Alemanha
Copa do Mundo de 1974

Alemães param o "carrossel"

Esquema de Rinus Michels revoluciona o futebol mas não dá o título à geração de Cruyff

Seleção da Copa
GOLEIRO: Maier (Alemanha)
ZAGUEIROS: Beckenbauer (Alemanha)
Vogts (Alemanha)
LATERAIS: Breitner (Alemanha)
Bonhof (Alemanha)
MEIO-CAMPO: Cruyjff (Holanda)
Neeskens (Holanda)
Overath (Alemanha)
ATACANTES: Müller (Alemanha)
Lato (Polônia)
Rensenbrink (Holanda)
Na Copa do Mundo da Alemanha Ocidental, a dona da casa teve um tropeço na primeira fase, derrotada de 1 a 0 para a Alemanha Oriental, mas se classificou.
Essa derrota acabou sendo fundamental para a caminhada alemã. Caiu no grupo mais fraco na segunda fase. No outro grupo, a já temida Holanda e os "latinos" Brasil e Argentina.
A Holanda chegou à final com três vitórias no grupo: 4 a 0 na Argentina, 2 a 0 na Alemanha Oriental e 2 a 0 no Brasil.
O esquema parecia uma versão melhorada da Hungria de 54 e foi chamado de "carrossel holandês" (porque os jogadores não tinham posições fixas e circulavam pelo campo) ou "laranja mecânica" (pela cor da camisa, numa referência ao filme homônimo famoso).
Na final, no entanto, a Alemanha Ocidental de Beckenbauer e Muller venceu de virada, 2 a 1. Como em 54, contra a Hungria, mais uma vez os alemães tiraram a taça do melhor time da Copa.

Brasil: Falta de ataque prejudica o time

O time brasileiro de 74 nada tinha a ver com o que foi campeão no México. Uns tinham parado de jogar, como Tostão, ameaçado de perda da visão do olho esquerdo. Outros estavam em fim de carreira, como Gérson. Convocado, Clodoaldo se contundiu.
A Campanha do Brasil
Eliminatórias
Classificado como campeão
da Copa anterior
Primeira Fase
13/06 Brasil 0 x 0 Iugoslávia
18/06 Brasil 0 x 0 Escócia
22/06 Brasil 3 x 0 Zaire
Segunda Fase
26/06 Brasil 1 x 0 Alemanha Or.
30/06 Brasil 2 x 1 Argentina
03/07 Brasil 0 x 2 Holanda
Disputa do 3o lugar
06/07 Brasil 0 x 1 Polônia
Com a equipe que restou, o já cauteloso Zagalo optou por um seleção defensiva. Os empates em 0 a 0 com Iugoslávia e Escócia, nas duas primeiras partidas, deixaram a equipe na dependência de uma vitória por 3 a 0 sobre o Zaire para passar à segunda fase.
O Brasil ganhou por 3 a 0, graças a um " frango" do goleiro Kazadi, no terceiro gol, marcado por Valdomiro, a 13 min do fim.
O time caiu no grupo da Holanda. Depois de duas suadas vitórias sobre Alemanha Oriental (1 a 0) e Argentina (2 a 1), o Brasil precisava derrotar a "laranja mecânica" para ir à final. Nervoso, o Brasil foi derrotado por um adversário muito superior: 2 a 0. Os brasileiros apelaram para a violência e Luís Pereira foi expulso de campo.
Na decisão do terceiro lugar, nova derrota, por 1 a 0, para a Polônia. Quarto lugar foi até muito para a limitada equipe brasileira.

"Tinha medo de Cruyff"

"Nossa preferência era fazer a final contra o Brasil. Afinal, eram os tricampeões, seria muito melhor ganhar de uma seleção dessas, com mais tradição.
Demoramos um pouco a acordar para a Holanda. Quando eles venceram a Alemanha Oriental, fiquei impressionado. Todos começaram a comparar a Holanda com a Hungria de 54. A vitória sobre o Brasil convenceu os poucos que ainda duvidavam daquele time.
Tinha medo de Cruyff. Os outros eram muito bons, mas Cruyff era aquele que fazia o que ninguém esperava. Não era um gênio como Pelé, nem tinha a habilidade de Zico ou Platini. Mas tinha uma visão de jogo incrível. Ele enxergava a jogada que nínguem era capaz de prever."

De Paul Breitner, autor do primeiro gol alemão na final.

Curiosidades

Troca-troca
Com medo de assistir novamente a episódios como o ataque terrorista a atletas israelenses na Olimpíada de Munique, os alemães reforçaram a segurança na Copa. As concentrações pareciam instalações militares, cercadas por soldados. No fim da Copa, muitos jogadores trocaram chuteiras e camisetas por quepes, cantis e outros equipamentos dos soldados – até balas.

Dinheiro extra
Principal atração da Copa, os jogadores holandeses, comandados por Cruyff e Neeskens, surpreenderam os fãs que ficavam na porta da concentração: começaram a cobrar para dar autógrafos. O caso repercutiu mal na imprensa e os jogadores passaram a evitar a torcida até a final.

A Frase

"O time deles é bom, mas os holandeses não têm tradição em Copas e isso pesa. A Holanda não me preocupa. Estou pensando na final com a Alemanha."

De Zagalo, técnico do Brasil, antes da derrota para a Holanda



voltar 1