Manhã de outono cinzenta.
Uma nesga de papel por sobre a mesa.
No peito,
Uma revolta surda-muda.
Um grito contido
Pelo movimento da pena no papel.
Manhã de outono cinzenta.
Canhões e metralhadoras
Espocam seus ruídos de morte
Infernais.
No chão,
Jaz linda e morta.
Manhã de outono cinzenta.
O coração partido,
Incompreensível,
Murmura segredos
E recita versos...
Manhã de outono cinzenta.
Por sobre a cabeça,
Fatal,
Derrama o bombardeio
A sua piedade final.
Manhã de outono cinzenta.
Despedaçado em bomba,
O corpo,
Estilhaçado,
Lança
Seu gemido final...
Fernando A. Moreira