A caminhada...


Os poemas a seguir, foram escritos entre 1994 e 1997. O ano de 97, em especial, foi um ano de intensa inspiração no qual escrevi muitos poemas, de qualidade variável ... destaco o poema "O segundo perdido" com o qual fui premiado no concurso literário da Escola Técnica da UFRGS.





Tormento


Jovem !
Desperta para a vida,
E descobre um mundo novo
Mas cuidado com os percalços,
Que te atormentarão.
Cuidado para não perder o juízo,
E implodir em tua raiva
Então a Lua te pergunta:
- O que há ?
E tu; insensato
Responde com grosserias.
Tão logo as estrelas sussurram
Sobre tua derrota perante a vida,
Ao te ver cair por terra.
Jovem ...

escrito em 9 de julho de 1994




O Que aconteceria


O que seria do sol sem a lua,
E da pétala sem o espinho.
O que seria da vida sem a morte,
Ou da estrada sem o caminho.

O que seria da alegria,
Se não houvesse a dor.
E mesmo do ódio,
Sem o profundo amor.

E o que seria de tudo,
Se não houvesse nada.
Nem claro, nem escuro,
Nem passado ou futuro ...

escrito em 8 de agosto de 1995




O Instante


Será que o nosso tempo acabou ?
Terei perdido minha chance ?
Minha única chance ?
Não me diga isso.
Se eu ainda te amo ...
Já não sei o que dizer ...
Já não sei pra onde ir ...
Será que enfim chegou o fim ?
Basta !
Não há mais nada a ser dito.
Não há mais nada a ser visto.
E tampouco escrito.
Saio da tua vida ...
Como uma folha no campo,
Que o vento voraz levará,
E a vida por fim cicatrizará.
Saiba apenas ...
Que por um instante eu te amei.

escrito em 17 de março de 1997




A Chuva


Aqui estou eu
Na rua,
Na chuva
Pensando em ti.
Sem saber o que fazer,
Parado numa esquina,
Que não está em nenhum mapa;
Acho que me perdi ...
Nas ruas do pensamento ...
A chuva continua.
E eu estou todo molhado.
De repente,
Pensei ter te visto,
Queria estar aí contigo
Sentir o teu calor,
Em teus lábios encontrar abrigo,
E em teus olhos plantar amor.
A chuva segue seu rumo.
Me achei.
Reencontrei meu caminho,
Nas ruas da realidade,
Tão longe e tão sozinho ...
Não podemos parar a chuva ...
Toda vez que chove,
Eu lembro de você.

escrito em 20 de março de 1997




Inquieto


Cai a noite
E vem a Lua.
Ela,
Minha eterna confidente...
E singela testemunha.
Do meu conflito,
E da minha incompreensão.
Por que eu me sinto aflito ?
Por que eu não acredito ?
Então procuro um esconderijo
E despejo pensamentos naquilo que está escrito.

Cai a chuva
Mas não molha a Lua.
Lá fora é frio,
E aqui, no meu refúgio;
É escuridão, é silêncio.
Não pela ausência da luz
Mas porque me escondo dentro do vazio.
Dentro das minhas perguntas.
Das minhas angústias
Dentro do caos que se formou em min.

Paz,
Serenidade,
Alívio,
É tudo que desejo
Para conter a ansiedade.
Quero sair,
Quero sumir,
Quero fugir deste limiar...
Que separa os sonhos da realidade,
E o autocontrole da insanidade...

Salve-me !
Pois quero viver.
Quero ir aonde você está
Olhar nos teus olhos,
Te beijar,
E dizer que te amo.

escrito em 2 de maio de 1997




O Toque


Eu já toquei muito tempo fora
Já toquei meus sentimentos ao chão,
E já os pisei, os rejeitei, os esqueci.
Eu já toquei o fogo infernal
E a dor me tocou fundo...
Mesmo o demônio com seu tridente sangrento.
Eu já toquei bons momentos fora
Mas me toquei que eu não nasci para a loucura,
E subi a escada de espinhos
Numa última penitência
Ao sair do inferno.

Agora, toco meu rosto
E estou disposto a lutar,
Por um toque mais sutil.
Toco o mundo
E percebo o quanto ele me ama e me quer,
E o quanto quero fazer o mesmo por ele.
Não sei tocar piano
Mas toco baixinho minha música,
E toco minha vida pra frente.

