ABBEY ROAD
Inglaterra: 26/9/69 Estados Unidos: 1/10/69 Brasil: dez/69 |
Lado 1:
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Lado 2:
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COME TOGHETER
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo, piano elétrico
e vocais principais
Paul McCartney: Baixo e vocalização
George Harrison: Guitarra solo
Ringo Starr: Bateria e maracas
Dizem que John Lennon fez essa letra para calar
de uma vez os intérpretes de suas canções, que viviam
descobrindo significados ocultos onde não havia nada nas
entrelinhas - apenas as linhas mesmo. Realmente, um brasileiro
pode ser graduado em Oxford que vai continuar sem entender
absolutamente nada da letra. O que, aliás, não tem a menor
importância, porque a música é fantástica e o arranjo não
podia ser melhor. John e George tocam guitarra solo e Paul
acompanha no baixo. John também está no piano e vocais. As
vezes Paul faz um corinho e Ringo toca bateria e maracas.
Essa música foi feita originalmente para a
campanha política de Timothy Leary, candidato ao governo da
Califórnia, mas ele desistiu da eleição e John refez a
música. Houve um pequeno problema jurídico com "Come
Together": Maurice Levy, proprietário da Big Seven Music,
que detinha os direitos autorais de "You Can't Catch
Me", de Chuck Berry, acusou John de plagiar duas frases
musicais dessa música em "Come Together". Em vez de
enfrentar a burocracia de uma questão na Justiça, John gravou
duas canções de Chuck Berry no seu LP Rock'n Roll:
"You Can''t Catch Me" e "Sweet Little
Sixteen". Além desses problemas, "Come Together"
foi proibida pela rádio e TV estatal inglesa, a BBC, pois
achavam que a referência à Coca-Cola era publicidade. Raul
Seixas teve um problema desses com "Ouro de Tolo", pois
algumas emissoras se recusavam a tocar uma canção com a palavra
Corcel(Ford). Em matéria de censura, o know-how tupiniquim faz a
Europa se curvar ante o Brasil. (Letra)
SOMETHING
(George Harrison)
John Lennon: Guitarra solo
Paul McCartney: Baixo
George Harrison: Guitarra solo, orgão e
vocais solo
Ringo Starr: Bateria
Músicos de estúdio: Cordas
George tinha lá suas razões para se sentir
desqualificado dentro do grupo: afinal, sempre que alguém quer
elogiar essa música, diz que parece uma típica composição da
dupla Lennon/McCartney. O fato é que se trata de sua canção
mais bonita, regravada por muitos cantores, nos mais diferentes
estilos. Quem curte o estilão romântico, por exemplo, pode
optar pela versão de Tony Bennett. A regravação de Joe Coker,
feita em sua fase mais forte (com Mad Dogs and the Englishmen),
já parte mais para um clima passional, com um resultado muito
bonito.
Mas nada se compara à versão original. Os vocais
de George são emocionados, na medida certa. Ele fez a música
para sua mulher, Patti (ex-Boyd e, na época, futura Clapton,
pois acabaria deixando George por seu amigo) Harrison. A primeira
frase é o título de uma canção de James Taylor:
"Something in the WaySheMoves".
Lançada no lado A de um compacto, chegou ao quarto lugar nas
paradas. Depois de "Penny Lane", era a primeira vez que
um compacto dos Beatles não atingia os primeiros lugares. (Letra)
MAXWELL'S
SILVER HAMMER
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarras solo e rítmica,
backing vocal
Paul McCartney: Baixo, piano, vocais
principais e backing vocal
George Harrison: Violão e sintetizador
Ringo Starr: Bateria e bigorna
Pois é, o martelo de prata de Maxwell é Ringo
tocando bigorna... Paul está nos vocais principais de sua
primeira faixa em Abbey Road. Também entra no backing
vocal com John e explica:
- É a síntese das quedas que acontecem na vida.
