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O Cariri foi alcançado pelos povoadores do chamado ciclo da civilização do couro. Vieram da Bahia, de Sergipe e Pernambuco, pelos mesmos caminhos palmilhados outrora pelos silvícolas na pré-história - o S. Francisco. Muitos alcançaram o riacho dos Porcos, daí se bifurcando para o Jaguaribe, ou penetrando nos terrenos  férteis ao sopé do Araripe. Alguns chegaram-nos pelos caminhos do Pajeú, de Pernambuco, ou o riacho da Brígida, afluente do mais brasileiro dos rios.No lado pernambucano, tínhamos povoação, fundada por capuchinhos, em 1705, tendo apenas a serra do Araripe de permeio, a separá-la do lado de cá, no local onde se fundou a missão do Miranda que, depois, quando vila, recebeu o nome de Crato. Foram criadores, que atravessaram ínvios sertões em busca de pastagem para o gado, e com a ânsia de disseminar a criação, pioneiros da colonização caririense. O São Francisco foi sempre disseminador da civilização no Sul do Ceará. Vieram-nos de lá  primeiros colonos, já  brasileiros, caldeados na Bahia, Sergipe, Alagoas ou Pernambuco. Trouxeram-nos dali sua experiência civilizadora com o gado vacum, cavalar e caprino, fixados na terra, transplantaram para a região, a cana de açúcar, com seus engenhos de rapadura, trazendo-nos algo do que aprenderam no Recôncavo ou na mata de Pernambuco. Daquelas paragens, vieram, depois, o gado zebu para a melhoria das espécies bovinas, e o mestiço holandês, criado às margens sãofranciscanas, pelos sertanejos de Alagoas. Finalmente, em 1961, em pleno século XX, chegaram-nos, do rio civilizador, de sua cachoeira, agora transformada em geradora de eletricidade, fios que hão de cooperar decisivamente para a emancipação econômica do Crato e do sul do Ceará . A Catequese igualmente nos veio das mesmas bandas, principalmente de Pernambuco, com seus denodados capuchinhos civilizadores pelo Evangelho, de toda a zona sãofranciscana. No Cariri, foram os barbudinhos do Hospício de Olinda que, na zona, exerceram o mesmo papel dos jesuítas no norte do Ceará. Deixemos falar Irineu Pinheiro, "A CIDADE DO CRATO escrita em cooperação com J. de Figueiredo Filho, "A principio, éramos terra deserta, coberta de luxuriante vegetação, cheia de  águas que brotavam das nascentes do Planalto do Araripe, rica da caça, mel e frutas silvestres. Pasmaram os primeiros povoadores, Manoel Rodrigues Ariosa, os Lobatos, Gil de Miranda e outros, da importância e da beleza da região que, de futuro, tomaria o nome de Cariri.  Já  falecido, em 1716, talvez no sítio São José, onde morava, não se gozou muito Ariosa da sesmaria que lhe concederam em 1703. Vejam a Carta de data e sesmaria, firmada em 30 de Setembro de 1716, em favor de José Gomes de Moura, Baltazar da Silva Vieira e Germano da Silva Saraiva, no tempo do Capitão-mor Manoel da Fonseca Jaime. Depois, fomos à Missão do Miranda (o autor narra a história, como se fosse o próprio Crato a contê-la), em seguida, à humilde aldeia do Brejo do Miranda, habitado por índios catequizados por capuchinhos italianos, que lhes ensinaram a rezar e exaltar, em sua lingua bárbara, a glória de Deus e da Virgem. Chamou-se Carlos Maria de Ferrara o frade que os aldeou, em lugares onde se acha o Crato, doados, em 3 de dezembro de1743. aos indígenas, pelo Capitão-mor Domingos Alvares de Matos e sua mulher, Maria Ferreira da Silva, filha do Capitão Antônio Mendes Lobato, grande sesmeiro do sul do Ceará. Redigiu a escritura de doação Roque Correia Marreiros, povoador do vale do Cariri. No século XVIII, casaram-se descendentes de Marreiros e de João Correia Arnaud, um dos fundadores de Missão Velha.No dia 3 de dezembro do mesmo ano de 43, assenhorou-se o  missionário das terras dos índios, como seu procurador, nelas pondo sinais e balizas, gritando em alta e inteligível voz se havia quem pusesse o embargo à dita posse. Copiamos IPSIS VERBIS a frase aspeada do auto de posse, escrito por Marreiros. As primeiras sesmarias no Cariri datam dos anos de 1702 e 1703. A verdade é que tais sesmarias foram concedidas pelo motivo lógico das terras do vale já  serem conhecidas por alguém que as tenha percorrido ou mesmo se fixado, isoladamente, em fins do século anterior. Convém, mais uma vez, acentuar que, desde 1705, havia núcleo povoado em Exu, ao sopé do outro lado do Araripe, em Pernambuco. Poucos foram, outrossim, os sesmeiros que tomaram posse e exploraram as terras que lhes foram concedidas, Colonos ou posseiros, como chamamos presentemente, fixaram-se e radicaram-se na região. Firmaram-se no meio, cumpriram seu trato de solo, ou arrendaram para cultiva-lo aos donos que moravam distante, ou o adquiriram por direito do usucapião. O drama daquele tempo era, em parte, mais tranqüilo do que o que se passa agora em certas regiões, a exemplo do Paraná. As condições da luta pela existência mais amenas, sem a concorrência atual, tornavam a posse relativamente pacíficas.



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