1 - INTRODUÇÃO

 

1.1 CONCEITO DE POLUIÇÃO

Poluição, segundo o "Guia do Jovem Consumidor Ecológico", é "aquilo que é malcheiroso, infecto, ou sujo, e existe em lugares menos próprios".

A poluição preocupa-nos neste momento porque está a atingir níveis alarmantes no nosso planeta.

1.2 COMO SURGIU A POLUIÇÃO

Cada animal ocupa na Natureza um lugar determinado, a que alguns chamaram "nicho ecológico". Para cada ser vivo o ambiente e o clima do seu nicho ecológico tem uma importância fundamental: temperatura, humidade e luz dentro de certos limites, água e ar com determinados graus de pureza, quantidade de alimento suficiente, etc...

Mas o nicho ecológico do homem é toda a terra. E isto leva a que, ao alterar o seu nicho, ele altera ou destrói mesmo o dos outros seres. A inteligência humana consegue inventar muitos objectos, máquinas e produtos que nos são úteis, mas que transformam o ambiente circundante, modificando-o e ameaçando a nossa própria vida e a dos outros seres.

 

2 - O HOMEM, DESTRUIDOR DA NATUREZA

Os primeiros homens procuraram vencer as dificuldades do ambiente:

- quando o frio levava os animais a emigrar, para se aquecer, o homem aprendeu a cobrir-se com as peles que arranjava na caça, e depois descobriu o fogo ;

- para se proteger dos ataques dos animais, começou a abater árvores para fazer casas e paliçadas ;

- quando os frutos e as plantas espontâneas já não chegavam, inventou a agricultura;

- começou também a criar animais, para lhe fornecerem carne, leite e peles ;

- sentiu necessidade de trocar os produtos do seu trabalho e criou o comércio ;

- construiu estradas para ligar as aldeias umas às outras...

Mas este caminho do progresso tem sido desordenado. O ser humano tem continuado a comportar-se sempre como na Idade da Pedra: tira da terra, das florestas, dos animais o que lhe é útil sem se preocupar com coisa nenhuma. Só que, na Idade de Pedra, os homens eram poucos, os recursos da terra estavam intactos e as actividades humanas eram limitadíssimas.

MAS AGORA ?

Os caminhos dos nossos antepassados transformaram-se nas auto - estradas de hoje, apinhadas de automóveis; as aldeias de choupanas foram substituídas por grandes cidades, onde o verde das árvores tem vindo sempre a ser reduzido para dar lugar ao cimento; para viajar cada vez mais depressa, temos os aviões que libertam gases nocivos; violámos os segredos mais profundos da Natureza e queimámos um produto que a crosta terrestre guardava ciosamente: o petróleo; descobrimos as possibilidades de utilizar a energia do átomo e poluímos a terra com uma nuvem radioactiva; para vencer os insectos nocivos, exagerámos no uso do DDT que agora envenena os frutos, os animais e o homem; para termos casas cómodas e quentes, inventámos o aquecimento doméstico, queimando carvão, nafta e gasóleo e poluindo o ar com anidrido sulfuroso e outros gases; despejámos nos rios e no mar uma quantidade cada vez maior de detergentes e outros produtos inúteis que matam os peixes e, lançados para a margem pelo vento, destroem a vegetação...

Comportamo-nos como se o nosso planeta fosse infinito e os seus recursos ilimitados. Mas a verdade é que isso não é assim. Cada dia que passa mostra um novo e preocupante sinal das feridas terríveis que lhe provocamos.

Um dos problemas da degradação do ambiente resulta do facto da esmagadora maioria das pessoas não ter assimilado a ideia de que a responsabilidade colectiva começa na responsabilidade individual. Cada pessoa pensa que os estragos que faz são insignificantes quando comparados com os provocados pelos outros milhões de seres humanos. E assim, numa cadeia onde a responsabilidade não existe, os factores da degradação da Natureza acumulam-se.

 

3 - FORMAS DE POLUIÇÃO

 

3.1 CONTAMINAÇÃO DO AR

O ar é essencial para todos os seres vivos: sem ele sufocaríamos em poucos minutos. Mas o ar que se respira nas grandes cidades já não é de modo nenhum puro e chega mesmo a ser irrespirável em algumas capitais mundiais. E isto porquê ?

O carvão de pedra e o petróleo, ricos em enxofre, são os principais culpados, pois quando ardem libertam gases de dióxido de enxofre. Estas combustões, tal como as da madeira e do gás, libertam também dióxido de carbono. A título de curiosidade, diga-se que os EUA são responsáveis por 22% do total das emissões de dióxido de carbono - mais de 1.200.000.000 por ano, o que faz deles os maiores poluidores do mundo. O fumo das fábricas e dos automóveis junto com a humidade (nevoeiro) formam uma nuvem que cobre as grandes cidades: o smog (smoke - fumo em inglês + fog - nevoeiro em inglês). Londres e Los Angeles são as cidades mais famosas pela densidade do seu smog. Em 1952 morreram 4000 pessoas em Londres, numa das maiores tragédias provocadas pela poluição do ar.