Quando você pensa que está tudo indo bem, bang-bang, lá vem o
martelo de prata de Maxwell estragar tudo.
Não é o caso dessa faixa, que foi ensaiadíssima
e saiu perfeita. Aliás, no filme Let it Be, há uma
sequência desse ensaio. No final, os quatro cantam juntos
"Silver Hammer". (Letra)
OH! DARLING
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Backing vocal
Paul McCartney: Baixo, piano, vocais
principais e backing vocal
George Harrison: Guitarra solo e
sintetizador
Ringo Starr: Bateria
É aqui que Paul dá tudo o que tem - pelo
menos, de sua garganta.
- Quando estávamos gravando essa faixa, passei
uma semana chegando mais cedo no estúdio para cantar sozinho
essa música, porque minha voz estava clara demais. Eu queria dar
a impressão de ter passado a semana cantando no palco.
O resultado é delicioso de se ouvir, uma
declaração de amor de corpo e alma e muita voz. Trata-se de uma
das faixas mais animadas do disco, onde Paul mais uma vez mostra
sua paixão pelos blues elétricos negros, assim como a
capacidade de criá-los. (Letra)
OCTOPU'S GARDEN
(Ringo Starr)
John Lennon: Guitarra solo e backing vocal
Paul McCartney: Baixo, piano e backing
vocal
George Harrison: Guitarra solo e
sintetizador
Ringo Starr: Bateria e vocais principais
Ringo sempre disse que não sabia compor, mas tanto essa quanto "Don't Pass me By" (incluída no Álbum Branco) são animadíssimas e gostosas. Dizem as más línguas que essa faixa seria uma parceria com George. É Ringo quem está nos vocais principais e, como na primeira faixa, John e George tocam guitarra solo. Há efeitos sonoros semelhantes aos de "Yellow Submarine", como bolhas de ar na água - afinal, essa música também é uma canção marítima, a começar pelo título (jardim de polvo). (Letra)
"(I WANT YOU) SHE'S SO HEAVY"
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo, órgão e
vocais principais
Paul McCartney: Baixo e vocalização
George Harrison: Guitarra rítmica e
sintetizador
Ringo Starr: Bateria
A segunda maior faixa dos Beatles (a primeira
é "Revolution 9"), é, na verdade, a reunião de duas
canções: "I Want You" e "She's So Heavy",
ambas sobre Yoko Ono. Em resposta a um crítico que reclamou da
excessiva simplicidade da letra, John disse:
- Quando você está desesperado, se afogando, por
exemplo, você não diz "eu ficaria extremamente satisfeito
se alguém adivinhasse que estou me afogando e viesse me
salvar", você simplesmente berra. É assim que me
sentia em relação a Yoko: só conseguia repetir "eu quero
você, eu quero você, ela é tão pesada".
Realmente, Yoko foi pesada demais para os Beatles,
tendo uma atuação determinante na ruptura do grupo. Até que
ponto ela não pesou demais também para o próprio John é
impossível saber. A música é bonita e John ataca o órgão com
tudo, além de solar a guitarra num estilo meio blues. Aqui, ele
grita a letra, num jeito semelhante àquele de Paul quando canta
música negra. A guitarra vai-se repetindo, George introduz um
sintetizador e, de repente, tudo acaba abruptamente. (Letra)
HERE COMES THE
SUN
(George Harrison)
John Lennon: Violão e backing vocal
Paul McCartney: Baixo e backing vocal
George Harrison: Violão, sintetizador e
vocais principais
Ringo Starr: Bateria
Músicos de estúdio: Cordas
Não precisa nascer em Liverpool e morar em Londres para entender o porquê dessa canção. Basta já ter encarado dez dias de mau tempo em São Paulo para imaginar o que George sentiu ao ver os primeiros raios de sol da primavera inglesa, no jardim da casa de Eric Clapton. Foi assim que nasceu essa homenagem ao sol, resultando numa faixa muito bonita, na qual os Beatles brincam com o estéreo: a introdução é no canal esquerdo e, quando a voz de George entra, a música atravessa para o direito. A instrumentação é semelhante à de "If I Needed Someone", mas a alegria de rever o sol é única. (Letra)
BECAUSE
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo
Paul McCartney: Baixo e vocais principais
George Harrison: Sintetizador
Ringo não participa dessa faixa. John e Paul
fazem os vocais e George entra com um sintetizador muito bem
programado. Segundo John, isto é Beethoven de trás para a
frente:
- Essa canção é sobre mim e Yoko no começo.
