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Resumo da Filosofia Espírita
Os Princípios Essenciais da Filosofia dos Espíritos
I - Uma inteligência divina rege os mundos. Nela, identifica-se
a Lei, lei imanente, eterna, reguladora, à qual seres e coisas estão
submetidos.
II - Assim como o homem, seu invólucro material, continuamente
renovado, conserva sua identidade espiritual, esse eu indestrutível, essa
consciência em que se reconhece e se possui, assim também o Universo,
sob suas aparências mutáveis, se possui e se reflete numa unidade central
que é o seu Eu. O Eu do Universo é Deus, lei viva, unidade suprema onde
confinam e se harmonizam todas as relações, foco imenso de luz e de
perfeição donde irradiam e se expandem, por todas as humanidades,
Justiça, Sabedoria, Amor!
III - No Universo, tudo evolve e tende para um estado superior.
Tudo se transforma e se aperfeiçoa. Do seio dos abismos a vida eleva-se,
a princípio confusa, indecisa, animando formas inumeráveis cada vez
mais perfeitas, depois desabrocha no ser humano, adquire então
consciência, razão, vontade, e constitui a alma ou Espírito.
IV - A alma é imortal. Coroamento e síntese das potências
inferiores da Natureza, ela contém em germe todas as faculdades
superiores, está destinada a desenvolvê-las pelos seus trabalhos e
esforços, encarnando em mundos materiais, e tende a elevar-se, através
de vidas sucessivas, de degrau em degrau, para a perfeição. A alma
tem dois invólucros: um temporário, o corpo terrestre, instrumento de
luta e de prova, que se desagrega no momento da morte; outro,
permanente, corpo fluídico, que lhe é inseparável e que progride e
se depura com ela.
V - A vida terrestre é uma escola, um meio de educação e
de aperfeiçoamento pelo trabalho, pelo estudo e pelo sofrimento.
Não há nem felicidade nem mal eternos. A recompensa ou o castigo
consistem na extensão ou no encurtamento das nossas faculdades,
do nosso campo de percepção, resultante do bom ou mau uso que
houvermos feito do nosso livre-arbítrio, e das aspirações ou
tendências que houvermos em nós desenvolvido. Livre e responsável,
a alma traz em sí a lei dos seus destinos; prepara, no presente, as
alegrias ou as dores do futuro. A vida atual é a consequência, a
herança das nossas vidas precedentes e a condição das que se
lhe devem seguir.
O Espírito se esclarece, se engrandece em potência
intelectual e moral, à medida do trajeto efetuado e da impulssão
dada a seus atos para o bem e para a verdade.
VI - Uma estreita solidariedade une todos os espíritos,
idênticos na sua origem e nos seus fins, diferentes somente por sua
situação transitória, uns no estado livre, no espaço; outros, revestidos
de um invólucro perecível, mas passando alternadamente de um estado
a outro, não sendo a morte mais que uma fase de repouso entre duas
existências terrestres. Gerados por Deus, seu Pai comum, todos os
Espíritos são irmãos e formam uma imensa família. Uma comunhão
perpétua e de constantes relações liga os mortos aos vivos.
VII - Os Espíritos classificam-se no espaço em virtude da
densidade do seu corpo fluídico, correlativa ao seu grau de adiantamento
e de depuração... Sua situação é determinada por leis exatas; essas
leis exercem no domínio moral uma ação análoga 'a que as leis de
atração e de gravidade executam na ordem material. Os espíritos
culpados e maus são envolvidos em espessa atmosfera fluídica, que
os arrasta para mundos inferiores, onde devem encarnar para se
despojarem das suas imperfeições. A alma virtuosa, revestida de um
corpo sutil, etéreo, participa das sensações da vida espiritual e
eleva-se para mundos felizes onde a matéria tem menos império;
onde reinam a harmonia e a bem-aventurança. A alma, na sua vida
superior e perfeita, colabora com Deus, coopera na formação dos
mundos, dirige-lhes a evolução, vela pelo progresso das humanidades,
pela execução das leis eternas.
VIII - O bem é a lei suprema do Universo e o alvo da
elevação dos seres. O mal não tem vida própria; é apenas um efeito
de contraste. O mal é o estado de inferioridade, a situação transitória
por onde passam todos os seres na sua missão para um estado melhor.
IX - Como a educação da alma é o objetivo da vida, importa
resumir os seus preceitos em palavras: comprimir necessidades
grosseiras, os apetites materiais; aumentar tudo quanto for intelectual
e elevado; lutar, combater, sofrer pelo bem dos homens e dos mundos;
iniciar seus semelhantes nos esplendores do Verdadeiro e do Belo;
amar a verdade, a benevolência, tal é o segredo da felicidade no futuro,
tal é o dever!
Extraído do livro "Depois da Morte" de Léon Denis 15a. edição da FEB
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