Quero tocar o céu
Tocar a mão do criador...
E chorar lágrimas de luz e alegria.
Quero que toques meu coração,
Toque minha alma,
E sinta minha sede de vinho...
Ver, voar, viver e amar.
Quero tocar teus cabelos,
Tocar teus lábios, tua face
Sem medo ou disfarce,
E me entregar a ti.
Então tocaríamos uma sinfonia...
De paz, paixão e poesia.

escrito em 14 de maio de 1997




Duelo


Venha, Venha ...
Eu sei que você está chegando,
O som e a fúria dos tambores te anunciaram.
Destino !
Estou preparado.
Não tornarei a fugir deste desafio;
Nunca mais imprimirás cicatrizes em minha alma.
Me encare !
Faça o que quiseres.
Use de todos os teus artifícios
Mesmo que cortes meu pulsos,
Mesmo que cales meus lábios,
Mesmo que me envolvas no teu manto sombrio,
Num êxtase de dor e medo de tudo...
Em meio ao fogo absurdo...
Não serás capaz de me deter.

Eu sou humano,
Não sou imortal.
Mas não me permito perecer nas tuas garras.
Mesmo que destruas meus olhos,
Mesmo que minhas forças se acabem,
Ainda terei a força dos meus amigos a me apoiar;
Meus leais amigos...
O apogeu da nossa batalha é agora.
Esteja pronto !
Para min
Te enfrentar ... é uma obsessão
Te vencer ... uma certeza

escrito em 21 de maio de 1997




A


Surge o sol mais uma vez,
Uma nova aurora em minha alma.
Agora, posso ver o caminho...
Porque tu me guiaste.
Das profundezas do caos em que estava,
Pude ver o brilho do teu semblante,
E ouvir tua voz sussurrante...
Melódica voz...
A me chamar,
E por ti
Decidi voltar.

Te vi em vestes de seda
E fascinado quis amar-te;
Tocar o teu cabelo ao vento,
E a tua delicada mão.
Me hipnotizaste com teus olhos.
Cintilantes olhos como pérolas...
Neste sereno oceano da tua face,
Que a natureza, grata, te presenteaste.

Sonhei em conquistá-la.
Brindar contigo a alegria do amor,
Com uma taça de suave vinho branco,
Tingido com a minha paixão.
Sonhei em poder beijar-te,
Tocar lentamente teus lábios,
Sedentos lábios...
E te dar minha própria essência.

Sigo em frente,
E tu segues a me guiar.
Vou virando as páginas do passado,
E vou escrevendo o diário de minha vida.
Cada linha cuidadosamente traçada,
A fim de ter-te minha adorada...
No pôr-do-sol ou na alvorada...
Sob o manto noturno da lua...
Silenciosa serenata.

escrito em 17 de junho de 1997




Distâncias


Doces suspiros de saudade
Suaves angústias da minha alma
Até quando terei de esperar ?
Até quando terei de me conter ?
Singelo capricho do tempo.
Que me afastou de ti,
Por uma breve eternidade...

Tua ausência me perturbava,
E inutilmente, tentava achar-te
Te procurei entre as estrelas ...
Mas não te encontrei.
Te procurei em um nevoeiro de lembranças ...
Mas era vaga a realidade.
E te procurei em meus sonhos...
E unicamente nestes,
Saciava minha sede de te ver.

Sei que a espera é longa,
Mas me conformo, porque é finita.
Aguardo um próximo momento,
Em que estaremos juntos...
No qual poderei sentir toda a tua delicadeza.
E contenho minha profunda vontade de tocar-te,
Pois sinto que estamos tão perto
Não importa o quão distante...

escrito em 28 de julho de 1997




O Segundo Perdido


Em que curvas desta estrada,
Terei errado meu caminho ?
Em que parte deste teatro,
Terei esquecido minhas falas ?
Em que ato desta ópera,
Terei desafinado minha voz ?
E em que trecho desta música,
Eu toquei a nota errada ?

Em que momento desta dança,
Terei errado meus passos ?
Em que altura deste vôo,
Eu quis voar alto demais ?
Em que verso do poema,
Terei perdido a métrica ?
E em que parte deste jogo,
Terei desrespeitado as regras ?

E em que jogada,
Terei blefado com o destino ?

escrito em 10 de setembro de 1997




Quando não se tem mais o que dizer


Me desculpe...
Me desculp...
Me descul...
Me descu...
Me desc...
Me des...
Me de...
Me d...
Me...
M...
...

escrito em 10 de novembro de 1997





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