Ela estava tocando uma sonata de Beethoven e eu sugeri que
tocasse de trás para frente. Na verdade, é a Sonata ao Luar ao
contrário.
Junto com uma letra simples, John conseguiu uma
das faixas mais bonitas do disco. Pouca gente pode se aventurar a
cantá-la, pois não é nada fácil. A cantora Tetê Espíndola
é uma dessas poucas bem-aventuradas e tem uma interpretação
belíssima para "Because" - até o momento, inédita em
disco. (Letra)
YOU
NEVER GIVE ME YOUR MONEY
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo e backing vocal
Paul McCartney: Piano, baixo, vocais
principais e backing vocal
George Harrison: Guitarra rítmica
Ringo Starr: Bateria e pandeiro
Na verdade, aqui há quatro pequenas canções
de Paul misturadas numa só. A primeira é "You Never Give
me Your Money", que ele fez por causa dos desvios de
dinheiro de Allen Klein e todos os problemas financeiros da
Apple. Ele canta sozinho e se acompanha ao piano. Em seguida,
entra "That Magic Feeling", com uma batida meio country
no piano e os vocais de Paul assumem um pouco o estilo de Little
Richard. A terceira musiquinha é "One Sweet Dream",
ligada ao resto por um corinho de John e Paul e bem roqueira. No
finalzinho, quanda a faixa parece que vai acabar, entra a quarta
canção, que se resume na frase
"one-two-three-four-five-six-seven, all good children go to
heaven", cantada por John e Paul.
Pode-se considerar essa faixa toda como uma
música só, mas com uma letra meio maluca, que começa
reclamando da falta de dinheiro, depois fala de uma sensação
mágica, um sonho dourado se realizando e um, dois, três,
quatro, cinco, seis, sete, todas as crianças boazinhas vão para
o céu. E a música vai sumindo até entrar a faixa seguinte.
(Letra)
SUN KING
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo, maracas, todos
os vocais
Paul McCartney: Baixo e harmônio
George Harrison: Guitarra solo
Ringo Starr: Bateria e bongos
George Martin: Órgão
Mais um delírio de John Lennon, inicialmente batizado de "Los Paranoios", já que essa canção surgiu para ele em sonho. A música começa apenas com uma guitarra e som de grilos. John canta uma letra louquíssima, que mistura inglês, italiano, espanhol e françês para não dizer quase nada, além de falar do sol (pela segunda vez no disco). Sua voz foi gravada nos vocais principais, depois ele fez as vocalizações e tudo foi mixado. (Letra)
MEAN MR. MUSTARD
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Piano e vocais principais
Paul McCartney: Baixo com fuzz e
vocalização
George Harrison: Guitarra solo
Ringo Starr: Bateria e pandeiro
John fez essa faixa na época da meditação na Índia. Não tem nada de místico, porém, ele canta exagerando seu sotaque natal (de Liverpool). É a primeira vez que Paul usa o baixo com fuzz desde a faixa "Think for Yourself", do álbum Rubber Soul (1965). (Letra)
POLYTHENE PAM
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Violão, guitarra solo, vocais
principais
Paul McCartney: Baixo, guitarra solo e
vocalização
George Harrison: Guitarra rítmica e
pandeiro
Ringo Starr: Bateria e maracas
Nessa faixa animadinha, John volta a Liverpool
outra vez:
- Fiz essa música na Índia e, na hora de gravar,
fiz um sotaque de Liverpool bem forte, porque é sobre uma
prostituta de lá, vestida de saia xadrez e bota de montar.
