PERMANECEI NA VIDEIRA
"Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira, asim nem Vóso podeis dar, se não permanecerdes em Mim" S. joão 15:4.
Minha esposa e eu
trouxemos do viveiro para casa uma determinada planta, certo dia.
Ela se desenvolvia bastante bem no vaso, e algum tempo decorreu
antes que a transplantassemos. Finalmente ela começou a crescer
em demasia naquele pequeno espaço, de modo que abri um buraco,
num lugar qualquer - sem a orientação de minha esposa - e ali
coloquei a planta.
Como resultado deste plantio em lugar errado,
tive de abrir outro buraco, mudando novamente a planta. Desta
vez, quem não gostou da localização da planta fui eu, de
maneira que escolhi um novo local, e mais uma vez a transplantei.
A planta já devia estar um tanto cansada! Cada vez que suas
pequenas raízes começavam a firmar-se no solo, vinha novamente
este malfadado jardineiro e a estabelecia em outro lugar. A
ultima vez em que a vi, ela parecia não estar bem. Suas folhas
estavam definhando. Quando estudamos a parábola da vinha,
compreendemos que não é uma conexão casual -vezes sim, vezes
não que permite à videira produzir fruto. Mesmo quando o ramo
permanece conectado à videira, há um processo de crescimento
que se deve verificar.
Este ponto se torna muito intrigante, pois
imagino que a maioria de nós está bem consciente do fato de
que, mesmo depois de havermos decidido permanecer em Cristo,
nossa imaturidade é muitas vezes revelada, e temos a dolorosa
sensação de que o trabalho ainda não se completou. Não tem
você tal consciencia no que tange à sua própria experiência?
Quando aceitamos a Jesus pela primeira vez, fizemo-lo pela fé
nEle como nosso Salvador pessoal. É por esta razão que se formou
a ligação com a videira. É também por esta razão que a união
prossegue. Aceitamos a Jesus pela vez primeira somente depois de
reconhecer o amor de Deus e a verdade do evangelho. É também por
isso que a permanência ocorre, não apenas como começo da vida
cristã, senão como o prosseguimento desta. O justo viverá pela
fé. Fomos justificados pela primeira vez mediante a aceitação
de Sua graça; prosseguimos sendo justificados nEle pela fé, e
pela fé somente. Veja Hebreus 10:38; Habacuque 2:4; Romanos
1:17. O justo sempre viveu pela fé. Não é pela fé mais (ou
menos) alguma coisa, e sim pela fé, somente. É da mais elevada
importância compreender que Jesus não está colocando a
responsabilida de sobre nossas obras, sobre nossa produção de
frutos, sobre nós. É bem verdade que devemos produzir fruto, mas
isto somente pode ser empreendido pela fé. O ramo não pode
produzir fruto de si mesmo, a menos que esteja em permanência na
videira. Se, contudo, tal permanência existir, produzirá ele
muito fruto. O fruto será o resultado natural da permanência em
Cristo. Alguns de nós havemo-nos sentido tremendamente alarmados
com a compreensão de que o evangelho, e o modo como ele age na
vida cristã em operação, é tão simples. É tão fácil, que
os meninos e meninas podem aprendê-lo e isto certamente é muito
bom. Durante muito tempo alguns de nós estivemos mantendo a
idéia de que temos algo a fazer, sozinhos, nesta obra. Confiávamos em Cristo para o perdão dos pecados, mas depois,
através de nossos próprios esforços, procurávamos viver para
Ele. Este caminho é um beco sem saída. Todos os fracassos do
povo de Deus são devidos, não à falta de tentativas no sentido
de produzir frutos, e sim devido à falta de fé e confiança
nEle. E a fé advém ao se ouvir a Palavra de Deus e ao se manter
comunhão com Ele. Recordamos a história daquele homem que, há
muitos anos, fazia seu percurso ao longo da estrada, carregando
um fardo nos ombros. Outro homem se aproxima numa charrete puxada
por um cavalo. Este parece um tanto cansado, e a charrete aparenta ser pequena,
e quando o homem com o fardo é convidado a subir no
veículo, conserva o peso nas costas, pois lhe parece que não é
muito justo que a charrete e o cavalo tenham de levar também
este peso.
Outro homem embarca num navio, no rio Mississippi.
