1 - AS ORIGENS DO CANGAÇO
Adaptado do livro Reminiscências escrito por Dagoberto em 1984 As causas de ordem sociológica, educacional, econômica, política, ambiental - e o próprio biotipo do sertanejo - concorreram para o surgimento, no Nordeste, dos tão temidos cangaceiros. No Rio Grande do Norte atuaram alguns bandos, sendo os mais famosos os de Lampião e Antônio Silvino.
Na nossa narração, vamos nos deter na figura de Antônio Silvino, conhecido nos sertões de Pernambuco, da Paraíba, do Rio Grande do Norte e do Ceará como o "homem do rifle de ouro". Luís da Câmara Cascudo diz que Né Batista, filho de Bastião do Pajeú, tomou o nome de Antônio Silvino em homenagem a seu mestre de lutas, Silvino Aires".
Sobre o cangaceiro Antônio Silvino, surgiram no sertão lendas as mais diversas. Embora acoitado por muitos fazendeiros e temido por outros, sua presença nos povoados gerava grande confusão. Portas e janelas eram fechadas e homens, mulheres e crianças corriam a se esconder no mato. As estórias que se contam são horríveis, mas, embora Antônio Silvino gostasse de fazer justiça pelas próprias mãos, possuía também o seu lado dócil e generoso.
Severino Barbosa, em seu livro "Antônio Silvino, o Rifle de Ouro", cita Câmara Cascudo na descrição que faz do cangaceiro:
"Destemido e ágil, chefiando um bando de criminosos afoitos e famanazes, Cocada, Pilão Deitado, Tempestade, Ventania, Serrote, Moita Brava, Azulão, Rio Preto, Gato Brabo, Nevoeiro, Barra Nova, Relâmpago, Cobra Verde e vinte outros renovados constantemente, mata, depreda, incendeia, assaltando vilas, povoações e fazendas, destruindo as repartições públicas e as propriedades particulares, abatendo os rebanhos, soltando os presos da cadeia local, distribuindo, nas praças e pátios das igrejas, fazendas e barris de níqueis dos estabelecimentos saqueados.
Tem, vez por outra, atitudes cavalheirescas, gestos de generosidade, poupando adversários valentes, respeitando damas e donzelas, velhos, crianças e doentes,- a honra da mulher casada, no acatamento às matronas sertanejas. Possui, decorrentemente, amigos que o defendem e prezam a sua amizade, evocando as ações dignas de memória. Por isso, mantém admiradores."
Muito bem escreveu Severino Barbosa quando diz que Antônio Silvino nasceu com o estigma dos criminosos e que a marca da morte ele trouxe da infância:
"Em pequeno eu só brincava
Com menino muito mau;
Não brinquei nunca com gaita,
Com carrinho ou berimbau,
O meu brinquedo era faca,
Ou espingarda de pau."
Não perca os outros capítulos
de "Felu e o Cangaço":
2 - Antônio Silvino Interpela a
Menina Olga Lamartine
3 - Felu Resolve Combater Antônio
Silvino
4 - O Encontro Frustrado e a Retirada de Antônio Silvino
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