Os gases dos escapes dos automóveis podem também estar na origem de outro perigo: a poluição pelo chumbo, que, adicionado à gasolina permite aos motores funcionarem com mais suavidade. Mas é um veneno que, aspirado em grandes doses, afecta o cérebro, principalmente o das crianças.

 

3.1.1 CHUVA ÁCIDA

Quando os combustíveis são queimados para produção de energia, ocorrem dois importantes efeitos secundários: o enxofre combina-se com o oxigénio formando o dióxido de enxofre (como já dissemos anteriormente), e parte do azoto do ar e do combustível transforma-se em óxido de azoto. Estes compostos poluentes escoam-se para a atmosfera juntamente com o fumo. Na atmosfera, estes óxidos alteram-se tornando-se ácidos.

Muitos dos gases produzidos pelas centrais eléctricas, fundições, casas e automóveis não se elevam muito no ar, retornando ao solo sob a forma de deposição seca - a poeira ácida. Esta corrói edifícios e obras de pedra, ataca metais e pinturas. Quando arrastados pelo vento, os gases atingem florestas e campos, danificando árvores e impedindo o desenvolvimento das plantas.

Quanto mais tempo os poluentes permanecerem na atmosfera, maiores são as hipóteses de se combinarem com a humidade das nuvens, dando origem a chuvas ácidas. Havendo ventos fortes, os óxidos e ácidos podem permanecer na atmosfera durante vários dias e serem transportados ao longo de muitas centenas de quilómetros, atravessando muitas vezes as fronteiras entre países.

As chuvas ácidas atacam directamente as folhas e agulhas das árvores, mas também podem infiltrar-se no solo, afectando o seu equilíbrio químico e assim prejudicando as plantas e as colheitas. Podem ainda escoar-se para os rios e lagos, poluindo a água potável e destruindo a fauna e a flora aquáticas.

Quase 6,7 milhões de hectares de floresta estão a ser afectados ou destruídos na Europa, particularmente na Alemanha e na Áustria. Parece quase certo que as chuvas ácidas são uma das principais causas dessa destruição. As coníferas são as árvores mais afectadas.

 

3.1.2 "O EFEITO DE ESTUFA"

O calor penetra na atmosfera terrestre a partir dos automóveis, das fábricas, das centrais energéticas e das habitações de todo o mundo. Porém, a maior parte deste calor perder-se-ia no espaço se o dióxido de carbono libertado não fosse mais do que aquele que as plantas podem consumir.

O dióxido de carbono acumulado na atmosfera actua como o telhado de uma estufa: deixa passar os raios solares para a Terra, onde se transformam em energia térmica que tenta voltar para o espaço, mas o "telhado" reflecte-a para a Terra e, deste modo, a energia solar aquece a atmosfera terrestre.

Este "efeito de estufa" vem sobreaquecendo o mundo desde 1965 e está em processo de aceleração, em grande parte, devido à desflorestação. É que, tendo aumentado a produção de dióxido de carbono, seriam necessárias mais árvores para o absorver e, pelo contrário, há cada vez menos. Ao despovoar o solo de vegetais, o homem está a contribuir para a desertificação do planeta e, com esta, para o aumento do "efeito de estufa".

No cenário pessimista traçado pelas Nações Unidas haverá um aumen-to de 5% da temperatura média do planeta nos próximos 100 anos, resultante do "efeito estufa". Isto, a confirmar-se, traria consequências desastrosas, a mais dramática das quais seria, sem dúvida, a subida do nível das águas do mar devido ao degelo dos Pólos e a consequente inundação de muitas cidades, regiões, países até.

 

3.1.3 O "BURACO" DO OZONO

Bem alto, na atmosfera, há uma camada invisível de gás ozono que nos protege dos raios ultra-violetas emitidos pelo Sol. Sem ela os animais e as plantas sofreriam graves lesões.

Em 1985 cientistas descobriram um "buraco" na camada de ozono, sobre a Antárctida. Aperceberam-se que os principais causadores desta situação são os nitratos usados como fertilizantes, os gases de escape expelidos pelos aviões supersónicos e os clorofluorcarbonetos (CFCs) utilizados nos sistemas de refrigeração dos frigoríficos e do ar condicionado, nos pulverizadores, na limpeza dos circuitos integrados que servem de memória aos computadores, no fabrico de algumas embalagens de alimentos e até nos colchões e estofos de espuma.

