DA ACADEMIA À COMUNIDADE
O Projeto "INFORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA: uma proposta para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS"*
Lisiane Cechinel Preto, matr.: 1800/96-7***
Luciano Soares
Duarte, CRB10/1331
Mara Antonia Farias da Silva, matr.:1870/96-4***
Valéria Caetano Ramos, matr.: 2895/96-9***
ProfªJussara Pereira
Santos****
* Trabalho apresentado no II Encontro Regional de Estudantes de
Biblioteconomia e Documentação da Região Sul - EREBD/SUL,
promovido pelos Cursos de Biblioteconomia da UFRGS e FURG, Rio
Grande, RS - BRASIL, 04 à 07 de dezembro de 1997.
** Bibliotecário.
*** Alunas do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul.
**** Docento do Curso de Biblioteconomia da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul e Coordenadora do Projeto.
Resumo:
Demonstra a importância das Atividades de Extensão para a
Comunidade Universitária e, mais
particularmente, para os alunos do Curso de Biblioteconomia da
Universidade Federal do Rio
Grande do Sul.
Apresenta o Projeto de Extensão INFORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA: uma
proposta
para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS.
Palavras Chaves: Biblioteconomia; Extensão Universitária; Papel Social da Universidade; Atividades de Extensão na UFRGS; Extensão e a Biblioteconomia, Papel Social do Bibliotecário, Convivência.
HISTÓRICO DAS UNIVERSIDADES
BRASILEIRAS
A reforma de Carlos Maximiliano (1915), autorizou o governo a reunir as escolas existentes no Rio de Janeiro, em universidades. Assim, em 1920, surgiu a primeira universidade no Brasil - a Universidade do Rio de Janeiro, que mais tarde passou a ser chamada Universidade do Brasil, hoje Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Na década de trinta, foram criadas algumas universidades, destacando-se pelo espírito inovador a Universidade de São Paulo. Na década de quarenta, foram criadas as primeiras universidades privadas por organizações religiosas católicas (Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul). Essas instituições criaram cursos, principalmente, nas áreas humanas e sociais.
A partir da Lei 4024/61, primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, foram introduzindo modificações no ensino superior, dentre as quais o aumento do controle e poder normativo do Conselho Federal de Educação, a possibilidade de o ensino superior ser ministrado tanto em universidades quanto em escolas isoladas.
Na década de sessenta, os movimentos estudantis clamando por oportunidades e qualidade do ensino, afloraram em diferentes partes do mundo. A promulgação da Lei 5540/68 (Reforma do Ensino Superior), que objetivava o chamado trinômio: ensino, pesquisa e extensão, foi um ato político do governo brasileiro, atrelado aos interesses do capital norte-americano, para abrandar o movimento e atender certas reivindicações dos discentes e docentes.
No período de 1965-1977, o governo por incompetência ou conveniência, facilitou os processos de autorização de cursos superiores, para a iniciativa privada. A educação passa a ser vista e gerenciada como investimento rentável. As matrículas cresceram estrondosamente, pois em qualquer cidade do país, onde houvesse uma classe predisposta a pagar um título, era possível instalar um curso superior.
A proliferação desenfreada dos cursos superiores, principalmente em estabelecimentos isolados, nessa época, passou a exigir docentes mais habilitados, ou seja, com cursos de pós-graduação. Os Estados, procurando atender preceitos da Lei 5693/71, implantaram planos de carreira para aperfeiçoar, atualizar e especializar os docentes. A partir da década de setenta, os programas de pós-graduação em nível de especialização, mestrado e doutorado tiveram um impulso.
A Universidade é uma instituição social, formadora e disseminadora do saber, assim como dos avanços científicos e tecnológicos. As finalidades baseiam-se no ensino, na pesquisa e na extensão. Neste contexto, a Universidade tem o papel social de formar o cidadão, para que este comprometa-se com a sociedade e possa suprir a necessidade de profissionais, técnicos e intelectuais, necessários a manutenção e desenvolvimento desta. Então, qual o papel social da Universidade? Somente formar?
