FRUTO GENUÍNO
"Nisto é glorificalo Meu Pai, em que deis muito fruto; e assim vos tornareis Meus discipulos. " "Nao fostes vós que Me escolhestes a Mim; pelo contrário, Eu vos escolhi a vós outros, e vos designei para que vades e deis frutos, e o vosso fruto permaneça."S.João 15:8 e 16
Uma das palavras-chaves em S Joao 15 é fruto. O Senhor Jesus, em Seu grande
plano da
redençao, anseia por frutos. Deseja muito fruto. Conforme
vimos, se não existirem frutos, os ramos sao cortados e
queimados. O evangelho abrange mais que o perdão de pecados. Inclui a remoçao do pecado e sua substituiçao
pelas graças
do Espírito. Talvez possamos aproximar-nos mais da definiçao
de fruto se o considerarmos em termos de resultado. Quando
plantarnos um pomar, desejamos resultados. Se plantamos uma vide,
desejamos resultados. Frutos, em seu sentido mais amplo, podem
ser entendidos simplesmente como resultados. Por vezes as pessoas
perguntam por que -se uma das maiores características do fruto é sua espontaneidade, e se o fruto aparece muito mais como
resultado do que como causa por que, então, dar ênfase ao fruto?
Por que Jesus teve tanto a
dizer acerca dos frutos? É uma outra forma de estabelecer a
pergunta: Se as boas obras advêm como resultado da fé, por que
falar tanto acerca de boas obras? Por que não falar apenas da
fé? Se o fruto representa o resultado de uma videira sadia, por
que perder tempo falando do fruto? Gastemos todo o nosso tempo
com a videira.
Ocorre que Jesus gastou bastante tempo falando
de frutos; e Ele o fez em mais de uma ocasião. S. Mateus 7
representa disto um exemplo clássico. Aqui Jesus conclui Sua
analogia ao dizer que as pessoas devem ser conhecidas por seus
frutos - "Pelos seus frutos Os conhecereis". Verso 20.
Vimos anteriormente que os frutos do Espírito são qualidades
interiores, mas para que as pessoas possam ser conhecidas por
seus frutos, devem ales apresentar-se também em manifestações exteriores. Posso ter em meu íntimo toda
espécie de amor, mas a menos que ~e se manifeste
exteriormente, ninguém me conhecerã atravês de meus frutos.
Posso ter interiormente todo tipo de alegria, mas as pessoas
poderão duvidar disso se virem minha carranca exterior'. Ninguém saberá da alegria interior se não houver alguma
manifestação da mesma exteriormente, talvez por intermédio de
um sorriso ou pelo cântico de algum estribilho, ou por alguma expressão de louvor. De fato, O genuíno amor, a
alegria e
outras qualidades do verdadeiro cristão não poderão deixar de
ser manifestadas exteriormente, se de fato operam no interior.
Se acompanharmos a analogia de Jesus quanto
à videira e os ramos, verificaremos ser Óbvio que os frutos sao
externos aos ramos. Entretanto, não podem ser produzidos
exteriormente, a menos que antes o sejam no interior. Logo, ao
falarmos de frutos, estamos falando de ambos os aspectos, o
interno e o externo. Falamos a respeito do fruto interior do Espírito - amor, alegria, paz, longanimidade, e assim por diante;
e estamos ao mesmo tempo falando de suas manifestações no
lado exterior. Uma das razões pelas quais Jesus enfatizou os
frutos genuínos foi porque - conforme bem o sabemos - é
possível produzir a forma exterior sem que a ela corresponda
uma realidade interior. Atores de televisão e produtores de cinema sabem muito bem que é possível produzir um sorriso por
chamado do texto, tendo anotado à margem do local indicado:
"sorria aqui". Algumas pessoas são capazes de produzir
uma aparência praticamente genuína de sorriso ou apresentar lágrimas reais simplesmente ao "ligar"
algum dispositivo interior. É possível, pois, possuir obras sem fé.
Para pessoas com imensa força de vontade, é possível abster-se
de produzir maus frutos, e tais pessoas, ao assim procederem,
poderão pensar que estão seguras. Esquecem-se de que Jesus
amaldiçoou a figueira, não porque esta produzisse frutos
maus, e sim por não produzir qualquer fruto. A questão que
envolve a videira, os ramos e os frutos não é se a qualidade
destes ul timos é má.
A verdadeira questão é se os genuínos frutos do Espírito
estão presentes, com suas manifestaçóes tanto internas quanto
externas. Assim, ao pensarmos no fruto do Espírito, conforme
apresentado em Gálatas 5 - "amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio" - tenhamos sempre em mente que, em
termos últimos, tais frutos devem sempre ser expressos exteriormente. Tiago salienta que não é suficiente, para o
cristão, desejar boa sorte a alguém que esteja em necessidade.
