Continuação

No Semente, um time de abnegados associados remou contra a maré em pleno cinturão verde do Rio, onde vizinhos agricultores plantavam legumes e verduras utilizando a tecnologia vigente (adubos químicos e venenos), e eram lesados pelas gangs de atravessadores e pela dependência dos preços indignos praticados pelo CEASA.

Para essa turma de jovens vindos da cidade, foi uma árdua tarefa convencer essas tradicionais famílias de agricultores a mudar seu modo de plantar. Uma remuneração mais digna e justa que passou a ser praticada pela Coonatura foi, sem dúvida nenhuma, um forte argumento nesse sentido.

No Semente, a Coonatura, em função do crescimento da demanda de alimentos puros, partiu em 1986 para o arrendamento de uma terra maior, na região vizinha conhecida como "Albertos". Hoje são mais de 15 famílias envolvidas no trabalho, não mais como meeiros (como funcionou durante algum tempo), mas como co-arrendadores, em sistema associativo.

Em janeiro de 1984, a Coonatura dá mais um passo rumo à meta de oferecer produtos idôneos e confiáveis em quantidade e qualidade: troca a sala da Pompeu Loureiro pela casa da Rua Hans Staden em Botafogo, onde em seus 2 andares pôde ser organizado o entreposto, biblioteca, feirinha, restaurante, cursos, palestras, etc., dando um grande incremento à sua vida social e cultural.

Foi também em 84 que surgiu o primeiro núcleo da Barra. E foram quatro os núcleos que a Coonatura acabou, sucessivamente, tendo neste bairro.

Em 1993 a Coonatura dá mais outro passo em direção ao crescimento: aluga um grande galpão no bairro industrial de São Cristóvão, centralizando estoque e atacado, e abrindo o serviço de entrega domiciliar. Para coroar este passo, foi aprovado um projeto junto ao Fundo Interreligioso Contra a Fome (valeu, Betinho!!!) que presenteou a Coonatura com uma câmara frigorífica que hoje possibilita um maior aproveitamento dos alimentos.

No ano seguinte a Coonatura arrendou da ABIO (Associação dos Agricultores Biológicos do RJ) um box na Cobal do Humaitá em Botafogo, e convidou a mesma ABIO para criar a Feira Ecológica da Glória, na Praça do Russel, no Flamengo.

Todas essas atividades no setor de alimentos foi sendo sempre desenvolvida paralelamente à militância ecológica. Quem lembra do evento "Conclave do Sol", onde a cantora Joan Baez foi proibida de cantar pela repressão policial da ditadura militar? Ou das caravanas ciclísticas anti-nucleares, onde numa delas, em Resende, uma bomba foi explodida na Prefeitura, que havia apoiado o evento ?

E isto é um pouco da história da Coonatura.

É claro que nem tudo na vida são flores, e aqui só contamos as flores. A parte chata você vai ver no link "SOS Coonatura".

Mas mesmo assim, entre altos e baixos, entre mortos e feridos, a Coonatura resiste e tem cumprido a sua missão de produzir alimentos saudáveis, de divulgar a Ecologia, a Alimentação Natural, a Agricultura Ecológica e as Terapias Alternativas, fomentando relações humanas mais éticas e mais dignas.