domingo 3.9.2000
1:29 04-09-2000
Domingo eu acordo ainda mais tarde, sem muita vontade de viajar. Descansar
Foi para isso que vim para cá? Para Vila Nova do Coito? Para Portugal? Não lembro mais.
Após o «pequeno almoço» vou para o quintal (já disse que tem piscina?), e fico sentado numa cadeirinha de sol, embaixo da sombra dum chorão (ei, o solzinho de ontem me deixou quase queimado e eu não vou arriscar): começo a ler Viagem a Portugal. E fico assim, admirando o céu azul, azul, tão azul, de fato, que lembro de um quadro do Fast Show (um programa humorístico da BBC que passava no Euro Channel) no qual a garota do tempo do «Channel 9» (uma paródia da TV do Leste Europeu), Paola Fisch, berrava: Scorchio! OK, essa referência deve ter derrubado 99% dos leitores but, what the heck, é a imagem que eu tenho ao procurar, desesperado, por uma nuvem.
Ando um pouquinho e tiro o chinelo para pisar na grama, na terra. E sinto uma coisa, uma espécie de onde de bem-estar subindo pela espinha. Oh, o Kazi, o cético profissional, com essa agora de pisar a terra e sentir «energias positivas»?? É, fazer o quê? Devo estar mesmo com saudades de casa
Fico nessa preguiça até a hora do almoço: frango assado com piri-piri e batatas fritas. Caseiro. Hummmmm. A sobremesa é arroz-doce, o original, dizem eles, e realmente diferente do daqui, mais saboroso e mais azedinho.
À tarde vou com Manoel de volta a Santarém, tentar comprar um mouse para ele e dar uma volta a pé pelo centro histórico da cidade. Show. Estacionamos na Praça de Sá Bandeira, junto à igreja XYZ (advinha se eu fui anotar o nome da maledeta) e seguimos pela Rua Capelo e Ivens. As fachadas já estão transfiguradas, as ruas aqui viraram comerciais e até os dois metros só se vê vitrines.
Andamos sem pressa, olhando os becos e vielas, como a Travessa do Froes, o Beco do Isaac, o Beco dos Fiéis de Deus, de onde fotografo o detalhe da águia (?) em cima da porta da igreja de 1861. Aliás, parece-me que em Portugal se houver mais de três casas aglomeradas em qualquer canto do país, uma delas é uma igreja, como aquela do Largo de Marvila ou aquela na qual está enterrado Pedro Álvares Cabral. A fé cristã das pessoas, mesmo as esclarecidas e mais novas, ainda persiste.
Vamos até um miradouro descendo a Rua Luís de Camões. Dali seguimos para uma das preciosidades de Santarém: a igreja de Santa Clara.
Primeiro eu dou a volta à igreja, pensando em vocês, fotografando para tentar passar uma idéia do que vi.
A igreja estava aberta (a porta me deu a impressão de ter sido colocada depois da igreja já estar lá há tempos), mas quase ninguém se encontrava nela. E ninguém rezando. Num dos cantos havia um marco que me pareceu um túmulo. O português castiço da placa parece querer dizer que é da Senhora Dona Infanta Leanora, filha do rei Aº terceiro. A inscrição acima do suposto túmulo diz 1634. Pode ser que a igreja seja ainda mais antiga. Intriga-me a decoração das colunas, já meio apagada. Mas não há tempo, não há guia, não há folheto. Tudo nessa minha vida portuguesa urge, e vamos embora.
Na saída, outra igreja, parecendo ainda mais antiga, mas vamos em direção a mais um observatório-cum-praça, de onde vemos o «comboio» (trem) na estação, as planícies cultivadas e os telhados portugueses do Ribatejo.
Voltamos à casa para apanhar a família de Manoel e seguimos para Lisboa, parando antes para tomar um suco de laranja em Cartaxo, na Martinica. Aliás, uma coisa que eu descobri logo e preciso me controlar: como eu quase não bebo bebida alcoólica e não tomo refrigerante por causa da gastrite, sou um consumidor de água mineral e suco de laranja. Só que laranja aqui não dá em árvore (hahahaha, que piada besta!). Um suco de laranja custa entre 280$00 e 350$00. Resultado, estou tomando mais água. Eles dizem que dá pra beber água da torneira sem stress, mas eu já ouvi uma história de alguém que foi a Paris e acreditou nesse papo
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