Extendendo o programa de promoção em mais de 300 município no país, chegamos à conclusão que era imprescindível fazer com que os trabalhadores que operavam na faxina e nos serviços gerais da Biblioteca Nacional tivessem tambérm oportunidade de descobrir a leitura. Eram pessoas que vindas do subúrbio, despertavam de madrugada, trabalhavam duro todo o dia e quando regressavam às suas casas, exaustas, ainda tinham que preparar comida para filhos e marido. Portanto, que horário encontrar para encaixar atividade de aproximação com os livros? Sobrava apenas a hora do almoço e dos posteriores minutos de descanso quando operárias e operários conchilavam ou conversavam. Pois foi essa hora exatamente que os próprios trabalhadores escolheram para dedicarem-se à experiência da leitura. O programa começava gradualmente com estórias folclóricas , pertencentes à tradição ou textos literários facilmente memorizáveis. A seguir iam sendo introduzidos textos mais complexos. Eram dados os textos, lidos e comentados. Certo dia, foi lido um texto de Machado de Assis. Nada mais nada menos que um texto de Machado de Assis.. E aconteceu o inesperado.Ao terminar a leitura do texto juntamente com trabalhadores e trabalhadoras, uma delas emocionada exclamou: - Mas esse texto foi escrito pra mim! Isto demonstrava que a formação de leitores, primeiro pode ocorrer em qualquer idade e, em segundo lugar, que mesmos os chamados autores clássicos e mais sofisticados podem ser servidos prazerosamente para esse novo público. |