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J. Lemos Pinto
 
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O Segredo de Fátima

 
Igreja, Participação e Democracia  
Mensagem do Ano 2000
Participação e Democracia na Igreja
Proposta de uma Igreja Democrática  
Outras Propostas de Igreja
O 3º Segredo deFátima

 
 
 
 
Proposta de uma Igreja Democrática
 
       Considerando que a passagem evangélica de Lucas -"Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Jesus disse-lhes: ...Que o maior entre vós seja como o menor e aquele que mandar como aquele que serve.Pois qual é o maior? O que está sentado à mesa ou o que serve? Não é o que está sentado à mesa?"-(Lc.22, 24-27),consagra o princípio da participação e democraticidade na Igreja, por parte de todos os seus membros;
Considerando que a aceitação deste princípio implica a dependência intrinseca dos que servem (a hierarquia) em relação aos servidos (a comunidade cristã), seja no âmbito do seu processo de escolha, seja no âmbito da avaliação do serviço prestado, não fazendo sentido que os servidores se perpetuem no poder autocraticamente, ignorando a vontade dos"senhores" que servem e nos quais reside a verdadeira autoridade;
Considerando que este princípio é reafirmado por Cristo, para responder à angústia do poder já instalada nos Apóstolos, seja no episódio dos filhos de Zebedeu ("aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve"- Mt. 20, 24-28 / Mc.10, 41-45), seja na discussão sobre qual deles seria o maior, apontando-lhes o exemplo duma criança ("se alguém quer ser o primeiro seja o último de todos e o servo de todos"- Mc.9, 33-37 / Lc.9, 46-48);
Considerando que a aceitação deste princípio torna nulos e ilegítimos todos os cargos hierárquicos da Igreja actual, designados de forma não participativa...
Solicito a aplicação imediata deste modelo participativo às Comunidades cristãs e a todos os níveis hierárquicos da Igreja;
Apresento a candidatura (simbólica) de todos os cristãos aos vários Serviços da Igreja com base no direito atribuido por Cristo aos membros da sua Igreja.
J Lemos Pinto . 13 de Maio de 1988
Participação e Democracia na Igreja
          Hoje, na Sociedade moderna, nenhuma organização consegue atingir os Objectivos principais sem a participação e motivação de todos os seus Membros. Este princípio, agora tão valorizado, já está claramente consignado nos Evangelhos, quando Jesus Cristo insiste várias vezes junto dos Apóstolos, preocupados com a futura chefia do grupo, que o mais importante da sua Igreja não eram eles próprios mas a própria Comunidade da qual eram servidores. O episódio (parábola) da "refeição à mesa", narrado pelo evangelista Lucas, é não só a 1ª grande definição do Poder como Serviço dos outros, mas também a consagração do princípio da participação e democraticidade na Igreja: "Levantou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Jesus disse-lhes:...Que o maior entre vós seja como o menor e aquele que mandar como aquele que serve. Pois qual é o maior? O que está sentado à mesa ou o que serve? Não é o que está sentado à mesa? " (Lc. 22, 24-27).
        Ora, se os mais importantes são os que estão sentados à mesa e não os que servem, isso implica a dependência intrinseca dos que servem (a hierarquia) em relação aos servidos (a comunidade cristã), seja no âmbito do seu processo de escolha ou designação, seja no âmbito da prestação de contas ou avaliação do serviço prestado! Não faz sentido que os servidores se auto-escolham e perpetuem no poder autocraticamente, ignorando por completo a vontade dos "senhores" que servem à mesa e nos quais reside a verdadeira autoridade. A mensagem oculta desta parábola já angustiava de tal modo os Apóstolos que Cristo se viu obrigado a reafirmá-la por várias vezes, seja no episódio dos filhos de Zebedeu ("aquele que quiser tornar-se grande entre vós seja aquele que serve"- Mt. 20, 24-28 / Mc.10, 41-45), seja na discussão dos apóstolos sobre qual deles seria o maior, apontando-lhes o exemplo duma criança colocada no meio deles ("se alguém quer ser o primeiro seja o último de todos e o servo de todos"- Mc.9, 33-37 / Lc.9, 46-48).
        Este princípio significa que, na Igreja todos os cristãos são Membros com iguais direitos e deveres, que o Espírito de Deus sopra onde quer e como quer, que todos são chamados à mesma e única Perfeição, enfim, que o governo da Igreja não pode ser privilégio duma hierarquia autocrática pois ele pertence, por imposição do seu Fundador e como é lógico, aos que estão sentados à mesa, a Comunidade cristã. Somos assim obrigados a concluir que o modelo hierárquico existente na Igreja, aos vários níveis (Padres, Bispos, Papa), é ilegítimo e contrário às orientações do seu Fundador, por ignorar o Princípio da Participação inerente ao modelo do Serviço! Por isso, institucionalizar a participação dos Cristãos na organização de que são membros, é a grande revolução necessária na actual Igreja! Nesse sentido..., é urgente implementar modelos participativos na escolha dos Chefes religiosos, com possibilidade de opções diferenciadas, dinamizando a comunidade cristã e transformando-as em modelo organizacional exemplar da sociedade; é urgente desenvolver mecanismos e estruturas de base, responsáveis pelas grandes decisões comunitárias, pela planificação e avaliação das actividades; é urgente reformular a estrutura da Celebração Eucarística no sentido duma participação mais activa de todos os presentes, introduzindo a diversidade de testemunhos da Palavra, estimulando a presença dos jovens (pela música mais ritmada, pela reforço da expressividade, etc), vivificando a oração através de gestos comuns (na saudação da Paz, no levantar dos braços durante a oração do Pai Nosso, na participação da Consagração do Pão, etc.); enfim, é urgente desenvolver estruturas de voluntariado e testemunho, a nível de cada Comunidade e a nível de toda a Humanidade, aproveitando as imensas energias humanas resultantes do prolongamento e antecipação da idade de Reforma !..
        Enquanto isso não acontece, os que ocupam lugares hierárquicos (incluindo o Papa), deviam ter a coragem de confirmar (publiscitar) o seu poder junto dos "senhores que servem à mesa", isto é, junto das respectivas Comunidades cristãs, onde a consciencialização da participação é já um processo irreversível! Sendo esta a maior revolução de todos os tempos na Igreja, ela vai (à semelhança da revolução copernicano-galilaica), subverter a lógica da pirâmide hierárquica, exigindo um funcionamento diferente da Igreja...; ela vai implicar profundas alterações no modelo vocacional da Igreja (sacerdócio e vida religiosa); ela vai fazer perder privilégios adquiridos, destruir hábitos e rotinas sem sentido; ela vai, enfim, exigir estratégias e metodologias mais dinâmicas e menos burocratizadas, obrigando a descentralizar a Igreja aos diversos contextos culturais...
 
