo, da duração da
imunidade provocada nesses indivíduos pelo procedimento vacinal".
·
VACINAS QUE PREOCUPAM
Como
norma geral, não se recomenda a vacina de vírus vivos para os indivíduos que
atingiram graus importantes de imunossupressão. Mas a terapêutica antiviral é
cada vez mais eficaz, e muitos pacientes já conseguiram sair desta condição
altamente desfavorável. Mesmo considerando a vacinação de pacientes
assintomáticos e com uma aparente integridade da resposta imune, não se tem
segurança sobre a magnitude e a duração da imunidade; acredita-se que sejam
inferiores àquelas obtidas em indivíduos imunocompetentes.
Assim
esses indivíduos devem receber proteção antinfecciosa específica (antibióticos,
imunoglobulinas, etc.) sempre que entrarem em contato com determinados agentes
infecciosos, como se não tivesssem recebido as vacinas.
VACINAÇÃO DAS CRIANÇAS ACOMPANHADAS DESDE O NASCIMENTO
§
POLIOMIELITE:
Contra
a Poliomielite deve-se usar a vacina inativada (injetável) em lugar da vacina
de vírus atenuado (oral).
§
BCG:
Deve ser
feita de forma rotineira. Nos estados em que se administra uma segunda dose,
esta não deve ser feita.
§
TRÍPLICE + HEMOPHYLUS tipo b:
Sempre
que possível, deve-se preferir a vacina tríplice acelular, para dimnuir os
riscos de efeitos adeversos. Não há contra-indicação para vacinas conjungadas
ou de fragmentos de microrganismos
§
GRIPE:
A
vacina contra a gripe deve ser dada, no esquema habitual, a partir dos 6 meses
de idade, não só para proteger a criança, mas também para que não fique doente
e transmita a virose para adultos com HIV. Se houver preocupação com o número
de vacinas dadas aos 6 meses, pode-se dar a primeira dose aos 9 meses. A
segunda dose é dada 2 meses após a primeira.
§
PENUMOCÓCICA CONJUNGADA:
Já
existe uma orientação oficial para o uso desta vacina a partir dos 2 meses de
idade.
§
FEBRE AMARELA:
Esta
vacina está indicada apenas quando houver alto risco de aquisação em crianças
que não tem comprometimento clínico ou imunológico de grau médio ou severo.
§
VARICELA:
A primeira
dose da vacina de vírus atenuado contra varicela está indicada aos 12 meses, e
a 2ª dose aos 14 meses, apenas para crianças ns categorias N1 e A1.
§
HEPATITE A:
Não tem qualquer
contra-indicação para crianças com HIV.
§
TRÍPLICE VIRAL:
Como
contém a vacina de vírus vivo contra o sarampo, esta vacina desperta
preocupação. Criança com manifestações ou exames que indiquem imunossupresão
não devem receber a vacina.
§
ROTAVÍRUS:
A vacina contra
o Rotavírus até o momento está contra indicada em pacientes com imunodeficiência
primária ou adquirida.
CRIANÇAS COM IMUNIZAÇÃO INCOMPLETA
Diversas
crianças chegam ao serviço da dra. Regina Célia com muitas ausências no
calendário de vacina. As mais comuns são:
§
HEMOPHYLUS tipo b:
Mesmo
crianças com mais de 5 anos de idade devem receber duas doses desta vacina, com
intervalo de 8 semanas.
§
ANTIPNEUMOCÓCICA:
Se a
criança não fez o esquema disponível para a vacina heptavalente e tiver entre 2
e 5 anos de idade, ela deve receber duas doses da vacina heptavalente, com
intervlo de dois meses, seguidas de duas doses 23-valente, com o mesmo
intervalo. Se a criança estiver com mais de 5 anos de idade, basta uma dose da
23-valente, com nova dose após três anos.
§
VARICELA:
Desde
que se enquadre nas categorias menos graves, a criança deve receber duas doses.
§
GRIPE:
Em
qualquer idade (após os 6 meses de vida), a criança deve receber duas doses no primeiro
ano que se imuniza.
OUTROS GRUPOS
§
ADOLESCENTES:
O
adolescente e o adulto com HIV precisam receber todas as vacinas descritas
anteriormente. O adolescente deve receber o reforço da dupla ou, sempre que
possível, a triplice bacteriana acelular, lançada recentemente.
§
GRÁVIDAS:
A
gestante soropositiva deve receber a dupla da mesma forma que as soronegativa.
Para mais informações sobre vacinas na gestação cilque
aqui.
§
ADULTOS:
A vacina
tríplice viral, quando indicada em adultos, pode ser usada, em dose única, se o
paciente não tiver sintomas da doença e se a contagem de CD4 for superior a
200/mm3.
§
VACINA DE HEPATITE B:
Não existem
contra-indicações em qualquer idade, mas usa-se esquema habitual com dose
dupla da vacina contra a hepatite B.
§
VACINA DA FEBRE AMARELA:
O
indivíduo deve ser orientado a não ir a regiões endêmicas. Se o adulto for
morar em regiões de alto risco, deve ser vacinado se a contagem de CD4 for
superior a 200/mm3.
§
VACINA DE VARICELA (CATAPORA):
Até o
momento, a vacina é contra-indicada em adultos, mas, acompanhando a tendência
geral, é provável que a orientação se modifique, e a vacina venha a ser
indicada, principalmente se os parâmetros hematológicos estiverem em níveis
normais.
Fonte: revista
Vacinação, publicação da GSK, Ano VII - nº 3.