Do-in, Shiatsu e Acupuntura nas LER/DORT
As práticas derivadas da Medicina
Tradicional Chinesa - MTC, como a Acupuntura e as massagens orientais (por
exemplo, o Do-In e o Shiatsu do Japão), gozam de grande aceitação no mundo
ocidental há várias décadas, por sua reconhecida eficácia na prevenção e
tratamento de doenças diversas, principalmente aquelas envolvendo sintomas
dolorosos em geral. Explicando o termo Do-In: Do significa
abrir caminhos para facilitar o movimento do Qi – Energia Vital-Sopro-Cósmico
– substância comum a todo ser vivo, segundo a MTC – ao longo de trajetos
específicos ou Canais de Energia, chamados de Meridianos. In designa mover e
conduzir os membros para tais efeitos. Sinteticamente, pode ser considerado um
sistema de auto-massagem, que estimula os pontos da pele onde se encontram os
meridianos, que estão ligados aos órgãos internos. Através de manobras como fricção,
percussão e movimentos do corpo, pode equilibrar-se o funcionamento orgânico,
regularizando o fluxo de Qi no organismo. A técnica utilizada na prevenção e
também para amenizar ou corrigir os desequilíbrios que causam dores, ansiedade
e stress. Shiatsu é um termo composto de Shi,
traduzido como dedo e Atsu, pressão e é definido como formação de manipulação
realizada com os polegares, dedos e as palmas das mãos, administradas por um
terapeuta especializado, para aplicar essa técnica no percurso dos canais
medianos, a fim de promover, manter a saúde e tratar enfermidades específicas. Tais recursos estimularam muitos
profissionais da área de saúde a incluírem estas atividades não somente em
consultórios privados, como também em hospitais e serviços de saúde pública,
onde existem ambulatórios de acupuntura e massagem oriental com demanda
considerável por parte da população. A Organização Mundial de Saúde
recomenda estas práticas enquanto Terapias Complementares à medicina ortodoxa
por seu efetivo valor, baixo custo de implementação e em razão disto, têm
sido objeto de pesquisa em universidades e círculos científicos. Várias estudos do gênero indicam que a
Acupuntura e afins promovem influência significativa sobre o Sistema Nervoso (SN)
como um todo. Através de mecanismos fisiológicos que são engendrados a partir
dos estímulos sobre a pele, o SN Periférico encaminha estas informações ao
SN Central (cérebro e medula espinhal), onde são elaboradas complexas reações
neurológicas e bioquímicas. Substâncias como a endorfina, enfalina e
outras são liberadas no cérebro, constituindo-se numa verdadeira “farmácia”
do corpo que atua na diminuição das dores, com efeitos antitérmico,
antinflamatório e conseqüentemente, visando o fortalecimento do Sistema Imunológico
e promoção do equilíbrio no organismo, o que permite entender como estas
terapias podem atuar de forma eficaz sobre muitas questões, como em distúrbios
emocionais, dependência de drogas, Lesões Por Esforços Repetitivos - LER ou
Distúrbios Ocupacionais Relacionados ao Trabalho - DORT, manifestação
importante no momento atual. A propósito, no emprego destes recursos
terapêuticos, nas manifestações de LER/DORT, constatamos resultados
excelentes nos estágios patológicos I e II (funcionais), ou seja, envolvendo
sintomas de peso, desconforto, dores ocasionais ou contínuas (com irradiação
de sensações como formigamento, entre outras, nos membros afetados) que
progressivamente interferem na produtividade. Na medida em que estás ocorrências
compreendem processos inflamatórios leves afetando, por exemplo, músculos e
tendões, como em casos de tendinite, bursite e tenossinovite, a eficácia da
Acupuntura e da massagem oriental é muito significativa. Entretanto, observamos também que tais
resultados são mais eficazes e duradouros, quando medidas preventivas,
associadas às causas destas enfermidades – como a organização do ambiente
de trabalho (adequação de horários na atividade/repouso, rotatividade de funções,
respeito aos princípios ergonômicos ou da adaptação dos instrumentos de
trabalho ao trabalhador e não o seu oposto) – são aliadas ao treinamento
contínuo destas práticas corporais, entre outras opções de ginástica
laboral. Já nos estágios III e IV (crônico-degenerativo),
isto é que acarretam lesões estruturais, com os sintomas mais intensos, contínuos
e até mesmo insuportáveis, havendo perda de força muscular e coordenação
motora, rigidez, inchaço, atrofia, paralisia e deformidade, o que
evidentemente, não só diminui, como muitas vezes determina a invalidez
permanente e o afastamento definitivo do trabalho, com múltiplos prejuízos ao
trabalhador e á empresa, o uso destas práticas terapêuticas são de caráter
mais reservado, atuando como paliativos ou coadjuvantes em intervenções
enquanto medidas cirúrgicas, fisioterapêuticas etc, no que diz respeito ao alívio
da dor e para deter a evolução das lesões. Todavia, não propiciam a remissão
das mesmas. Parafraseando os mestres chineses, se o
melhor remédio é a prevenção, devemos, se não evitar, tratar os problemas
quando ainda são insignificantes, ou seja, no início. No âmbito das grandes transformações
que ocorrem hoje em dia – como a globalização e a conseqüente reorganização
internacional da divisão do trabalho, o incremento de novas tecnologias, a
demanda pela qualidade, a instabilidade do mercado, o acirramento da
competitividade e desemprego – a questão da LER/DORT, entre outros distúrbios
ocupacionais, deve assumir importância considerável a todos os setores
envolvidos (empresas/sindicatos/governo e sobretudo aos portadores e candidatos
a), pois todos estes fatores se constituem em fontes de stress que podem
aumentar em muito a sua incidência, sem deixar de incluir a organização do
trabalho, o ambiente social das empresas e o estilo de vida das pessoas
envolvidas nestas contingências. Tais fatos engendram um enfrentamento
conjunto e global destas questões. Acreditamos que a crescente conscientização
de todos os envolvidos se concretizem na adoção de medidas nas áreas
educacional/saúde/jurídica/política com abordagem interdisciplinar e
implementação de medidas preventivas, como já enfatizamos anteriormente.
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