Quebrar o pacto de mediocridade pelo qual o professor finge que ensina e os alunos fingem que aprendem é o objetivo do trabalho de Pedro Demo, no livro Educar Pela Pesquisa (Editora Autores Associados).
O autor apresenta o Currículo Intensivo como proposta para agilizar a capacidade que cada indivíduo tem de aprender a pesquisar, levando ao mesmo tempo a escola a deixar de produzir acumuladores e repetidores de informações, assumindo a responsabilidade pelo desenvolvimento do pensamento. O desenvolvimento da inteligência passa a ser a principal função da pesquisa, a principal forma de aprendizagem.
Cabe ao professor desmitificar a pesquisa como alvo restrito a pessoas especiais, de nível intelectual elevado, aproximando-a da vida cotidiana do aluno, seja através de exemplos próprios, como também práticos, favorecendo o autoquestionamento, a interpretação pessoal, a formulação de argumentações consistentes.
Outro ponto fundamental na proposta de Demo refere-se à mudança no processo de avaliação do aluno, não mais voltada à mera freqüência e às notas das provas, mas à pesquisa e à elaboração própria. Nesse sentido, ele propõe uma dupla avaliação, tanto do aluno quanto do professor, como forma de recuperar permanentemente a competência.
Na argumentação de Demo destacam-se diversos fatores que justificam a validade do Currículo Intensivo. Uma das mais significativas é a de que a pesquisa permite re(construir) o conhecimento próprio para inovar (qualidade formal) e intervir (qualidade política).
O trabalho de Demo reforça, continuamente, que na universidade, a pesquisa faz parte da profissionalização. Ela é crucial no processo de recuperação permanente da competência; é a maneira decisiva de se substituir treinamento por educação, ou seja, o mero fazer pelo saber fazer e pelo sempre fazer.
Na visão do autor, sabendo construir conhecimento, o aluno enfrenta qualquer desafio de conhecimento, porque sabe pensar, aprende a a prender, maneja criativamente a lógica, o raciocínio, a argumentação, a dedução, a indução, teoria e prática.
A educação surge, então, com o objetivo de fazer prevalecer a competência sobre a competitividade. Educa ao pluralismo e à solidariedade, levando, enfim, à condição de sujeitos emancipados.