Eles chegaram a gravar outra versão dessa
música, que nunca foi lançada. (Letra)
SHE CAME IN THROUGH THE BATHROOM WINDOW
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Violão, vocalização e
backing vocal
Paul McCartney: Guitarra solo, vocais
principais e backing vocal
George Harrison: Baixo e pandeiro
Ringo Starr: Bateria e maracas
Sem interrupção entre a faixa anterior e esta, "ela entra pela janela do banheiro", começa com um aviso: "cuidado!", contando a história do amor de um policial por uma ladra. Só que essa canção se refere, também, à época das excursões dos Beatles, nos anos 60, quando uma fã escalou a parede de um hotel e invadiu o banheiro do quarto de Paul pela janela. Essa tiete não podia imaginar que seus poderes de homem-aranha iriam gerar uma canção tão boa. Joe Cocker também tem uma versão ótima, com o Mad Dogs and the Englishmen. (Letra)
GOLDEN SLUMBERS
(Lennon-McCartney)
Paul McCartney: Baixo, piano e vocais solo
Ringo Starr: Bateria
Músicos de estúdio: Cordas
- Eu estava na casa de meu pai, em Cheshire,
brincando no piano e encontrei a canção tradicional
"Golden Slumbers" num livro de Ruth. Achei, então, que
seria legal fazer o meu "Golden Slumbers".
Quem conta é Paul. Ruth era sua irmã de
criação e, como ele não sabia ler música, usou a letra
original (de autoria do poeta Thomas Dekker, escrita há cerca de
quatrocentos anos) e fez uma melodia nova - sem dúvida,
infinitamente melhor que a primeira. (Letra)
CARRY THAT
WEIGHT
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Baixo e vocais principais
Paul McCartney: Piano e vocais principais
George Harrison: Guitarra solo e vocais
principais
Ringo Starr: Bateria e vocais principais
Músicos de estúdio: Cordas e metais
A faixa começa com todo mundo junto nos vocais e entra em cima do finalzinho da anterior, praticamente sem intervalo. Depois, a voz de Paul sola os versos de "You Never Give me Your Money", um pouco modificados, acompanhado pelo próprio piano. Em seguida os quatro voltam a cantar juntos outra vez. Sem intervalo algum, começa a faixa seguinte. (Letra)
THE END
(Lennon-McCartney)
John Lennon: Guitarra solo e backing vocal
Paul McCartney: Baixo, piano, vocais
principais e backing vocal
George Harrison: Guitarra rítmica e
backing vocal
Ringo Starr: Bateria
Músicos de estúdio: Cordas
Essa faixa se divide em quatro partes: começa com Paul cantando um trecho que nada tem a ver com o resto. Depois, Ringo faz um solo de bateria (pela primeira vez em disco), que dura 16 segundos. Em seguida, Paul, John e George fazem uma rápida jam-session (menos de um minuto) em suas guitarras, cantando "love-you" várias vezes seguidas. E, para fechar tudo, um piano calminho acompanha o verso "e no fim, o amor que você ganha é igual ao amor que você faz". (Letra)
HER MAJESTY
(Lennon-McCartney)
Paul McCartney: Violão e vocais solo
Depoi de 18 segundos de intervalo, a última faixa: Paul encerra o último disco gravado em conjunto pelos Beatles dizendo que sua majestade é uma moça bonitinha, mas não tem muito o que dizer. Infelizmente, os Beatles também não mais, já que os lançamentos seguintes seriam gravações anteriores (algumas inéditas, como Let It Be). Mas não importa, porque todas as suas palavras cantadas foram perfeitas e ficaram gravadas em vinil e corações. 4 ever. (Letra)
Edição
especial da revista SOMTRÊS/Editora Três Ltda.
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