Conforme WANDERLEY (1995, p.11), "a Universidade é um lugar (. . . ) privilegiado para conhecer a cultura universitária e as várias ciências, para criar uma identidade própria e uma adequação a realidade nacional." Buscando, assim, adequar-se a sociedade em que está inserida. A Universidade deve não só buscar a adequação, como contribuir para a transformação da sociedade, interagindo com está, direta ou indiretamente.
Enfatizamos que o papel social da Universidade vem a ser a interação mais efetiva entre a comunidade acadêmica e a sociedade.
O Estatuto e Regimento Geral da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) designa-a como sendo uma autarquia, dotada de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira patrimonial.
A estrutura da UFRGS compreende os órgãos da administração superior, o hospital universitário, unidades universitárias, institutos especializados e centros de estudos interdisciplinares, que estão localizados em quatro campi: Campus Centro, Campus da Saúde, Campus Olímpico e Campus do Vale.
O corpo docente é constituído de 2.097 professores e o corpo técnico-administrativo de 3.161 funcionários. O corpo discente até o momento é constituído de 24.011 alunos.
Sua missão é favorecer a educação superior e a produção de conhecimento filosófico, científico, artístico e tecnológico, integradas no ensino, na pesquisa e na extensão.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul teve origem no ano de 1895, com a fundação da Faculdade de Farmácia que, dois anos mais tarde, deu origem à Faculdade de Medicina. No ano de 1896 surge a "Escola de Engenharia de Porto Alegre", de cunho particular e que, em 1931 foi reconhecida por Universidade Técnica do Rio Grande do Sul. Em 1900, foi fundada a Faculdade de Direito. A Universidade Federal do Rio Grande do Sul foi constituída destes três cursos superiores, no início de sua história.
Em 1936, foi instituída a Faculdade de Educação, Ciências e Letras. Em 1943 foi definitivamente implantada, compreendendo os seguintes cursos: Matemática, Física, Ciências Naturais, Química, Letras, Filosofia, Geografia e História, Pedagogia e Didática.
Até o ano de 1949, era ainda chamada de Universidade de Porto Alegre, quando então ganhou característica estadual, passando a chamar-se de Universidade do Rio Grande do Sul (URGS). Em 1950, foi incorporada ao Sistema Federal de Ensino Superior.
Na década de 60 a reforma universitária é implantada e a Universidade passa a chamar-se Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Concluiu-se a construção do Hospital de Clínicas e surge o Campus do Vale da Agronomia.
A estrutura acadêmica dividide-se em quatro grandes áreas de conhecimento: Ciências Exatas e Tecnológicas, Ciências Biológicas, Filosofia e Ciências Humanas, Letras e Artes.
Atualmente, oferece 46 cursos de graduação e 102 cursos de pós-graduação. Anualmente, são oferecidas 3.463 vagas para ingresso nos cursos de graduação da UFRGS.
A UFRGS, no momento de sua criação, pretendia ". . . equacionar soluções científicas, pedagógicas e filosóficas em estreita sintonia com as metas de desenvolvimento e progresso social, então priorizadas no espaço sul-rio-grandense." TRINDADE (1996, p.13). Com esta proposta, pretendeu-se estabelecer laços entre a Universidade e a sociedade, comprometendo-se, ambos, com o progresso e o futuro.
Diante das tendências de mudanças e reformas na educação, foi preciso que a Universidade repensa-se seu papel e ouvisse a sociedade ao seu redor. Isto pode ser representado, na UFRGS, através das diversas propostas de interação com a comunidade, entre elas o "Fórum Universidade Viva" , o Projeto "Tecnopóle de Porto Alegre" e tantos outros, que estão atualmente aproximando a universidade da sociedade.
Portanto a UFRGS compromete-se através da extensão, a levar o conhecimento gerado internamente ao encontro da sociedade em geral. Neste contexto está inserido o Projeto de extensão da Biblioteca Pública de Canela.
