A FLORICULTURA NO BRASIL

A floricultura no Brasil iniciou-se como atividade econômica em maior escala a partir dos meados dos anos 60. Aos poucos foi crescendo, visando principalmente os picos de maior demanda provocados pelo Dia das Mães, Dia dos Namorados, Finados e Natal. O Brasil possui notórias vantagens comparativas para especializar-se na produção de flores, bastando citar os microclimas privilegiados, a disponibilidade de terra, água, energia, mão-de-obra, tecnologias agronômicas, infra estrutura rodoviária e portuária e canais de distribuição adequados. Estes fatores incidem diretamente na qualidade do produto ao mesmo tempo que permitem um adequado e racional manejo dos custos oferecendo preços competitivos nos mercados externos. Por outro lado, algumas atitudes do governo brasileiro dificultam o crescimento dos produtores, como a burocracia para as exportações, e as questões tarifárias. Também a imagem negativa do Brasil, com relação ao tema ambiental, se reflete como desvantagem para a floricultura nacional frente aos demais países produtores.

 Apesar de inúmeras vantagens comparativas, o setor produtor de flores e plantas ornamentais, demonstra a crescente necessidade de ações articuladas para dotar o país de condições para uma produção de qualidade. A área ocupada atualmente pela floricultura no Brasil é pequena, com possibilidades de crescer consideravelmente sendo necessário a adaptação das culturas às características de solo e clima das diversas regiões. Para se ter uma idéia, estima-se que a área plantada esteja em torno de 10.000 hectares, apresentando um consumo de fertilizantes de 700 kg/ha, além de utilizar vários outros insumos, como húmus de minhoca, máquinas para a preparação do solo, embalagens, entre outros. Por estes dados podemos antever a importância da floricultura no país.

 A exportação, na década passada, não passou de modestos 15 milhões de dólares por ano. No mercado interno, onde o consumo per capita ainda é muito pequeno, em torno de 7 dólares por ano, e portanto com grande potencial para se expandir. Também registram-se perdas enormes entre a produção e o consumo, variando de 30 a 60%, devido a falta de organização do setor.

Entretanto, a floricultura apresenta uma performance bastante satisfatória quando comparada com outros setores da agricultura brasileira, que contam com incentivos governamentais e tem tradição no mercado. O setor de banana exportou em 1990, 9 milhões de dólares, a laranja 18 milhões e o sisal bruto 7 milhões. Essas comparações são necessárias para ressaltar que o setor não é tratado com a devida relevância, as estatísticas são pouco detalhadas e o apoio institucional é quase inexistente.

Não se pode deixar de citar o papel da Cooperativa Agropecuária Holambra, para o desenvolvimento da floricultura nacional. Fundada em 1948 por imigrantes holandeses, deu um importante impulso na produção e comercialização de flores que até então mal sobrevivia. A união dos produtores de forma organizada permitiu a ampliação e troca de conhecimentos existentes por parte de técnicos e produtores, bem como adquirirem as tecnologias avançadas necessárias para o desenvolvimento com qualidade. A partir de 1991 a Cooperativa Holambra passou a utilizar um moderno sistema de comercialização que contribui para o desenvolvimento alcançado até nos dias de hoje.

Em 1969 foi inaugurado o Mercado de Flores na Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (CEAGESP) e ainda hoje é o local onde mais se comercializa plantas no país.

O aspecto social do setor de produção de plantas ornamentais deve ser considerado principalmente por gerar grande quantidade de empregos. Segundo Castro, a floricultura, entendida aqui como a produção de espécies ornamentais, quer seja de corte ou para plantio, gera mais de 200.000 empregos diretos e 150.000 indiretos. Contribui com cerca de 800 milhões de reais anuais em negócios realizados, cuja retribuição ao país está representada por um melhor nível nas áreas onde se desenvolve está atividade. Absorve em média 15 trabalhadores por hectare, empregando inclusive mulheres e adolescentes, contribuindo para a permanência do homem no campo.