Comprou uma passagem para quatro dias de viagem, e trouxe consigo
biscoitos e queijo para as refeições, pois não dispõe de
dinheiro para comprar comida no navio. A cada refeição,
enquanto as demais pessoas se reunem para comer, ele se esconde
atrás de uma chaminé e ali ingere seus biscoitos com queijo,
até que estes começam a mofar, e ele está a ponto de
desfalecer de fome. Os outros o descobrem nesta situação e lhe
dizem: "O que acontece com você, rapaz? Ao comprar a sua
passagem, você também pagou por todas as refeições. Venha
comer conosco." Aceitamos a graça de Deus e dizemos: Isto é maravilhoso. Ele tomou providências para a minha eterna
salvação, no Céu. Agora tenho de levar meu próprio fardo.
Assim ficamos prostrados sob o peso. Ele nos convidou para a ceia
das bodas do Cordeiro, ao companheirismo com Ele, e ficamos
imaginando que temos de levar nossa própria comida à festa.
Aceitamos o Seu poderoso eyangelho como um dom extraordinário e
nos regozijamos nele, mas a alegria esvaece, pois deixamos de
reconhecer que para andar em companheirismo com Ele, deve ser
observado o mesmo método, o mesmo processo. Ficamos aguardando
pela oportunidade de acrescentar algo ao método, e assim o
processo se torna doloroso, não apenas para virmos até Ele, mas
também para permitir que Ele assuma nossos fardos, nossos
pecados, nossos fracassos, e nos conceda a capacidade de
obedecer, a qual tão visivelmente nos falta. Não compreendemos
plenamente o exultante fato de que Ele deseja conceder-nos, como don , a obediência e a vitória.
A permanência na videira não
ocorre automaticamente. Jesus apresenta a questão como um
pedido, um convite, ou uma ordem, se você assim o preferir:
"Permanecei em Mim." Separado da videira, não pode o
ramo viver. Da mesma forma, diz Jesus, não podeis viver
separados de Mim. É tão-somente através de continua comunhão
com Ele que poderemos crescer. Nenhum ramo produzirá fruto se
estiver apenas ocasionalmente conectado à videira. A ligação
precisa ser consistente. O ramo precisa permanecer na videira.
Estamos
falando acerca de comunháo com Cristo a cada dia, a cada hora. É um privilégio nosso o de manter comunhão com Cristo como um
estilo de vida. Quanto tempo tem você gasto em comunhão com
Deus durante as semanas anteriores? Porventura este permanecer
em Cristo" soa a você como algo intangível? É esta mesma
união vital que aparece retratada em S. João 6, sob a figura de
comer o Seu corpo e beber o Seu sangue. S. João 6:63 oferece um
indicador: "As palavras que Eu vos tenho dito, são
espírito e são vida." Assim, é por intermédio da Bíblia
e da oração que podemos permanecer nEle; se nEle não permanecermos seremos incapazes de produzir fruto, logo seremos
cortados. Comunhão continua não consiste de continua conversa.
Orar sem cessar significa manter ininterrupta comunhão com Deus. Alguma vez você, em viagem com a
familia, já percorreu muitos e muitos quilômetros sem
pronunciar palavra? Ainda assim, por certo experimentou
companheirismo e comunhão. Nossos melhores amigos são aqueles
em cuja companhia nos sentimos suficientemente relaxados, a ponto
de não ter de estar proferindo palavras o tempo todo. Esta é a
espécie de comunhão que podemos usufrr com Jesus, nosso melhor
Amigo. Haverá momentos em que nos comunicaremos diretamente com
Ele, e noutras oportunidades apenas desfrutaremos do privilégio
de estar juntos, juntos trabalhar, juntos viajar. Poder
comunicar-se com o Rei do Universo, sem duvida representa um
grande privilégio, não lhe parece? Vejo duas pessoas caminhando
pela estrada que leva a Emaús. Um Estranho junta-se a eles. Seus
corações ardem intimamente. Aproxima-se a noite quando chegam
ao lar, de modo que dirigem ao Estranho um convite: "Fica
conosco, permanece aqui." Eles responderam ao convite de
Jesus, mesmo não sabendo quem era o Estranho. Veja S. Lucas 24.
Meu amigo, está ficando tarde. Os sinais indicam claramente que
a noite se aproxima. Lá fora já escurece. Não gostaria você
de unir-se aos dois discípulos que responderam, enquanto ouve o
convite de Jesus, a você dirigido: "Permanece em Mim"?
Por que não unir sua voz às deles, dizendo: "Vem e
permanece conosco"? Ele sempre o fará, assim como sempre o
fez, pois Seu maior anseio é estar conosco agora e para sempre