O
que são
Lesões
por Esforços Repetitivos (LER) / Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho
(DORT)
Maria José O'Neill
As
LER / DORT — Lesões por Esforços Repetitivos / Distúrbios Osteomusculares
Relacionados ao Trabalho — abrangem diversas patologias, sendo as mais
conhecidas a tenossinovite, a tendinite e a bursite, entre outras que atingem
milhares de trabalhadores.
Tive
de lidar com o preconceito que existe contra os portadores de LER, devido à sua
invisiblidade nos primeiros estágios. Preocupada com o problema, resolvi há 5
anos começar a pesquisar o tema e publiquei o primeiro ensaio “Quando a
Direita Vacilou”, em 1998. Em breve lançarei “LER / DORT – O
desafio de vencer”.
O
Programa Nacional de Prevenção às LER / DORT tem como objetivo
conscientizar a sociedade brasileira para a importância dessas doenças e,
através da realização de uma série de eventos em todo o País, levar a
sociedade ao debate a respeito desse importante tema.
Segunda
causa de afastamento do trabalho no Brasil, somente nos últimos cinco anos
foram abertas 532.434 CATs (Comunicação de Acidente de Trabalho) geradas pelas
LER / DORT — sem contar os trabalhadores que pleiteiam na Justiça o
reconhecimento do nexo causal, em milhares de ações movidas em todo o País. A
cada 100 trabalhadores na região Sudeste, por exemplo, um é portador de Lesões
por Esforços Repetitivos.
As
LER / DORT atingem o trabalhador no auge de sua produtividade e experiência
profissional. Existe maior incidência na faixa etária de 30 a 40 anos, e as
mulheres são as mais atingidas.
26,2%
dos funcionários do Banco do Brasil estão apresentando algum sintoma de DORT,
de acordo com o exame periódico realizado em 1998 pela Cassi.
As
categorias profissionais que encabeçam as estatísticas são bancários,
digitadores, operadores de linha de montagem, operadores de telemarketing secretárias,
jornalistas, entre outros.
Somente
no primeiro ano de afastamento do funcionário, as empresas gastam cerca de R$
89.000,00 (oitenta e nove mil reais).
A
única saída que temos é agir como nos Estados Unidos que, em 1995, fizeram
campanha de prevenção e conscientização sobre o problema. Há que se pensar
em termos empresarias e humanos. Os empresários precisam repensar a política
de recursos humanos das entidades pois, ao implantar um programa de prevenção,
estarão proporcionando uma melhor qualidade de vida para os seus funcionários
e obtendo diminuição no número de casos.
A
única arma que temos para lidar com este grave problema é a prevenção. É
hora de mudarmos o comportamento, é tempo de unirmos os empresários, os
trabalhadores e o governo numa só ação integrada. A prevenção é a nossa saída
para o problema das LER / DORT. Precisamos mudar, prevenir e evitar que o
trabalhador torne-se um lesionado. As empresas economizarão, o trabalhador terá
melhor qualidade de vida laborativa e o INSS não terá o número de pessoas que
possui atualmente em auxilio previdenciário.
O portador de LER poderá ser
reaproveitado em outra função, pois, com o conhecimento que tem da empresa
onde trabalha, sentir-se-á útil e economizará ao empresário o treinamento de
um novo funcionário.
A
melhor forma de lidar com as LER é a prevenção e, se detetada, tratar o
portador e criar condições para o seu retorno ao trabalho.
Existem
novos tratamentos, tanto na medicina clássica como a Mesoterapia, utilizada em
lesionados sem múltiplas lesôes. Em nível de Terapias Complementares também
existem tratamentos como Do-in, Shiatsu., Acupuntura. Nesta minha jornada acabei
aprendendo a conviver com uma realidade: o tratamento da LER / DORT é
multidisciplinar .
Há
que se ter vontade de melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores brasileiros
e, com isto, resgatar sua cidadania, sendo atingida pelas péssimas condições
de trabalho oferecidas por muitas empresas.
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