AS ATIVIDADES DE EXTENSÃO
Mas, a nível de importância, seria possível considerar um desses princípios como mais importante que outro? Sem dúvida, não, pois as três funções da universidade estão ligadas por um elo muito significativo: a produção de conhecimento. No entanto, conforme diz SOUZA (1997, p. 7), ". . . a extensão é a base na sustentação da atividade universitária. É a base do tripé."
Dessa forma, percebe-se a importância da atividade de extensão como promotora da geração de conhecimentos e oportunidades para levar à comunidade o conhecimento produzido. A comunidade por sua vez, usa-o, aprimora-o e o devolve sob a forma de um novo conhecimento que é levado, novamente, por essas atividades, ao ensino e à pesquisa para que possa ser avaliado e trabalhado, numa permanente troca que viabiliza o avanço científico e tecnológico.
Alguns conceitos foram dados à atividade de extensão:
"É a forma pela qual a Universidade estenda sua ação à comunidade, dela recebendo um influxo no sentido da realimentação do ensino e da pesquisa." (DALLA ZEN, 1982, p. 9)
"Conjunto de ações, voltadas para o desenvolvimento das populações" (CALDAS; BARBOZA, 1995,p. 48)
"É o subsistema destinado a integrar os demais subsistemas - ensino e pesquisa - e atuar em função deles como fator de formação do aluno e de aceleração do desenvolvimento. Deve funcionar como um mecanismo permanente de renovação dos métodos e conteúdos de ensino, realimentados pelas informações fornecidas pelas empresas e setores da comunidade sobre seus interesses e necessidades." (DALLA ZEN, 1981, p. 13)
Pode-se considerar também, a extensão como sendo a forma pela qual a universidade ajusta-se à realidade da comunidade na qual está inserida. É o meio que permite à ela passar para essa comunidade, em forma de serviços prestados, os conhecimentos desenvolvidos. É o processo que reafirma sua credibilidade junto à sociedade, no momento em que a mobiliza, dando suporte para a resolução de seus problemas.
Diante do exposto, consideremos os objetivos das atividades extencionistas:
- viabilizar atividades docentes e disceentes, de atuação junto às comunidades, que possam realimentar a universidade e contribuir para a melhoria dos padrões sócio-econômicos e culturais dessas comunidades;
- realizar pesquisas que verifiquem as nnecessidades das comunidades;
- promover ações comunitárias;
- oferecer atividades de atualização de profissionais egressos da universidade;
- promover atividades que contribuam parra a formação do estudante universitário;
- promover a amplitude cultural da comunnidade;
- promover a integração social;/p>
- autodesenvolvimento da universidade./font>
Por fim, pode-se colocar qual a relação existente entre as atividades de extensão e a formação do aluno. É através da extensão, que o aluno consegue ter um contato com a realidade de seu país, comprometer-se com ela e verificar de que modo a sua profissão pode contribuir para a diminuição das diferenças sociais e a formação da cidadania. Além disso, a atuação em atividades de extensão motiva os alunos e promove a maturidade estudantil e posteriormente, profissional.
A EXTENSÃO NA UFRGS
Aos meados da década de 80, a professora Ana Maria Dalla Zen , hoje professora do Departamento de Biblioteconomnia e Documentação da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, realizou uma pesquisa que verificou a situação das atividades de extensão na Universidade, apontando seus êxitos, falhas e perspectivas. Constatou que, até então, a extensão na UFRGS não estava completamente implantada, ou seja, não fazia parte, ao lado do ensino e da pesquisa, das funções da Universidade. Com relação aos professores, concluiu que os mesmos davam tratamento diferente à atividade de extensão daquele atribuído às atividades de ensino e pesquisa: não incluíam as atividades extensionistas em planos de trabalho e gostariam de ter uma suplementação financeira para este trabalho. Os alunos motivavam-se a participar dos projetos de extensão apenas pela obtenção de certificado. Enfim, não havia uma conscientização departamental em relação à extensão. Além disso, detectou-se a necessidade de uma melhor definição de políticas que indicassem objetivos e metas a serem alcaçados com essas atividades.
