Um dia estou abastecendo o carro num posto de gasolina na Lagoa Rodrigo de Freitas, quando o frentista, um garoto moreno e sorridente me cumprimenta com certa intimidade, e diante de minha cara meio enigmática, me lembra, contando que quando trabalhava como estagiário na Biblioteca Nacional ,há vários anos, foi com um grupo de uns 40 adolescentes levado a conhecer uma Bienal do Livro. Com efeito,da mesma maneira que insistíamos para que os operários pudessem se acercar ao livro, sobretudo numa Casa onde o livro e os leitores são a sua razão de ser , também uma atenção especial era dada aos menores carentes que ali estagiavam. Por isto, um ônibus os levou ao Riocentro.Antes ouviram uma palestra sobre o significado de uma bienal, a questão do livro e da leitura. Desembarcando no local, maravilhados, percorreram diversos estandes de editoras,que previamente contatadas lhes deram livros de presente.No entanto, algo realmente comovente ocorreu. Alguns desses meninos e meninas fizeram questão de comprar com seu parco dinheirinho alguns livros para eles,pois assim se sentiam também fazer parte daquele mundo . Quando regressaram vieram cantando um " rap" improvisado narrando a aventura.Pedimos-lhes que fizessem um texto contando o que signficara aquela experiência para eles.Todos escreveram. E aos melhores trabalhos foram dados prêmios, em dinheiro, e, naturalmente, em livros. Aquele menino no posto de gazolina estava me dizendo que a sua vida havia se modificado por ter tido a chance de trabalhar e conviver com livros. |