DEBATE1 em cada 100 trabalhadores tem LER/Dort em SP, diz OMSCombate às lesões do trabalho exige informação e parceriada Reportagem Local Sem informação e sem uma parceria entre trabalhadores, empresários e governo não haverá como controlar a "epidemia" das doenças por esforço repetitivo e os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho. Nos EUA, o número de casos notificados aumenta 10% a cada ano. O crescimento das LER/Dort — como são chamadas as doenças — e a necessidade de investir em prevenção foram a tônica do debate promovido pela Folha na semana passada. O evento teve o apoio do Programa Nacional de Prevenção às LER/Dort. Maria José O'Neill, coordenadora do programa e uma das vítimas da doença, disse que as LER/ Dort são a segunda causa de afastamento do trabalho. Segundo ela, pesquisa da Organização Mundial da Saúde mostrou que 1 em cada 100 trabalhadores do Estado de São Paulo apresenta sintomas da doença. Entre os 71 mil funcionários do Banco do Brasil, 26,2% sofrem desse mal. Maria José O'Neill lembrou que as LER/Dort têm causas múltiplas, o que muitas vezes dificulta ligá-las diretamente ao trabalho. Arnaldo Zumiotti, professor da Faculdade de Medicina da USP, médico do Hospital Sírio-Libanês e especialista no assunto, observou que o fato de a lesão estar ligada ao trabalho — com componentes como a pressão patronal — acaba dificultando o tratamento. "É uma doença que extrapola o consultório médico", disse. Cláudio Duarte da Fonseca, secretário de Políticas de Saúde do Ministério da Saúde, disse que as LER/Dort são uma "patologia social" que devem ser vistas além das características do paciente. (Folha de S. Paulo, 29/02/2000) |