Entretanto, desde àquela época, a comunidade acadêmica em geral, apontava a extensão como tão importante quanto o ensino e a pesquisa para a realização dos objetivos da universidade e deles próprios. E talvez tenha sido essa a razão pela qual, a UFRGS permanece até os dias de hoje tão ligada à extensão. O grau de eficiência quanto à organização, planejamento e estruturação dos projetos sempre, em sua maioria, foram satisfatórios. O que deixou e deixa a desejar, é a eficácia dos resultados com relação à integração com a comunidade.
Hoje, a qualidade das atividades de extensão executadas na UFRGS é bastante à década passada. Verifica-se que existe um comprometimento em relacionar universidade e sociedade, oferecendo à última uma melhoria da qualidade de vida. Há uma preocupação muito maior com o desenvolvimento social das populações. A UFRGS, em seu todo, demonstra estar aberta a interagir com a sociedade, aprender com ela e compartilhar experiências.
A prova disso, são as palavras do Professor Luiz Fernando Coelho de Souza, atual Pró-Reitor de Extensão, na apresentação do Catálogo de Projetos de Extensão/97 da UFRGS. Segundo ele:
" . . . a plena consciência da extensão é que faz com que, a cada ano, aumente a oferta de projetos, num claro e maduro processo de abertura. A universidade abre-se para fora, colocando à disposição da sociedade o produto de seu trabalho, representado não apenas pelo profissional que forma mas também pelas ações que executa." (1997, p. 7)
Os programas de extensão, hoje oferecidos pela UFRGS, são em sua maioria, ações de integração, de caráter interdisciplinar e que envolvem especialistas de diferentes áreas do conhecimento. As atividades desenvolvidas apresentam-se como programas de difusão cultural, que abrem os espaços culturais da universidade; programas de educação continuada, os quais reafirmam o comprometimento da universidade com os alunos que forma, qualificando o mercado de trabalho através da atualização profissional; programas de qualificação dos demais graus de ensino; programas de integração através dos projetos de Convivência.
Em suma, conclui-se que as atividades extensionistas na UFRGS, mais uma vez, estampam a potencialidade e o papel social presentes nesta instituição. Apresenta resultados positivos e está em constante processo de aprimoramento para que possa continuar a desempenhar uma de suas missões fundamentais: ser a matriz das transformações sociais, da produção de tecnologia e de ciência e proporcionar com essas descobertas a melhoria da qualidade de vida da sociedade no todo.
AS
ATIVIDADES DE EXTENSÃO E OS CURSOS DE BIBLIOTECONOMIA
Sem dúvida alguma, o bibliotecário é um profissional que tem muito a oferecer para a sociedade, e isto se torna evidente quando percebemos que além de ser um profissional de apoio a outros, que dissemina informações, administra-as e que planeja estratégias para isso e, ainda, o bibliotecário é um educador, sendo esta, talvez, sua maior contribuição para a sociedade.
Neste contexto, nota-se que as atividades de extensão precisam ser consideradas pelos Cursos de Biblioteconomia, como um meio de apoio à formação profissional da maior relevância, que além de colocar o estudante em contato com sua futura profissão, faz com que ele assuma posições definitivas, adquira experiência e sinta-se comprometido com a sociedade e com ele próprio. Além disso, o engajamento em atividades de extensão motiva o estudante e faz com que o mesmo retroalimente o curso de Biblioteconomia, uma vez que atuando na área, tem condições de verificar em quais pontos o mesmo está deficiente e quais as necessidades sociais terá que suprir, quando bibliotecário e, para isso que bases precisam ser adquiridas ao longo do curso.
