Mas o que dizer de um disco que tem composições de Caetano, Djavan, Cassiano, Lulu Santos, Cazuza, Antônio Cícero e Ângela Rô Rô? Que foi produzido por Fábio Fonseca (lembram do hit "Não me iluda, vou te esquecer, você me perturba sem perceber"?), Liminha, Lulu Santos e Memê? E se eu dissesse que praticamente todas as regravações (sim, são poucas inéditas) ficaram infinitamente superiores à todas as outras versões anteriormente gravadas (incluindo as originais!). Antes tarde do que nunca: pra completar, tem Leo na sua melhor forma, cantando e também compondo. As duas canções me deixaram com água na boca somente.
Bem, esse disco tocou muito menos do que merecia nas rádios (apenas "Preciso dizer que te amo" tocou, e bastante), vendeu muito menos do que poderia e talvez tenha frustrado ainda mais um Leo Jaime que já havia tentado expor a sua veia mais romântica e não teve a aceitação que esperava (o disco em questão é o Vida Difícil, de 1987, já resenhado por esta singular figura que vos escreve). Mas não é por isso eu estou aqui gastando a minha saliva (seriam pixels?) para dizer que este disco é genial pelo seu requinte, sua leveza e a sua simplicidade, ao mesmo tempo. E é um disco humilde. Paulinho da Viola talvez gostasse de um adjetivo como esse.
Claro, quanto mais auto-biográfico melhor. Não sei se essa era a intenção do Leo, mas se ele não tocou fundo nele (acho meio difícil), em mim entrou como um bisturi e revirou os meus sentimentos...
Algumas faixas vão se costurando e montando um quebra-cabeças de desilusões... a faixa-título é simplesmente fabulosa: "Tola foi você ao me abandonar desprezando tanto amor que eu tinha a dar", Começo continua: "Eu não quero nem saber os motivos, o porquê de você querer partir", Eu amo você diz "Toda vez que eu penso em te dar o meu amor - penso que não vai ser possível te conquistar". Infiel e Extravios encerram a questão: "Eu te quero bem, só não vou me deixar levar e ter como meu guia, meu farol, o seu coração inconstante" e "Eu sei que os extravios são necessários sim, a necessária parte do meu caminho sozinho".
A outra colcha de retalhos, bem menos depressiva, porém não menos bonita e profunda, começa com Esse brilho em teu olhar: "Contigo eu me esparramo, não tem engano não nem erro não". Preciso dizer que te amo, sem comentários. Outono cunha frases lindas, tais como "Gostar é atual, além de ser tão bom"; Minha mulher martela um dos adjetivos mais bonitos dos últimos tempos: "meu bichinho bonito" e Sete mil vezes aprofunda: "Sete mil vezes eu tornaria a viver assim sempre contigo transando sob as estrelas".
Romântico,
apaixonado, sentimental, enfim, quem não é? Pois é.
Esse disco super-potencializa as suas emoções. Vá
fundo, mas tome cuidado, não quero vê-los chorando copiosamente
pelos cantos... ;-)