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                              OS CAMARÕES TRICOLORES

            Chegamos agora a um ponto aonde parece surgir uma segunda raça de BMD, o tipo "CLAQUETE": cães pequenos e com ossatura faltando. Sempre citando o presidente da AFBS (Associação Francesa de Boiadeiros Suíços), "a fossa  se aprofunda entre a elite e os camarões". De fato, entre aqueles que merecem (verdadeiramente) o Excelente, ou seja de 15 a 20% dos exemplares engajados em exposições, e os mais medíocres, que mal conseguem passar pela confirmação de tipo simples, faltam exemplares muito bons (valendo efetivamente o MB(Muito Bom). Esse fenômeno é em parte mascarado pela mansidão de uma parte dos juízes, que distribuem muito facilmente o Excelente e dão o Muito Bom a cães sem qualidades. Mesmo sinalizando que este estado de fatos não é específico do BMD - reunindo todas as raças, os ¾ dos cães apresentados em exposição obtém o qualificativo Excelente ou Muito Bom - ele prejudica (falsifica) grandemente a seleção.
          A heterogeneidade do plantel bernese tem causas provavelmente também
no terror que a consanguinidade inspira nos "amadores". Como pode-se de fato fixar qualidades em uma criação se são utilizadas sistematicamente linhas de sangue diferentes? (Pergunta o presidente do AFBS). A "pan-mixagem" acentua a diversidade da raça, que recebeu ao curso dos anos quotas de terra-nova mas também dos outros bouviers da Suíça; sabemos também que um caráter desconfiado (que era aquele de muitos dos cães de fazenda) foi por muito tempo apreciado no BMD. Tudo isso pode reaparecer ao acaso dos cruzamentos.
            Esta falta de severidade dos juízes, e a falta de conhecimento de certos criadores, toca aparentemente na seleção do caráter, bem que seja difícil cercar exatamente o problema. Aparentemente, o número de BMDs medrosos ou de comportamento muito reservado está aumentando. Podemos ver cães buscando uma classificação se apresentarem com a cauda constantemente entre as pernas; esta não é a imagem que deve passar o cão confiante e seguro de si. Deve-se dar parte também dos erros de criação -
exemplares criados muito severamente pelo expositor ou falta de socialização - e aqueles imputáveis aos proprietários. Estes últimos frequentemente têm tendência de superproteger seu companheiro, tardando a multiplicar o contato com multidão, a circulação, etc.
            Os cães "na moda" são rapidamente suspeitos de ter uma saúde incerta devido à multiplicação anárquica de seus efetivos. Entre os BMDs, a reputação de robusteza não é usurpada, e se a luta contra a displasia sofre com o fato de que criadores importantes (aos quais deve-se juntar os ocasionais e os particulares) se recusam a radiografar seus reprodutores (ou trapaceariam fornecendo falsos laudos), este problema não ganha mais terreno na França.
            Da opinião dos criadores bem como do clube da raça, o motivo de preocupação principal seriam os câncers. Certo, ele atinge frequentemente os cães com 8 a 10 anos de idade, mas começamos a ver cada vez mais cânceres prematuros. Vários tipos de câncer, sem que se possa cercar a prevalência  de algum tipo de tumor maligno. Uma enquete do clube francês, com base de 300 respostas, deixa perplexo. Certo, um estudo americano ilumina a importância relativa da OSTEOSARCOMA e do LINFOSARCOMA, ele mostra também uma grande diversidade de câncers no BMD. Nada ermite implicar certas linhagens, faltam também comparações, com cães de raças vizinhas por exemplo. Mas na França notadamente, cada clube trabalha em seu canto...
            Fazendo a conta dos prós e dos contras: o saldo é claramente positivo. Não somente ele deve sua audiência atual a suas qualidades específicas, mas ele não está apodrecido pelo sucesso. Esperemos que isso dure!
(Texto retirado da Revista Francesa Cynomag ano 2001, traduzido informalmente pelo CANIL ODENTHAL)

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