TOALDO apud CALDAS; BARBOZA (1995, p. 52), ao analisar a relação das atividades de extensão com os estudantes de Biblioteconomia revela:
". . . a extensão universitária amplia a visão e aprofunda o sentido da aprendizagem, que, no curso, é percebida de forma fragmentária. Oferece oportunidades de experiência direta, de aplicação de conhecimenos que são testados e confrontados com a realidade, a qual difere, muitas vezes daquilo que foi transmitido no curso. Favorece a troca de idéias com profissionais de várias áreas, e como consequência, o estudante adquire a visão globalizante do seu campo de atuação. Desperta a consciência social do futuro profissional, fazendo com que assuma o compromisso de contribuir para o equacionamento dos problemas sociais do seu meio ambiente. É instrumento de motivação, quando estimula o estudante a tornar-se mais participativo e ativo nas atividades acadêmicas. Contribui para a maturidade do estudante, levando-o a compreender melhor suas possibilidades e limitações."
Diante do exposto, conclui-se que a participação em atividades de extensão pelos estudantes de Biblioteconomia, assegura a formação de uma consciência social e cívica do mesmo, além de permitir a ele que divulgue sua profissão e busque novos mercados de trabalho.
OS
PROJETOS DE EXTENSÃO DO CURSO DE BIBLIOTECONOMIA DA UFRGS
Com relação ao Curso de Biblioteconomia da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, observa-se que este fato é de extrema relevância, no que tange às suas atividades de extensão. Isto torna-se evidente quando se analisa os objetivos e as metas a serem alcançadas por essas atividades: em sua maioria, buscam o incentivar à leitura em todas as camadas sociais e a organização de centros de informação.
Na década de 70, surgiu na Faculdade o projeto de extensão "Carro-Biblioteca", o qual objetivava levar às vilas de Porto Alegre material de leitura, além de oferecer aos estudantes, material bibliográfico relevante a eventuais trabalhos escolares. Essa atividade prosseguiu ao longo de três décadas e chegou a atender, inclusive, o atual Movimento Sem-Terra.
Baseados nos preceitos do Projeto Carro-Biblioteca, surgiram outros com o intuito de incentivar o prazer de ler. Entre eles: Projeto "Caixas-Estantes", que selecionava livros de literatura infantil e infanto-juvenil junto a professores de escolas públicas e particulares e os emprestava à escola solicitante; "Biblioterapia", executado pelo Núcleo da Hora do Conto da referida faculdade que realizava atividades de contação de histórias junto a hospitais, asilos, creches e escolas; "Livro de Cabeceira", uniu pontos dos três projetos já mencionados realizando sessões de hora do conto em hospitais e oferecendo a eles um serviço semelhante ao do Projeto Caixas-Estantes.
Por fim, pode-se citar como os projetos mais atuais do Curso de Biblioteconomia da UFRGS, os que objetivavam organizar centros de informação. São eles: "São José dos Ausentes: povo e paisagem, o qual é um projeto de ação cultural no referido município com o intuito de promover atividades culturais para a comunidade, e "INFORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA: uma proposta para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS", o qual é instrumento de análise deste trabalho e que tem por fim, proporcionar aos estudantes de Biblioteconomia um contato direto com a realidade das bibliotecas públicas brasileiras através de uma série de planejamentos que contribuam para a reestruturação deste serviço de informação.
O
PROJETO INFORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA: uma proposta para a
Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS
Foi firmado, no dia 13 de dezembro de 1995, o protocolo de intenções entre a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e a Prefeitura Municipal de Canela.
A equipe responsável pelo projeto contava com nove professores do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Além dos professores, teve como participação uma bolsista de extensão, dois funcionários da Biblioteca Pública Municipal de Canela e alunos do curso de Biblioteconomia.
Os Órgãos Coordenadores e Executores deste Projeto foram a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Canela e a Universidade Federal do Rio Grande do Sul, representada pela Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação.
O projeto teve início em janeiro de 1996, segue suas atividades, com previsão de término em dezembro de 1997.