            Estas mudanças podem gerar na Igreja muita angústia e ansiedade... Mas, só assim, vai ser possível testemunhar a  mensagem da Vida Eterna, numa sociedade cada vez mais exigente de verdade e autenticidade! E porque havemos de ter medo..., se o Autor da Mudança é Jesus Cristo?
13 de Maio de 1988
Voltar!... Go BacK!..

Outras Propostas de Igreja
 
Desenvolvimento de um novo esquema vocacional
        O prolongamento da média de vida humana, associado à frequente antecipação da idade de Reforma, está gerando uma larga faixa etária de Reformados cuja importância social tem vindo a aumentar. A transformação das Sociedades industriais em Sociedades de Serviços está gerando um movimento de Reformas antecipadas, provocadas pela inadequação funcional às novas situações. Verifica-se assim a existência de um capital humano, valioso em maturidade de vida e disponível para o serviço voluntário dos outros, que não está a ser devidamente aproveitado na Igreja e em torno do qual se poderia desenvolver um novo esquema vocacional radicalmente diferente do existente.
        Nesse sentido, propomos que seja criado nas Dioceses, um Serviço de Voluntariado, temporário e gratuito, destinado a casais ou leigos, adultos e disponíveis, visando a orientação de paróquias vagas de clero ou o apoio nos diversos Serviços da Igreja.
 
