As ondas do mar
Rastejam em balanço amoroso
Ora calmo, ora bravio
Traçando um horizonte sinuoso
Que reluz o nosso amor doentio
Na terra
Se planta a semente
Da nova geração sonhadores
Agüentam a vida doente
Repleta de males e dores
O fogo
Valente e ousado
Destrói o que vem pela frente
Tudo que resta é passado
Mas o amor sobressai eternamente
O espírito
Sonha nas noites chuva
Experimenta em devaneio
Seus doces lábios uva
As ondas aprendem do vento
A soltar palavras de sentimento
As ondas ensinam a terra
A traçar a vida
No horizonte que se navega
O fogo aprende da terra
A colher o que se aterra
O fogo ensina ao espírito
A ousadia de um guerreiro
A lançar-se sobre as chamas
De um amor verdadeiro
O vento aprende do espírito
A experimentar, a sonhar
Todos os prazeres da vida
UM FILME
Nós dois vivemos um filme
Eu estou indo conferir a loteria
Veja se o quadro está firme
Enquanto te faço uma poesia
Já passamos este momento antes
Alguém está voltando a fita
Pergunte o que fazer aos navegantes
Eu ponho os pés no mar pra ver
se levita
Se pararmos para sempre de nos ver
Quem vai me ensinar a viver?
Ninguém substitui a tua companhia
Velejamos para tentar fugir da ventania
Acho que já saímos do perigo
Veja o que sobrou da tempestade
Veja se sobrou algum amigo
Se não, vamos procurar mais amizade
Ninguém ficou pra nos rever
Acho que valemos mais que isso
Se tentarmos descobrir o porquê
Achar alguém mais forte é
difícil
Pare de me chamar de senhor
Não suporto o seu jeito de ser
Sempre evitando o amor
Mesmo assim eu amo só você
Mim não conjuga verbos
Poetas sim, conjugam verbos
Só resta a mim
Esperar ser despejado
De minha própria terra
Quanto custa a sua vida?
Quanto custa a minha vida?
E a dos seus filhos?
E a dos seus netos?
Quanto vale a vida na verdade?
Quanto custa sua felicidade?
Quanto custa a tristeza?
E a juventude?
E a sua beleza?
Quanto vale viver nesta cidade?
Quanto custa a segurança?
Quanto custa uma casa?
E a educação?
E a solução?
Quanto vale a dignidade?
Quanto custa o salário mínimo?
Quanto custa o suor de um trabalhador?
E o seu descanso?
E a sua cesta básica?
Quanto vale a escravidão?
Quanto custa uma amizade?
Quanto custa um amor?
E um casamento?
E a separação?
Quanto vale a lealdade?
Quanto custa um romance?
Quanto custa uma poesia?
E uma palavra?
E uma simples vogal?
Quanto vale qualquer coisa?
Aqui neste mundo,
Tudo vale 1,99.
Na terra do tio Sam tem microcomputadores
Enquanto que na minha tem índios
e galinhas
e futebol e carnaval e folia
Mas também, infelizmente
tem ministros incompetentes
e desemprego
e falta de moradia
Tem violência
e analfabetismo
e falta educação
Mas mesmo assim,
Eu ainda te amo, meu Brasil!
Oh Brasil! pátria amada
não tem terremoto
mas tem corrupção
Oh Brasil! teu braço forte
agora tem um corte
e ficou fraco
Oh Brasil! se teu formoso céu é
risonho
Seu riso é irônico
Ri pra não chorar
Oh Brasil! pátria idolatrada
tenho fome de comida
e sede de justiça
Oh Brasil! se em teus campos tem mais
flores
tuas cidades mais enchentes
Então te amo meu Brasil incompetente!
Na calada da noite suas imagens ficam
No orvalho das flores suas lágrimas
vão
O delírio e a febre, de meu sangue,
suspiram
O devaneio e a noite enferrujam o coração
O gemido das lâmpadas estrela
Reluzem na alma na vida
O uivado de um coração apaixonado
De longe a lágrima é ouvida
As ondas da lua - um luar
Traça um horizonte esférico
Na mente de um poeta - um amar
Um poema lírico, um poema épico
Ouve-se um grito de dor desespero
Um coração agonizava atrás
da moita
Pobre homem apaixonado
Envolvido num amor de coita
Ah! o doce som das cordas de uma lira
As tristes lágrimas de um orvalho
O calor sangue frio de uma brisa
A firmeza do canto de um canário
Ah! como a noite é bela
Que reluz dos seus olhos envolventes
No amor de um sentinela
Sou um andarilho em seu coração
reluzente
A lua agora se enterra chorando
Deixando de lado o que se criou
O sol agora nasce sonhando
Na bela manhã que se iniciou
O mundo acorda lentamente
As palavras navegam fluentemente
Os raios solares
Em meu rosto suspiram
Os poetas se inspiram
Nas calotas polares
O sereno que a noite deixou
Há um pingo de calma de paz
Ó vento porque chorou?
Agüente um dia a mais!
O Poeta é um mentiroso,
Mente tanto
Que dá dó
Alguns poetas são honestos
Mas estes não conseguem vender
livros
Outros são triste
São os que vão morrer cedo
De tristeza ou doença
Há também os alegres
Que fazem poemas para viver mais
Por toda a eternidade
Há os egoístas
Que fazem versos só pra si
Vão acabar sozinhos
Há os gananciosos
Que só fazem versos para enriquecer
e pela fama
Estes não vão aprender a
lição e ficarão pobres
Há poetas para tudo
Mas os que mais existem
São os mentirosos.
Nossas almas agora estão unidas
Tudo que sentes, sentirei sorrindo
Meus puros desejos, por ti, guarnindo
Minhas esperanças, de amor munidas
Procuro algo de comum nas duas vidas
Talvez o coração de ouro
partindo
Talvez nossas belas vidas se unindo
Juntos teremos emoções contidas
Não julgue minhas palavras de amor
São elas que consolam o meu dia
Pois eu as amo e amo você aonde
for
Não importa o tempo que não
as via
Vejo teu rosto na mais bela flor
Meus lábios em teu néctar
eu sentia
Tumulto
Transito infernal
Vozes,
automóveis
velozes
Buzinas,
motoristas
ferozes
Mais tumulto
Mais transito infernal
Favelas sem velas
À deriva das enchentes
O ar poluído
Ciladas na terra
Miseráveis diluído
Mais tumulto ainda
Mais transito que não acaba
Um suicida no alto do prédio
Sem casa, sem terra, sem teto
Sem família,
desempregado
com tédio
Ainda nem acabou o tumulto...