O objetivo geral do presente Projeto é promover a integração entre o ensino de Biblioteconomia e a realidade das bibliotecas públicas municipais brasileiras, com o propósito de permitir ao aluno exercitar a habilidade de analisar situações, diagnosticar o macro e o micro universo da biblioteca, dentro das modernas técnicas de Bilioteconomia. Os resultados esperados foram de contribuir para a formação dos alunos do Curso de Biblioteconomia UFRGS, na parte referente a prática em bibliotecas e a troca de experiências entre professores e alunos. Ao mesmo tempo pretendeu-se contribuir com a organização da informação para as comunidades atendidas pela Biblioteca Pública Municipal de Canela, a fim de beneficiar todos os cidadãos que necessitam de informações nesta comunidade.
ATIVIDADES
DESENVOLVIDAS
Estudo do Município de Canela e de sua Comunidade, teve como coordenadora a Profª. Dr.ª Ida Regina Chitto Stumpf, ministrante da Disciplina BIB 01170 (Estudo do Usuário), do Curso de Biblioteconomia da UFRGS. Este estudo serviu de subsídio ao planejamento e criação de serviços que realmente atendessem a população. Foram utilizadas para a coleta de dados, fontes secundárias, como dados estatísticos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), fontes bibliográficas e visita "in loco", acompanhada de entrevistas. As informações levantadas foram referentes ao histórico, localização, demografia, recursos e serviços existentes na área social, educacional, cultural, religiosa, de saúde e de lazer. Sobre a população, os dados coletados e analisados, forma referentes à ocupação profissional e seu modo de vida.
A Pesquisa sobre as Necessidades de Informação da Comunidade Empresarial de Canela, teve como coordenadora a Profª. Dr.ª Lilia Maria Vargas, ministrante da Disciplina BIB 01175 (Administração de Recursos de Biblioteca), do Curso de Biblioteconomia da UFRGS). Sua proposta foi de identificar as necessidades de informações da comunidade empresarial de Canela e qual sua opinião sobre o serviço de informação pública local e a possibilidade de mobilizá-la para tal atividade. Este estudo pretendeu efetuar um primeiro diagnóstico por meio de questionário, verificando as opiniões, as atitudes e a motivação da comunidade empresarial quanto às necessidades de um serviço de informação voltado para a população do município.
As visitas, para organização do acervo da Biblioteca, foram num total de seis e sua coordenação, assim como do Projeto Informação e Convivência: uma proposta para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS, foi de responsabilidade da Profª. Jussara Pereira Borges. Estas visitas tiveram como finalidades, promover a integração entre o ensino de Biblioteconomia e a realidade das bibliotecas públicas municipais brasileiras, permitir ao aluno exercitar as habilidades de analisar situações, diagnosticar o universo das unidades de informação e propor soluções para a melhoria do desempenho da biblioteca, dentro das modernas técnicas de Biblioteconomia. A professora coordenadora deslocou-se várias vezes, durante o período, com o intuito de coletar dados necessários ao planejamento e para organizar as visitas.
Anteriormente as visitas, era realizada uma reunião, com a participação de todos os envolvidos, a fim de se fazer um planejamento de trabalho, onde todos expunham suas idéias sobre como deveriam ser encaminhados os trabalhos. Durante as visitas, era realizado o processamento técnico dos documentos. Duas metodologias foram utilizadas: processamento técnico total de cada documento pelo aluno e processamento técnico em linha de montagem. Comparou-se, em cada método, a produtividade, o nível de aprendizado e a relação custo/benefício de cada aluno, podendo o próprio aluno sentir as vantagens e desvantagens da aplicação de cada uma, reforçando seus conhecimentos.
O projeto envolveu dez disciplinas do Curso de Biblioteconomia da UFRGS, no período de janeiro de 1996 a novembro de 1997.
Cada disciplina contribuiu com o crescimento e o sucesso do projeto. São as seguintes:
BIB 01166 - Biblioteconomia no Brasil Contemporâneo
Ministrada pela Profª. Jussara Santos, envolveu coleta de dados e elaboração do Plano e levantamento das necessidades de cada disciplina para atendimento dos objetivos específicos propostos pelo Projeto. Compreendeu a organização geral pelos alunos; estabelecimento, em reuniões com as disciplinas, das metodologias de trabalho a serem desenvolvidas; coordenação das reuniões e relatórios parciais de avaliação e controle de qualidade.