Serviço hierárquico e participação laical
 
        Na Sociedade moderna nenhuma Organização consegue atingir os seus Objectivos sem a participação e motivação de todos os seus Membros. Este princípio, só agora valorizado pelas Organizações humanas, está claramente consignado nos Evangelhos. Com efeito, Jesus Cristo insistiu várias vezes junto dos Apóstolos, preocupados com a chefia do grupo, que o mais importante era a Comunidade da qual eram servidores, (Mt 20, 24-28 / Mc 9, 33-37 / Mc 10, 41-45 / Lc 9, 46-48 / Lc 22, 24-27) e, convencido de que esse ia ser o principal problema da sua Igreja como Organização, voltou a insistir no momento crucial da Última Ceia, através do gesto rebaixante do Lava-pés (Jo 13, 4 -16), que eles eram designados exclusivamente para servir e que o maior dentre eles devia ser o maior servidor, o menor de todos. Este princípio significa que, na Igreja, todos os baptizados são Membros com iguais direitos e deveres, que o Espírito de Deus sopra onde quer independentemente da opção laical ou eclesiástica, que todos são chamados à mesma Perfeição, enfim, que o Poder na Igreja não pode ser um privilégio da Hierarquia "servidora" pois ele pertence, por imposição do seu Fundador (e como é lógico), aos que estão sentados à mesa (Lc 22, 24-27), e não aos que servem. Se os que estão sentados à mesa (Comunidade cristã) são os verdadeiros "senhores" e donos da Igreja, a eles compete escolher os seus servidores e não vice-versa!
        Assim, visando ultrapassar o modelo de poder autocrático existente na Igreja, ilegítimo e contrário às orientações do seu Fundador, mas também reforçar o sentimento de pertença à Organização da Igreja por parte dos seus membros, propomos:
 
1- Que a escolha do Chefe máximo da Igreja (o Papa) e dos Chefes das Igrejas locais (os Bispos) seja feita por todos os Cristãos a partir de opções programáticas distintas, transformando esse acto numa oportunidade ímpar de divulgação da mensagem cristã. Para isso propõe-se, um esquema de participação experimental na escolha de alguns cargos hierárquicos, sendo esse modelo, depois, generalizado a todos os níveis hierárquicos.
2- Que sejam implementada a participação de todos os Cristãos, através de esquemas de
consulta vinculativa, acerca das grandes decisões da sua comunidade...
 
3- Que seja reformulada a estrutura da Celebração Eucarística no sentido de uma maior participação da Assembleia e valorização da oração Comunitária: introduzindo na Liturgia da Palavra, a par do testemunho do Celebrante, o testemunho dos leigos dessa Comunidade vivificando a oração da Assembleia, através da generalização dos gestos simbólicos do celebrante, a toda a Assembleia, etc...
Enquadramento cristão do casamento civil
 
Se a Organização Social, em geral, e as Instituições humanas, em particular, representam um nível de superioridade em relação à animalidade e são o resultado final dum longo processo de hominização, as Leis que sustentam essas Instituições significam já um primeiro degrau de racionalidade e espiritualidade que o Cristianismo não pode desprezar, a exemplo do próprio Cristo que respeitava as leis do seu País: "dai pois a César o que é de César..." (Mt. 22, 21).
Nessa linha de pensamento propõe-se que a Igreja reconheça o casamento civil como uma etapa intermédia e importante em ordem ao casamento religioso, enquadrando os dois modelos de tal modo que o casamento cristão funcione como a etapa final dum processo de crescimento na Fé alicerçada e construida a partir dos Valores humanos.
 
Estatuto dos sacerdotes casados
 
Existem milhares de ex-sacerdotes que renunciaram ao ministério e constituiram família legítima. E embora possuam um elevado capital cultural e religioso eles têm sido ignorados ou marginalizados na Igreja. Em contrapartida, a mesma Igreja Católica toma a atitude de aceitar no seu seio os clérigos casados da Igreja Anglicana, o que é contraditório e insustentável, pois utiliza tratamentos diferenciados para situações idênticas, com prejuízo dos seus próprios membros e benefício dos estranhos...
Nesse sentido, propomos que aos ex-sacerdotes católicos, casados, seja concedido o mesmo estatuto dentro da Igreja que foi concedido aos clérigos anglicanos que ingressaram na Igreja Católica.
 
Famílias provenientes de pais separados
Existem inúmeras famílias legalmente constituidas e derivadas da situação de divórcio de um ou de ambos os conjuges, com filhos nascidos em resultado da segunda união, numa situação de total irreversibilidade, sendo por esse facto excluidos da comunhão da Igreja.
Uma vez que os novos filhos do casal não têm qualquer responsabilidade da situação em que foram gerados e são admitidos à comunhão da Igreja, originando no mesmo lar uma situação paradoxal e inconcebível numa perpectiva educativo-cristã, propomos que o sinal do Perdão evangélico seja estendido a estas situações.
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Ovar, Dezembro de 1994

José Lemos Pinto
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