Tudo indica que se perdeu até agora uma quantidade insignificante de ozono, mas é preciso estarmos atentos.

 

3.2 CONTAMINAÇÃO DA ÁGUA

3.2.1 OS MARES E OS OCEANOS

O mar é o "motor" do planeta. Influencia as condições atmosféricas e mantém o equilíbrio de gases na atmosfera. Também fornece a água - através das nuvens e da chuva - que é necessária à vida na Terra. Se o mar for perturbado, toda a vida na Terra será prejudicada.

O mar (e os oceanos) cobre mais de 7/10 da superfície do planeta. Perante tal vastidão, seria de admitir que nele pudéssemos lançar eterna-mente os nossos detritos sem corrermos qualquer risco, mas tal não é verda-de, embora outrora se pensasse que as substâncias residuais se diluiriam e desapareceriam para sempre. Essas substâncias, no entanto, permanecem, em movimento, no mar. As correntes deslocam os desperdícios de um lado para o outro, concentrando-os aqui e diluindo-os ali. Mesmo resíduos perigosos, enterrados em locais que se pensava serem seguros, podem ser trazidos à luz, das profundezas à superfície, por correntes ascendentes.

Neste século temos usado o mar como lixeira e lançámos nele mais detritos do que nunca. A maior parte foram da terra para os rios, e destes para o mar, ou foram levados directamente para o mar pelos ventos. Deste modo as águas das praias e dos mares costeiros e pouco profundos são as mais prejudicadas. Tais águas, fortemente poluídas, incluem o Mar Báltico, o Mar Mediterrâneo e alguns sectores do Mar Negro, do Mar das Caraíbas e do Golfo de Bengala.

Os esgotos são também responsáveis pelo lançamento de muitos venenos produzidos pelo homem, que sufocam os seres aquáticos e tornam as praias perigosas para os banhistas, devido aos germes que contêm. Maior ameaça ainda para a vida marinha é o petróleo. Este chega ao mar de diversas maneiras: infiltrações naturais, descargas de óleo combustível de navios, derramamentos de refinarias e plataformas de extracção de petróleo, acidentes com petroleiros e resíduos da lavagem de tanques dos petroleiros. Mas o escoamento dos rios com indústrias nas suas margens é, de longe, o que mais destrói a vida marinha.

A maior parte do petróleo chega ao mar juntamente com metais pesados. Venenos como o mercúrio acumulam-se no corpo dos peixes, tornando-os impróprios para a alimentação.

Também o perigoso DDT, assim como outros pesticidas, é arrastado para o mar e aparece no fígado dos peixes.

Nos últimos anos foram descobertas algumas das mais perigosas substâncias que algumas vez foram criadas, tais com o plutónio radioactivo e as dioxinas. Mas que acontece a essas substâncias quando já não são necessárias ? Frequentemente a resposta tem sido acondicioná-las em tambo-res e lançá-los ao mar. Se, no futuro, esses tambores sofrerem corrosão e essas substâncias se espalharem aparecerão, tal como os pesticidas, nas cadeias alimentares.

3.2.2 OS RIOS E OS LAGOS

A água doce é essencial para todos os seres vivos. Sem água morreríamos de sede no espaço de alguns dias.

A reserva mundial de água doce é enorme, embora esteja em grande parte imobilizada sob a forma de gelo - só menos de 1/4 se encontra disponível à superfície da Terra, nos rios e nos lagos, assim como no subsolo.

Mas além de água suficiente, precisamos também de água pura, e a verdade, é que as nossas casas, as herdades e as fábricas estão a envenenar os lagos e os rios.

As águas dos esgotos, não tratadas, lançadas em alguns lagos e rios, provocam a multiplicação das bactérias. Estas consomem o oxigénio da água, sufocando os peixes. Além disso, ao bebermos água contendo germes, corremos o risco de contrair doenças graves, como a cólera e a febre tifóide. Grande parte das doenças que afligem a humanidade provêm de beber água contaminada. Os insecticidas, os herbicidas e os fertilizantes das terras cultivadas, arrastadas pelas chuvas, poluem também cursos de água sem conta. As minas, as fábricas e as centrais energéticas poluem os rios com produtos químicos e água quente; os fumos das chaminés fabris provocam as chuvas ácidas (de que já falámos) que estão a vitimar o peixe e a vegetação de milhares de lagos no Canadá, nos EUA e na Escandinávia. E, como já foi dito, os rios levam para o mar os produtos poluentes que neles são lançados, alargando assim a contaminação das águas.

