Há um abismo entre os novos meios
de comunicação e seu público.
Ao passarmos de suportes materiais, ou analógicos, para suportes
digitais, não lineares1,
estamos experimentando a ausência de limitações
ou pontos de apoio com que estávamos acostumados no meio analógico.
De repente, não há um limite de tamanho para uma página
(até o conceito
de página é questionável) ou uma rotativa a limitar
o horário de fechamento
do jornal2,
nem uma justificativa plausível que não o tamanho de
investimento a ser dedicado, para não registrar e editar uma dezena
de
versões para um filme, permitindo ao seu espectador, agora ativo,
escolher
o caminho que mais lhe interessar3.
Éfácil ficar hipnotizado pelas
novidades, como MOK coloca:
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"Technological innovation is important, but it tends
to dazzle people
with what's possible instead of lighting the way toward products that
people can understand and use. Making things understandable and
usable isn't particularly glamourous, but it's good for business."4 |
Por abordar a resolução de problemas com
resultados viáveis e
criativos, o designapresenta-se como ferramenta necessária
para fazer os
novos meios fazerem sentido, gerando produtos de comunicação
adequados ao público, mantendo-os usáveis e prazerosos. Continua
MOK:
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"Working with new technologies doesn't mean we have
to reinvent the
wheel - design's purpose has always been to define and solve
problems. What new technology alters is the environment in which
problems reside."5 |
E o ambiente onde os "problemas moram" está
cada vez mais perto
de todos nós. Computadores pessoais estão em todas as lojas
e são
vendidos como ferramentas de entretenimento e produtividade. Isso
chegou com toda força ao Brasil também, como divulgam as campanhas
publicitárias veiculadas em revistas e jornais de circulação
nacional.
1A denominação
de "não-linear"tem trazido mais confusões
do que esclarecimentos.
Continuamos a ler "linearmente"e
a compreender melhor uma linha de raciocínio por
vez. Os novos meios não alteraram isso. O termo é melhor aplicado
a sistemas de
edição de vídeo ou cinema, porque possibilitam ao editor
inserir e resseqüenciar
planos com facilidade não encontrada nos meios tradicionais, ditos
lineares.
CAPUZZO, Heitor. Comunicação pessoal.Fortaleza,abr.
1997.
2ROBERTS,
Paul. A Web of News [online]. Disponível na Internetvia
WWW.
URL:
http://www.adobemag.com.
Arquivo capturado em 12/11/1996
3Ao
mesmo tempo, a utopia de termos uma narrativa infinita sem intervenção
humana
permanece inatingível, pois,
para alcançar tal objetivo, seria necessário ter um software
criativo, capaz de criar histórias e contá-las. Ainda estamos
longe de ter um gerador de
Shakespeare no disco rígido.
4MOK,
Clement. Designing Business. Nova Iorque: Adobe Press,
1996, p.xiii.
5Idem
, ibidem, p.xii. |
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