Deve antes vestir e alimentar esta pessoa, e assim demonstrará verdadeiro amor. A alegria será manifesta em louvor e
cântico. A genuína paz interior habilitou Daniel a permanecer
calmo quando na cova dos leões. A paz será manifesta por pessoas
capazes de dormir à noite, sem ficarem a dar voltas na cama, sem
necessidade de uso de tranqúilizantes, e tudo o mais. Os frutos
interiores apresentarão resultados exteriores. Outra razão para
se examinar os frutos e estudá-los, é não esquecer a grande
lição de Jesus na parábola, a de que o fruto ocorre natural e
espontaneamente. Uma vez mais desejaria eu lembrar que, se
tomamos a decisão de permanecer em Jesus, se decidimos em
favor da genuína relação com Ele, o fruto forçosamente advirá. Se eu não desejar qualquer fruto genuíno em minha
vida, tenho de regredir em minha decisão, quanto a se desejo
ou não permanecer em Cristo. Se eu de fato optei por prosseguir com o relacionamento de permanência nEle, ao
mesmo tempo estou decidindo que irei produzir fruto. Não decido
que terei um relacionamento de permanência com Jesus e então, adicionalmente, decido se vou ou não produzir fruto. Já
tomei a decisão de produzir frutos no momento em que decidi
que haveria de permanecer nEle. O fruto necessariamente
aparecerá. Examinemos agora a idéia reversa. A única forma que
tenho de decidir em favor da naõ produçao de frutos, é ao
decidir que não desejo manter relacionamento com Jesus. A
única maneira de não ter qualquer uva na vinha, é decidindo
que não terei qualquer videira ou ramos em meu pomar. Se tenho
uma vinha e decido que plantarei videiras, as quais terão
ramos, tomei simultaneamente a decisão de que existirão uvas. Não escolho as uvas separadamente; elas constituem parte do
conjunto. Os frutos São tão naturais quanto as flores que
irrompem na primavera. Desejaria eu muito que todos pudessem
desfrutar da alegria que este vislumbre produz na vida cristã.
Por que isto causa excitamento? Porque muitos de nós havemos
gasto tempo e esforços, vez após outra, tentando produzir
fruto. Trata-se de um mau uso de tempo e esforços. O esforço
esta sendo aplicado onde não deveria - portanto, nenhum bom
resultado dele advirá. Este ponto se torna, Pois, a ruptura de
uma das maiores barreiras na compreensão da salvação pela fé.
Leva também a pessoa ao testemunho espontaneo, pois já não lhe é possível calar-se ao
descobrir algo que funciona, em lugar de algo que não
funcionava- Se você estiver permanecendo em Cristo, num
relacionamento genuíno, pessoal, diário e de fé, os frutos já
estarão crescendo. Quer seja interior Ou exteriormente, os
frutos já estarão crescendo. É neste ponto que algumas pessoas
se tornam bastante nervosas, pois não se sentem como se
houvessem produzido bastante fruto. Bem, eu também não tenho
visto muitos frutos em algumas de minhas plantas, em casa.
Gosto muito de lilases. Costumávamos ir à casa de vovó, com
suas lamparinas a querosene, a despensa no estilo antigo, a
cobertura de oleado sobre a mesa, o fogão a lenha e os arbustos
de lilases do lado de fora, pesadamente carregados de flores a cada primavera. Sua aparência era boa; agradável o seu
perfume. E aquelas coisas que causam alegria e deleite na
infância, dificilmente são esquecidas. Portanto, plantei um
arbusto de lilases em nossa casa, no ano passado. Ainda não consegui ver nenhum lilás. Ramos e folhas de lilases estão
presentes, mas, por ora, nenhuma flor. Contudo, se esta pequena
planta permanecer no solo, à medida que suas raízes e gavinhas
mais e mais com aquele se fundem, podemos estar certos de que
os lilases estão a caminho, embora ainda não possamos vê-los.
Em alguma parte, escondidos dentro daqueles galhos e folhas,
eles estão presentes. A qualquer dia destes sentir-me-ei grandemente alegre ao ver os lilases. Enquanto isso, minha
esperança se renova, pois posso ver as folhas.
Esta sequencia é muito importante, tanto no mundo natural quanto no
sentido espiritual: os frutos externos sempre vêm após os
frutos internos. Jamais deverá Ocorrer o contrário, sempre
que estiver presente o genuíno crescimento. Jesus assim o
descreveu: "Primeiro a erva, depois a espiga, e, por ftm, o
grão cheio na espiga." S Marcos 4:28, ênfase suprida.
Muitas vezes desejaríamos começar com o exterior, ocultando os defeitos íntimos e depois finalizar a obra ao
trabalhar no interior. Mas isto é impossível. O fruto jamais será a
causa; será sempre e sempre o resultado. A única genuína
obediência, onde ela existir, advém como resultado da ligação
de permanência com a Videira. As plantas e flores não crescem por seu próprio cuidado ou ansiedade ou
esforço. Em
nenhuma medida mais ampla, também, podemos nós assegurar-nos
crescimento espiritual por tais meios. As plantas e flores
crescem mediante a aceitação dos dons do sol, da água e da
nutrição que lhes são providos pelas imediações. O mesmo
ocorre em relação ao crescimento da vida cristã.
Permanecendo nEle, recebemos os dons que Ele nos designou, e
estes causam crescimento e frutificação O Salvador não pede
aos discípulos que labutem por produzir fruto; Ele lhes pede
que permaneçam nEle. Veja O Desejado de Todas as Nações,
pág. 677. O fruto que ocorre é o resultado de um amorável
relacionamento, e é natural e espontâneo. Esta característica
é uma das maiores provas de que o fruto é genuíno