reage, baixo gávea.

por jan theophilo*

definitivamente, o prefeito do rio, luiz paulo conde, não está afinado com os sentimentos da juventude da cidade. a notícia das severas normas para funcionamento dos bares do baixo gávea faz relembrar o episódio do fechamento do circo voador, motivado por uma tremenda quixotada dos assessores do alcaide. é bom a turma do posto 9 abrir o olho antes que sobre para eles.

em primeiro lugar, é preciso deixar claro que a zoeira provocada pelos freqüentadores do mais buliçoso ponto de encontro da juventude da zona sul é bem menor do que se imagina. segundo dados oficiais da prefeitura, jamais foi flagrado ali um índice de poluição sonora maior que o permitido para o bairro. por outro lado, no scala registra-se, em média, 81,5 decibéis, quando o máximo permitido são 60. já na Ilha dos pescadores, na barra, a média fica em 70,5 decibéis, quando deveria se limitar a 50.

o tráfico de drogas de fato existe. não só no baixo como na porta da maioria das casas noturnas do rio. cocaína e maconha podem ser compradas livremente com flanelinhas em qualque lugar da zona sul e não se vê a mesma vontade política para resolver esse caso.

o baixo gávea já foi tema de filmes, livros e canções. reprimi-lo, sob alegação de que ali atuam traficantes e bagunceiros, reflete mais uma vez a incapacidade das autoridades em lidarem com esses problemas. no fundo, fica a impressão de que, na dúvida, mandaram prender o local do crime.

jan theophilo
jantheophilo@openlink.com.br
* jan theophilo é repórter especial de política do dia, freqüentador assíduo do baixo gávea e ex-morador da rua dos oitis.


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