BIB 01170 - Estudo do Usuário
Foi Realizada nesta Disciplina a pesquisa Estudo do Município de Canela e sua comunidade. Responsável Profª. Dr.ª Ida Regina Chitto Stumpft.
BIB 01321 - Representação Descritiva dos Registros do Conhecimento
Nesta Disciplina foi estabelecida a Política de Catalogação, que passou a ser aplicada na Biblioteca, assim como a elaboração dos Manuais de Desdobramento de Fichas Catalográficas, Catálogo de Identidade, Registro de Documentos e Preparo do Documento para Circulação. Durante as visitas a Profª. Helen Rose Flores de Flores, responsável pela Disciplina, coordenou e orientou o registro e a catalogação.
BIB 01186 - Referência
Foi realizado um planejamento do serviço de Caixa-Estante. A caixa-estante é composta por livros que são encaminhados às escolas municipais, como forma de suprir a em parte a necessidade informacional de alunos e professores, com relação ao processo de ensino-aprendizagem. Responsável Profª. Dr.ª Inês Pinto Kruel.
BIB 01324 - Análise Temática
Sob a coordenação da Profª. Regina van der Lan e com a contribuição das Professoras Martha Kling Bonotto e Glória Isabel Satamini Ferreira, responsáveis pelas Disciplinas de Representação Temática dos Registros do Conhecimento, foi estabelecido um Plano para uma Política de Indexação e o Manual para Determinação dos Cabeçalhos de Assuntos. Estes professores coordenaram a execução das atividades de análise, classificação e indexação de todos os documentos registrados.
BIB 01136 - Sistemática da Leitura Infantil
A Disciplina contribuiu com a identificação de obras de literatura infanto-juvenil a serem adquiridas para o serviço de caixa-estante. Coordenadora Profª. Eliane Moro.
BIB 01177 - Organização de Bibliotecas I
Sob a coordenação da Profª. Maria do Rocio, foi elaborado leiaute da nova sede da Biblioteca.
BIB 01176 - Formação e Desenvolvimento de Coleções
Foi elaborada a Declaração de Políticas de Desenvolvimento de Coleções da Biblioteca Municipal de Canela, instrumento utilizado para iniciar o processamento técnico do acervo.
BIB 01199 - Prática de Biblioteca
Disciplina do oitavo semestre (estágio curricular supervisionado), onde os alunos desenvolvem todas as atividades da biblioteca, aplicando, principalmente, a teoria apreendida em sala de aula. Os alunos desta disciplina desenvolveram e orientaram os colegas, contribuindo para a tomada de decisões nas atividades, capacitados que estão a exercer todas as atividades.
Apartir do leiaute elaborado na Disciplina BIB 01177 - Organização de Bibliotecas I, realizou-se a mudança do antigo espaço físico para um novo espaço, mais amplo e com um ambiente mais agradável. A inauguração ocorreu no mês de julho tendo sido realizada duas visitas após.
Foi produzido um vídeo para divulgação do Projeto e da Biblioteca. Também foi realizado um concurso, entre os alunos da Faculdade, para criação de um folder da Biblioteca.
SITUAÇÃO
ATUAL DO PROJETO
Algumas destas realizações, mudança de sede da biblioteca, organização geral do acervo e layout da mesma, processamento técnico de parte de seu acervo e inauguração da nova sede, atestam o grau de desenvolvimento que já foi alcançado, face à realidade anterior da Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS.
No dia 07 de novembro passado, foi realizada uma última visita técnica que objetivou concluir e fazer uma revisão final em torno dos trabalhos desenvolvidos nas visitas anteriores.
A título de finalização foi realizada uma exposição, no saguão da Faculdade. Essa exposição contou com a participação dos integrantes do projeto e pretendeu fazer uma divulgação do mesmo, pois, apesar de ser uma iniciativa do Departamento de Biblioteconomia e Documentação, nem todos conheciam o Projeto e suas realizações.
