Leitura-Escritura entre carentes



        Francisco Gregório Filho é um competente contador de estórias, um apóstolo das campanhas de leitura pelo país, tendo trabalhado nesse campo com seringueiros no Acre, pescadores no nordeste e professores em Campinas .

        No Rio, um dia estava realizando um trabalho na favela de Manguinhos,ali atrás do sofisticado Instituto Oswaldo Cruz, zona norte da cidade. Havia se reunido com as mulheres da associação de moradores,comido bolinhos de arroz fritos e recheados com carne seca moída e temperada com folhinhas de manjericão, e ao sair da favela deparou-se com um barraco onde havia um estúdio de rádio FM.Era uma rádio comunitária que transmitia melodias através de 120 caixas nos postes.Entrou no barraco foi apresentado ao locutor Mac Andréss e este colocou o microfone à sua disposição.

        Gregório resolveu, então, falar um conto popular, uma crônica e uma fábula.Poucos minutos depois de terminar,apareceu um garoto correndo e lhe pediu que contase de novo as estórias porque a vó havia gostado muito.

        O experementado contador de estórias adicionou ingredientes novos .Contos aquelas e somou-as a um conto de Eça de Queirós -"O tesouro" e ao poema de Drummond-"A morte do leiteiro".,

        Os textos ecoando sobre e entre as casas pobres causava as reações mais inesperadas. Uma delas foi do seu Manuel Antônio, um senhor de cerca de 80 anos que trouxe-lhe escrita num papel meio amassado e com sua letra uma estória pedindo que ela também fosse lida ao microfone.

        A narrativa era boa e foi lida. Leitores são autores em potencial.
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