Os Grandes Lagos da América do Norte, uma acumulação de "mares" interiores de água doce, constituem o maior reservatório natural de água doce do mundo. O rio S. Lourenço e os canais do concomitante Seaway ligam os lagos ao Oceano Atlântico. As margens estão cheias de indústrias, complexos químicos, instalações petrolíferas e docas. Há alguns anos, os níveis de poluição tornaram-se tão graves que a vida aquática se desenvolveu anormalmente, tendo morrido muitas espécies. O Seaway ou Canal de S. Lourenço, juntamente com os Grandes Lagos, permite que grandes embarcações penetrem no coração do continente norte-americano. O seu custo foi de 470.000.000 de dólares, mas o custo ambiental é incalculável.

 

3.3 CONTAMINAÇÃO DO SOLO

Vivemos numa sociedade de consumo. Todos os anos o lixo aumenta e é cada vez mais diversificado. Uma grande parte do lixo é simplesmente desagradável à vista, mas outra parte pode ser tóxica. E os detritos tóxicos são venenosos.

A indústria química aumentou a sua produção e os seus resíduos, pelo menos 15 vezes, desde 1945. Nos EUA quase metade dos detritos perigosos provêm da indústria química. A maior parte destes resíduos é despejada em aterros - buracos abertos no solo, onde os desperdícios vão sendo lançados em camadas. Uma alternativa a este processo é encerrar os resíduos em contentores especiais. Outra é a incineração, mas é um processo muito caro e além disso é difícil queimar os resíduos químicos, pois os gases tóxicos podem escapar-se.

Mas os produtos químicos são também injectados no solo - fertilizantes - para o tornar mais produtivo. Outros químicos ainda - herbicidas e pesticidas - são utilizados para proteger as colheitas de ervas daninhas, pragas e fungos. Há um sem número de problemas ambientais ligados à utilização de todos estes químicos. Os fertilizantes artificiais podem tornar-se parte de um ciclo vicioso: eles permitem que os agricultores tenham mais colheitas, o que significa que os componentes naturais do solo são rapidamente consumidos sem serem repostos e por isso os agricultores têm de espalhar cada vez mais fertilizantes para que as culturas cresçam fortes. Quando chove, o fertilizante é absorvido pelo solo ou levado para os rios, onde pode causar problemas às plantas e aos animais (como já dissemos anteriormente). Além disso, os nitratos podem atingir a água que bebemos, por vezes em quantidades superiores às consideradas aceitáveis pelos médicos.

A criação industrial - que significa manter grande número de animais (geralmente aves) juntos num lugar, normalmente confinados a pequenos espaços e sem acesso à luz do sol - serve-se de hormonas e antibióticos para evitar doenças e acelerar o crescimento. Centenas ou milhares de animais num lugar produzem enormes quantidades de excrementos. Misturados com a urina têm o nome de "chorme", que pode ser usado como fertilizante nos campos. É muito forte e, quando é escoado para cursos de água causa sérios problemas de poluição.

Mas nem todos os problemas são causados pelos químicos usados na agricultura e na indústria. O lixo doméstico existente numa lixeira pode também ser tóxico, e especialmente se contém artigos como baterias de automóvel, diluentes de tinta ou frigoríficos.

A cidade de New York é provavelmente a capital do lixo. Aí são atiradas fora diariamente cerca de 24.000 toneladas de lixo. Em todos os países desenvolvidos a situação é semelhante. Quase 1/3 do lixo doméstico provém de embalagens de vários tipos - papel, vidro, metal - mas especialmente de plástico.

Bem mais de 1/3 dos sacos que utilizamos é também de plástico. Há cerca de 50 tipos, mas todos eles feitos a partir de materiais não renováveis, tais como o petróleo, o carvão e o gás natural. Muitos deles são largados pelas ruas, à beira de estradas ou nos campos. Levados pelo vento, já chegaram à Antárctida e às vertentes do monte Evereste. Um dos problemas em relação ao plástico é o facto de ele não ser completamente biodegradável. Isto quer dizer que não se decomporá nem desaparecerá totalmente.

A filosofia do "usa e deita fora" aplica-se não só a embalagens, mas também a objectos maiores, como máquinas de lavar ou automóveis.

Todo este lixo não pode ser destruído. Os detritos podem ser mudados de lugar - depositados em lixeiras ou enterrados - ou então convertidos noutras formas, queimando-os. Mas se, quando queimados deixam de se ver, a verdade é que não foram destruídos e podem causar problemas quando se constroem casas por cima ou quando, levados pelas chuvas, atingem fontes de água potável e as contaminam. Também, ao serem queimados, libertam gases e fumos que poluem o ar. Por muito que queiramos, o lixo não desapa-rece. Só podemos controlá-lo e geri-lo ou, em alguns casos, reciclá-lo.

 

continua ...

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