Experiências em Hospitais



        A professora Eliana Yunes desenvolvia num hospital do Rio o programa de contar estórias para crianças enfermas.Havia constatado que em muitos casos , ouvindo narrativas fantásticas que aguçavam a imaginação e faziam apelo à vida, as crianças recobravam a vitalidade. Narrou-me casos de mães que, no hospital, a procuravam para que aplicasse essa "terapia" Era como se por alguns momentos o efeito negativo das bactérias fosse suspenso. O imaginário atuava de forma terapêutica. Ouvir estórias fazia bem não só ao espírito, mas refletia-se no corpo.

        Mas um episódio igualmente ilustrativo foi-me narrado pelo Dr. Ronaldo Tournel antigo colega de ginásio.Disse-me ele que havia desenvolvido e montado por conta própria no hospital em que trabalha em Juiz de Fora uma biblioteca para os internados. Pegava os livros que tinha em casa, livros de vizinhos e amigos e levava para lá, porque lhe incomodava ver os enfermos no leito , ociosos,quando podiam perfeitamente viajar imaginariamente através da leitura.

        Mas constatou, surpreso e feliz, que um dia ia dar alta ao paciente do leito 11 e este lhe pediu para adiar sua saída,porque precisava saber do fim de uma estória que estava lendo ali no hospital.

        O médico achou interessante o pedido , mas alguém chamou sua atenção comentando que aquilo parecia mentira, pois o referido doente era analfabeto.O Dr.Ronaldo, então, vai a ele e pergunta-lhe se é analfabeto, e o doente confirmando explica:"Sou analfabeto sim, mas o paciente do leito 12 está lendo para mim , e eu leio a leitura dele".
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