Crescem acidentes fatais no trabalhoSão Paulo, 3 de maio de 2000 - Os acidentes fatais no trabalho voltaram a crescer no País. Segundo dados divulgados ontem pelo ministro da Saúde, José Serra, foram registrados 3,7 mil óbitos em ambientes de trabalho. O número supera em 900 casos as mortes notificadas em 1997. Naquele ano, o ministério registrou 401 mil acidentes de trabalho. 'E acreditamos que há uma enorme subnotificação. Dependendo da região do País, e da parcela da população trabalhadora, os números poderiam ser duplicados ou triplicados', diz o ministro José Serra. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (Pnad) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a População Economicamente Ativa (PEA) em 1998 era formada por 75,2 milhões de trabalhadores. Destes, apenas 36 milhões eram considerados empregados e 22 milhões eram segurados pelo Seguro de Acidentes de Trabalho da Previdência Social. 'Só analisando esses números dá para entender o porquê da subnotificação', diz José Serra. Nos últimos anos, o governo vem verificando uma queda acentuada dos acidentes relacionados ao ambiente de trabalho. No início dos anos 80, eram registrados 167 acidentes para cada grupo de 100 mil trabalhadores. Hoje, a proporção está em 16 casos para 100 mil funcionários. O único item a apresentar evolução é o que diz respeito às doenças profissionais. Entre 1970 e 1985 existiam dois casos de doenças — a LER (Lesão por Esforço Repetitivo) representa 90% deste total — para um grupo de 10 mil trabalhadores. De 1986 a 1992, esse número pulou para 4 casos em 10 mil. Hoje, a proporção é de 14 casos a cada 10 mil funcionários. 'O quadro é dramático. Pode-se dizer que estamos com uma epidemia de LER', diz a coordenadora nacional do Programa Nacional de Prevenção à LER, Maria José O’Neill. (Gazeta Mercantil, 3/5/2000, pág. A8 — Carlos Rodrigues) |