Estima-se que a produção nacional de flores se encontra ao redor de 1,1 bilhão de dólares anuais a nível de varejo, com um consumo interno que absorve mais de 90% do total. Dados de 1992, indicam que o mercado interno realizou negócios da ordem de 120 milhões de dólares e a exportação de flores de corte e bulbos foi em torno de 16 milhões de dólares. Comparando-se com a rentabilidade alcançada pela fruticultura que gira em torno de 30 mil dólares por ano, podemos ter um idéia da importância da floricultura para a economia nacional.. Dois fatores devem ser levados em conta como vantagem em relação às demais culturas; o primeiro é que a produção de plantas ornamentais se adapta, com sua grande variedade de espécies a qualquer tipo de terreno, utilizando inclusive áreas marginais, como alagados, terrenos arenosos e pedregosos; e como segundo fator temos que a produção de flores se dá durante o ano todo.

Os benefícios sócio-econômicos do setor, para o país podem ser identificados como :

a) Orientação da produção agrícola de pequenos e médios produtores fornecendo produtos com alto valor de mercado;

b) Aumento de renda regional e da renda per capita de regiões produtoras, além da geração de renda indireta;

c) Geração de empregos na região, predominando a mão-de-obra familiar, contribuindo para fixar o homem no campo e estancar o fluxo migratório da região;

d) Geração de divisas através de exportações, atualmente em 5% do total produzido, mas podendo alcançar 20%;

e) Geração de receitas fiscais, nos níveis Municipal, Estadual e Federal;

f) Geração e transferências de novas tecnologias agronômicas, gerenciais e mercadológicas;

g) Especialização da mão de obra com respectiva elevação do salário real.

A produção brasileira de flores e plantas ornamentais está distribuída principalmente nos Estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa Catarina, Pernambuco e Rio Grande do Sul, ocupando uma área de 4.500 hectares. Mais de 3.600 produtores respondem por negócios em torno de R$ 350 milhões e 10.000 pontos de vendas. As taxas de crescimento estão em torno de 20% ao ano, podendo ser considerada entre as maiores de nossa economia. Nas demais unidades da federação, embora ocorram microclimas adequados à atividade, a horticultura ornamental é pouco desenvolvida sendo a maior parte das espécies disponíveis no mercado procedente de outras regiões. Entre os países da América Latina que produzem plantas ornamentais, temos a Colômbia, segunda maior produtora mundial, contribuindo com 13% de toda produção, perdendo apenas para a Holanda, a qual tem uma participação em torno de 45% de toda produção mundial de plantas ornamentais. Também encontramos como países exportadores o Equador, Chile e Bolívia. A parcela de exportação brasileira em relação ao cômputo geral é de apenas 0,03% da produção mundial.

 

CONSUMO MUNDIAL

CONSUMO PER CAPITA DE FLORES E PLANTAS

(EM US$)

Suiça

174

Noruega

167

Áustria

109

Alemanha

98

Suécia

89

Dinamarca

83

Holanda

80

Finlândia

69

França

69

Bélgica

69

Itália

63

Estados Unidos

58

Japão

45

Grécia

33

Inglaterra

30

Slovenia

26

Espanha

25

Irlanda

13

Tchecoslováquia

9

 

 

 

A FLORICULTURA NO PARANÁ

Para se estabelecer no mercado nacional e posteriormente no mundial, o produtor de plantas ornamentais paranaense deve procurar se organizar, profissionalizando-se desde a produção até a comercialização no atacado e no varejo, procurar maiores informações junto a entidades que possam lhe oferecer dados de pesquisas para alcançar a melhoria da qualidade de seus produtos e acima de tudo unir as forças através do associativismo para alcançar seus objetivos

Importante lembrar a estratégica localização do Paraná em relação ao Mercosul, o que pode contribuir sobremaneira para o fortalecimento dos produtores do estado com incentivos para exportações, mesmo porque se não estivermos preparados para a competição que se estabelecerá com a abertura das fronteiras, os produtos dos países vizinhos irão competir com os nacionais e com mais qualidade, como já acontece com as rosas produzidas na Colômbia e Equador, que possuem uma durabilidade pelo menos 50% maior que as brasileiras.

  

 

 

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