Na exposição, foram apresentados: os materiais produzidos em torno do projeto(manuais técnicos), os relatórios das pesquisas realizadas, o vídeo feito pelos alunos da Comunicação, fotos e depoimentos acerca das realizações.
Acredita-se que o grupo no todo ainda teria muito a desenvolver na Biblioteca Pública Municipal de Canela. No entanto, observa-se que as realizações do projeto já permitem que a comunidade canelense conheça o trabalho que pode ser feito or um bibliotecário e contrate um profissional para dar continuidade às ações iniciadas.
CONCLUSÕES
E AVALIAÇÃO
Para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, houveram muitos ganhos, no que se refere à sua relação com a comunidade. Esta pode, hoje, beneficiar-se de um acesso físico mais acessível, além de um serviço de informações de acordo com suas necessidades e à altura de seu prestígio cultural e econômico. Sem dúvida alguma, a comunidade canelense, como usuária dos serviços prestados por sua Biblioteca Pública Municipal, foi a principal beneficiada por este projeto.
Com relação à equipe envolvida no projeto, poderíamos avaliar sua participação de acordo com a posição de cada um. Os professores manifestaram-se, em todos os momentos, favoráveis à realização deste projeto, tendo em vista que percebem a importância do mesmo para a formação dos alunos. Estes, também foram bastante beneficiados considerando-se que o projeto foi uma forma direta de contato com a futura profissão e ofereceu oportunidades de prática das teorias aprendiads em sala de aula. Além disso, as visitas técnicas proporcionaram a alunos e professores uma determinação de pontos a serem revisados e, até mesmo, modificados dentro dos conteúdos vistos em aula. Alunos bolsistas e professor coordenador também se favoreceram dessa realização, uma vez que, além de desenvolver, como os outros, as atividades de processamento técnico, realizaram atividades organizacionais e administrativas.
Em suma, acredita-se que o projeto foi uma realização de grande valia para todos os participantes. Percebe-se que o mesmo conseguiu por em prática uma das funções da universidade: a de estender à comunidade o conhecimento produzido através de serviços prestados. Além disso, percebe-se que proporcionou uma retroalimentação do curso de Biblioteconomia da UFRGS, uma vez que durante as atividades desenvolvidas detectou falhas e necessidades de modificações. Por fim, verificou-se que o projeto INFORMAÇÃO E CONVIVÊNCIA: uma proposta para a Biblioteca Pública Municipal de Canela, RS, no momento de suas realizações, favoreceu a união do grupo envolvido, o que também gratifica e qualifica a equipe. De um modo geral, todos os participantes demonstram-se favoráveis à realização deste mesmo projeto em outras comunidades, tendo em vista tudo o que aqui foi exposto. É importante que outras comunidades sejam beneficiadas por este serviço que os cursos de Biblioteconomia podem oferecer, o que para elas só proporciona ganhos e intensifica o papel social presente em sua missão.
From Academy to Community: Project: " INFORMATION and COEXISTENCE: a proposal for the Canela's Municipal Public Library, RS"
Abstract: It
demonstrates the importance of Extension Activities for the
University Community and, more
particularly, for the Librarianship graduation course students of
the Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. It presents extension project INFORMATION and
COEXISTENCE: a proposal
for the Canela's Municipal Public Library, RS.
Key-words:
Librarianship; University extension; Social function of the
University; Extension Activities in
UFRGS; Extension and Librarianship, Social Function of the
Librarian, Coexistence.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
2 LAMPERT,
Ernâni. A universidade no Brasil: desafios e perspectivas para o
século XXI. A Didática em
Questão, Rio Grande, v.3, n.4, p.16-19, 1996.
3 TRINDADE, Hélgio. Universidade em Perspectiva. Porto Alegre, UFRGS, 1996. 189p.
4 UFRGS. Estatuto e Regimento Geral. Porto Alegre, 1995. 54p.
5 WANDERLEY,
Luis Eduardo W. O que é Universidade. São Paulo,
Brasiliense, 1985. 83p.
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