A superiora da Filhas de Maria acabava de proferir uma palestra perante suas freiras do mosteiro da rue du Bac, 140, em Paris. Era o dia 18 de julho de 1830, véspera de São vicente de Paulo, o fundador da ordem em 1633. Por isso, falou a respeito da devoção aos santos e à Virgem Maria. Soror Catarina Labouré estava sentada entre elas. Aquelas palavras devem ter acendido esta moça de 24 anos de idade, que estava no convento há apenas seis meses; como ela própria escreveu depois: "Fui deitar com o pensamento de que naquela mesma noite veria minha boa Mãe." Estava certa de que a visão viria, inclusive a intuía. Catarina confessa: "Como nos fora entregue um pedaço de pano de um roquete de São vicente de Paulo, eu cortei metade, a engoli e dormir, pensando que São Vicente de Paulo me concederia a graça de ver a Santíssima Virgem."
Ela já dormia, quando, faltando meia hora para meia-noite, ouviu alguém chamá-la pelo nome. Abriu os olhos e olhou para a penumbra ao lado do corredor enquanto puxava a cortina. Ali estava um menino vestido de branco que não parecia ter mais de cinco anos e lhe dizia: "Vem para a capela; a Santíssima Virgem espera por ti." Catarina não respondeu nado no momento, mas pensou algo. "Vão me ouvir", disse consigo. E o menino respondeu: "Fica tranqüila, pois são onze e meia da noite; todo mundo dorme bem; vem, estou te aguardando." Sem pensar de novo ela pulou da cama, vestindo-se às pressas; aquele menino continuava de pé, ao lado de uma das colunas do leito. Catarina Labouré narra então: "Segui-o sem parar; ele andava à minha esquerda." As luzes íam acendendo ao passarem, mas ela ficou ainda mais surpresa ao ver a pesada porta da capela abrir-se diante deles quando o menino encostou o dede de leve na madeira. Já dentro da capela, ele conduziu Catarina para o présbitério, onde se ajoelhou. Esperou umcerto tempo, inquieta, com receio de ser descoberta pelas irmãs zeladoras. E no instante exato, o pequeno de branco avisou: "Eis a Virgem, ei-la aí. "Claramente notou" Como que um rumor, como o frufru de uma roupa de seda" que vinha da tribuna, onde estava o quadro de São José da capela. E a seguir pôde vê-la, vinha sentar-se numa poltrona - parecida com a que os pintores tinham dedicado a Santa Ana numa tela próxima - situada sobre os degraus do altar, ao lado do Evangelho. "No princípio"diz a irmã Catarina, ëu duvidava que fosse a Santíssima Virgem", mas o menino insistiu mais uma vez que olhasse para a virgem Maria, e falou com voz "como a de um homem". Ela levantou-se de um pulo, aproximou-se e tornou a ajoelhar muito perto da aparíção, tão perto dela que pôde apoiar suas mãos sobre os joelhos da Senhora. Após alguns ensinamentos, ë muitas coisas que não devo dizer", a Virgem falou em como devia comportar-se perante seu diretor espiritual, como cumprir com a piedade, a devoção e a fidelidade à graça; depois, deixou com ela uma mensagem.
"Minha filha, os tempos são muito ruins. Vão chover desgraças sobre a França. O trono será derrubado. O mundo inteiro será atingido por calamidades de todo tipo.
- Quando a Virgem dizia isto, refere Catarina, demonstrava muita pena -
Vem aos pés deste altar onde serão derramadas abundantes graças sobre aqueles que as pedirem com fevor; serão dadas aos ricos e aos pobres.
Novamente virá um momento de grande perigo, tudo parecerá perdido. Mas confia. eu estarei contigo. Haverá vítimias nas comunidades e no clero de Paris;
- Nessa altura, a Virgem chorava -
o arcebispo morrerá.
Minha filha, a cruz será desprezada, o sangue correrá pelas ruas... -aqui suas palavras ganham em dramatismo, e vão emundecendo por causa da dor -, o mundo inteiro será invadido pela tristeza."
Catarina fica estarrecida; pergunta-se quando acontecerá tudo... Uma voz interior - já não a Virgem, em silêncio - responde-lhe: "Quarenta anos e dez e depois a paz."
Segunda Aparição da Virgem
Medalha Milagrosa