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Na trilha do pingüim

O Linux conquista cada vez mais pequenas e médias empresas e abre um promissor mercado de trabalho. Como de costume, faltam profissionais e sobram oportunidades

Para muita gente, aprender Linux mereceria um rito de passagem. Como numa tribo ou seita, os profissionais que entram nela têm prazer em exibir seu pingüim de pelúcia como um troféu ou até comprar adesivos do bichinho vestido – veja só - de super-herói. Mais do que uma paixão, aprender o sistema operacional está se tornando também um bom investimento na carreira. Para euforia dos Linux-maníacos, cada vez mais empresas querem descobrir o que é que o pingüim tem.

Já há exemplos de companhias que migraram de sistemas operacionais consagrados, como o Windows NT, para o Linux. Algumas levam a mudança às últimas conseqüências, descartando totalmente os produtos anteriores, enquanto outras preferem o modelo de multiplataforma. Segundo Rogério Brito, consultor autônomo de Linux, o mercado está caminhando mesmo para a tecnologia de código aberto.



" A tendência de migração para Linux não parece ser um modismo "




- Conheço diversas empresas que fizeram essa migração. Muitas delas usam Linux quase exclusivamente, inclusive para usuários finais. E essa tendência não parece ser um modismo – diz Brito, que também é certificado pela Conectiva, o principal distribuidor brasileiro do pingüim.

Mehran Misaghi, professor de Informática da Sociedade Educacional de Santa Catarina (Sociesc) e antigo administrador de rede da instituição, é outro defensor do Linux. Em sua opinião, quem quer continuar no mercado tem de abrir seus horizontes. Para ele, obviamente, isso se traduz em utilizar o sistema operacional.

- Hoje o mercado está voltado para Linux. Não é que os profissionais especializados em produtos da Microsoft e em outras tecnologias pagas tenham perdido valor, mas que eles têm que se renovar, digamos assim – sugere Misaghi.

Um contra-argumento a isso é que, apesar de muitas empresas terem mudado sua plataforma, elas são ainda muito poucas dentro de um universo dominado pelos gigantes do software. Se você fosse um empresário ou gerente de TI, também teria uma outra questão para responder: como migrar, se não há profissionais suficientes no mercado prontos para trabalhar com essa tecnologia?

- Esse é, de fato, um dos motivos que impedem muitas empresas de mudar. Não há massa de gente que saiba Linux – afirma Juscelino Brixi, diretor-executivo do centro de treinamento Novintec, em Brasília, ligado à Conectiva.



" Não há uma massa de profissionais que saibam Linux, o que desencoraja muitas empresas "




A questão da mão-de-obra qualificada pode ser ainda mais grave. Segundo Misaghi, o problema não é só encontrar profissionais que dominem Linux, e sim aqueles que saibam unir esse conhecimento o de outras tecnologias. Se você vai migrar para um novo sistema, é porque veio de algum anterior, certo?

- Para fazer a mudança de plataforma de uma empresa, o profissional tem que conhecer bem os dois sistemas, e isso não é comum.

Cadê as mulheres?

Quem são essas pessoas que seguem a trilha do pingüim? Segundo Juscelino Brixi, a maioria das pessoas que buscam cursos de Linux está entrando no mercado agora.

- Mas há também os profissionais que se consideravam conhecedores da tecnologia e viram que precisavam se aperfeiçoar. A porcentagem de profissionais nesse caso é de 30% a 40% na Novintec.

O site da Conectiva tem uma lista dos profissionais certificados até agora. Dos cerca de 160, nenhuma mulher. Coincidência?

- Em todas as tecnologias, eu diria que é muito pequeno o público feminino certificado, mas não consigo relacionar isso com algo consistente. Na Novintec, por exemplo, são menos de 5% de mulheres nas turmas de Linux. Acho que a mulher é mais voltada para o lado macro das coisas, e não para a análise de sistemas micro – diz Brixi.

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